O anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% os produtos brasileiros exportados ao país provocou um isolamento do bolsonarismo na defesa da taxação contra o Brasil.
Enquanto o grupo tentou responsabilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Supremo Tribunal Federal (STF) na pessoa do ministro Alexandre de Moraes, alguns setores da economia mais ligados à direita, como o agronegócio na figura da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), demonstraram “preocupação”, defenderam “resposta firme” do Brasil e pediram “cautela” no diálogo.
“A nova alíquota produz reflexos diretos e atinge o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras”, expôs o pronunciamento da FPA.
Em outra reação diferente à do bolsonarismo, o presidente da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), Joaquim Passarinho (PL-PA), do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), disse ao Metrópoles ver “com tristeza” o anúncio da taxação e chamou a decisão de Trump de “exagero”.
“Vejo com tristeza, para a economia brasileira, nós, como um grande parceiro americano, dos Estados Unidos, acho que o presidente [Trump] exagera muitas vezes nesse tipo de colocação, até porque isso não faz mal só para a economia do Brasil, faz mal para a economia americana também”, declarou.
Passarinho defendeu que o governo Lula precisa de um interlocutor melhor com o governo norte-americano a fim de buscar uma saída. “O Brasil precisa melhorar o seu interlocutor para conversar, porque Trump já disse que se a gente igualar, ele aumenta, e isso não é bom para ninguém. Acho que independentemente de gostar ou não do presidente Trump, nós precisamos de interlocutores no cenário internacional”, argumentou.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirmou que a imposição de 50% de tarifas sobre o produto brasileiro por parte dos Estados Unidos foi recebida com preocupação e surpresa. Em nota compartilhada na quarta-feira (9/7), a instituição disse que não há fato econômico que justifique as taxas anunciadas por Trump.
Para a instituição, a prioridade deve ser intensificar a negociação com o governo de Donald Trump a fim de preservar a relação comercial histórica e complementar entre os países. Os EUA são, segundo a Confederação, o terceiro principal parceiro comercial do Brasil e o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira.
A Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) também citou “profunda preocupação” e declarou que a medida tem “potencial para causar impactos severos sobre empregos, produção, investimentos e cadeias produtivas integradas entre os dois países”.
A entidade que promove laços empresariais entre os dois países conclamou que os governos retornem “com urgência” para “um diálogo construtivo”.
O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está morando nos Estados Unidos, disse que nada disso ocorreria sob a presidência do pai e que a taxação é resultado dos “abusos” de Moraes.
Na nota divulgada, o parlamentar admite que participou de articulações que envolviam “respostas” ao Brasil.
“Nos últimos meses, temos mantido intenso diálogo com autoridades do governo do presidente Trump – sempre com o objetivo de apresentar, com precisão e documentos, a realidade que o Brasil vive hoje. A carta do presidente dos Estados Unidos apenas confirma o sucesso na transmissão daquilo que viemos apresentando com seriedade e responsabilidade”, diz Eduardo Bolsonaro em nota.
Eduardo também declarou que o presidente dos EUA entendeu que Alexandre de Moraes só pode agir com o respaldo de um “establishment político, empresarial e institucional que compactua com sua escalada autoritária”.
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