“Sou um novo homem. Aquele Francisco não existe mais.” A declaração é de Francisco de Assis Pereira, mais conhecido como Maníaco do Parque, em entrevista à psicóloga forense Simone Lopes Bravo. Condenado a 280 anos de prisão pelo assassinato de onze mulheres, Pereira está prestes a deixar o sistema prisional após cumprir os 30 anos máximos de pena permitidos pela legislação da época de sua sentença. A liberdade está prevista para 2028, sem direito a exames criminológicos, já que ele sairá direto do regime fechado para as ruas.
Entre 1997 e 1998, Pereira cometeu uma série de estupros e assassinatos nas imediações do Parque do Estado, na zona sul de São Paulo. Atraía vítimas com promessas falsas, como um convite para sessões de fotos, e as atacava em áreas isoladas do parque. Sua história marcou uma geração e estampou capas de jornais, tornando-se símbolo do medo nas grandes cidades brasileiras no fim dos anos 1990.
Hoje com sobrepeso e sem dentes, devido a uma rara condição genética chamada amelogênese imperfeita, o Maníaco divide cela com outros seis estupradores na Penitenciária de Iaras (SP). Segundo Simone Bravo, que transformou os encontros com ele no livro "Maníaco do Parque: A Loucura Lúcida", o detento afirma estar regenerado desde sua conversão religiosa em 1999.
Mas Francisco não é o único criminoso que caminha rumo à liberdade. Outros nomes que abalaram o Brasil com crimes bárbaros também estão em diferentes estágios de reintegração social. Abaixo, trouxemos onde estão e como vivem alguns deles:
Condenada por planejar o assassinato dos próprios pais em 2002, Suzane cumpre atualmente pena em regime aberto. Com 41 anos, casada e mãe, vive uma vida familiar no interior paulista e estuda Direito, numa tentativa de reconstrução pessoal e profissional.
Segundo o jornal online O Antagonista, a mudança de comportamento e o foco na rotina doméstica indicam um esforço de adaptação e, talvez, de apagamento do passado, ainda que a sombra do crime cometido siga presente no imaginário coletivo.
Conhecida pelo assassinato e esquartejamento do marido, o executivo Marcos Kitano Matsunaga, em 2012, Elize foi condenada a mais de 16 anos de prisão.
Desde 2022, vive em liberdade condicional e trabalha como motorista de aplicativo em Franca (SP). Também segundo reportagem do O Antagonista, para evitar ser reconhecida, usa máscaras e óculos escuros durante as corridas. Avaliações de clientes apontam uma média de 4,8 estrelas, sinal de esforço em manter uma nova imagem pública, sob outro nome: Elize Giacomini.
Responsável pela morte de Eloá Pimentel durante o sequestro que parou o país em 2008, Lindemberg Alves, natural de Patos-PB, cumpre pena de 39 anos no presídio de Tremembé (SP).
De acordo com o G1, ele tem obtido reduções de pena por bom comportamento, estudo e trabalho, como permite a Lei de Execução Penal. De 2021 a 2024, atuou dentro da prisão e até completou um curso de empreendedorismo pelo Sebrae. Ainda não há previsão para sua saída, mas os abatimentos já somam mais de 100 dias.
Com quase 700 anos de condenação por pelo menos 35 assassinatos, a maioria contra mulheres e pessoas em situação de rua, Tiago foi preso em 2014. Apesar da longa sentença, poderá sair em 2044, graças ao limite de 30 anos de prisão vigente à época dos crimes.
Atualmente com 36 anos, segundo o Metrópoles, ele vive em cela isolada no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia (GO). Sua trajetória de violência em série e confissões frias o colocaram no pódio dos assassinos mais cruéis da história criminal do país.
A perspectiva de reintegração desses criminosos à sociedade levanta muitos debates: ressocialização real ou risco anunciado? A mudança da lei em 2019, com o Pacote Anticrime, elevou o tempo máximo de reclusão de 30 para 40 anos, mas a regra não retroage, beneficiando condenados por crimes cometidos antes disso. Na prática, muitos dos protagonistas de tragédias recentes já têm data para retornar às ruas.
« Voltar