Abrir dois gols de vantagem com apenas oito minutos de jogo pode causar diferentes percepções. Uma delas é uma inquietação pela sensação de que o placar poderia ter sido maior. Esse é o caso da vitória do Flamengo em cima do Estudiantes, na noite da última quinta-feira no Maracanã.

O jogo terminou 2 a 1, com o gol argentino saindo já nos acréscimos do segundo tempo, que foi marcado pela polêmica expulsão de Plata. O resultado dá uma pequena vantagem na disputa pela vaga na semifinal da Libertadores, mas foi pouco para o que o Flamengo produziu.

Dizem que a primeira impressão é a que fica e, nesta ótica, é natural pensar que o Rubro-Negro deu boas esperanças com a atuação do primeiro tempo. Uma atuação imponente e avassaladora fez o time abrir o placar com apenas 15 segundos e controlar a partida já aos oito minutos, quando fez 2 a 0.

A atuação do primeiro tempo foi um lampejo do que se espera da melhor versão do Flamengo na temporada. Diferentemente do que acontece no Brasileirão, o time de Filipe Luís ainda busca o equilíbrio para traduzir a superioridade em vitórias tranquilas e incontestáveis na Libertadores.

Filipe Luís e Arrascaeta em Flamengo x Estudiantes — Foto: André Durão/ge

Avassalador em uma fração de segundos

Foram necessários apenas 15 segundos para o Flamengo balançar a rede. Já na saída de bola, o Rubro-Negro articulou o ataque com Pedro fazendo o pivô e recuperando a bola perto da meia-lua. O camisa 9 lançou para Plata, que invadiu a área e fez uma tabela com o atacante. Pedro girou na marcação adversária e marcou o gol. O Maracanã explodiu, e o time correspondeu mantendo a pressão nos minutos iniciais.

O segundo gol aconteceu com uma bela jogada coletiva de movimentação pelo lado esquerdo até Varela colocar a bola na rede. Samuel Lino achou Ayrton Lucas, e o lateral fez um lindo cruzamento para a outra ponta da área. O uruguaio pegou de voleio e marcou o segundo gol do Flamengo, com 8 minutos de jogo. Antes deste lance, Saúl arriscou um bom chute de fora da área e a bola passou muito perto do ângulo direito do gol do Estudiantes.

Pedro comemorando o gol em Flamengo x Estudiantes — Foto: André Durão/ge

O Flamengo não diminuiu a pressão e continuou controlando a partida. A escalação - sem surpresas - de Filipe Luís funcionou e a apresentação coletiva foi de chamar a atenção na primeira etapa. Boas recuperações de bola, triangulações e jogadas de profundidade. Enquanto isso, a defesa praticamente não trabalhou. Houve apenas uma chance que causou um leve susto, em cabeçada de Carrillo.

O Flamengo teve pelo menos outras quatro chances de ampliar o placar no primeiro tempo. Aos 12 minutos, Pedro arriscou do meio-campo quando viu o goleiro Muslera adiantado, mas a bola saiu por cima do gol.

O camisa 9 quase marcou outro golaço após um passe de Arrascaeta. O uruguaio achou o atacante, que driblou mais uma vez a marcação na área, e finalizou cara a cara com o goleiro. A defesa milagrosa segurou o placar.

Varela e Arrascaeta na comemoração do gol em Flamengo x Estudiantes — Foto: André Durão/ge

Aos 28, Lino finalizou de primeira e a bola passou muito perto da trave direita do Estudiantes. Minutos depois, o atacante recebeu um passe de Arrascaeta e achou Plata. O equatoriano invadiu a área e arriscou uma cavadinha, mas a bola foi para fora.

O Flamengo foi para o intervalo com a vantagem de 2 a 0, mas com a sensação de que poderia já ter resolvido a partida. O Rubro-Negro terminou a primeira etapa com 66% de posse de bola e 10 finalizações - três no alvo e cinco para fora.

Queda de ritmo e castigo no fim

O Flamengo voltou para o segundo tempo com a clara missão de ampliar o placar e aplicou a mesma pressão que costuma fazer nos minutos iniciais. Aos cinco minutos, já havia tido pelo menos duas boas chances. Lino finalizou cara a cara com o goleiro e perdeu a oportunidade de ampliar o placar. Logo depois, Plata recebeu de Pedro, mas chutou bem fraco e praticamente sem perigo.

Pedro diz que não esperava que Flamengo tomasse um gol em casa: "Agora é ir para a Argentina e jogar para ganhar"

Por outro lado, o Estudiantes passou a se arriscar mais do que no primeiro tempo em busca de um gol para deixar a decisão mais em aberto para o jogo de volta. Mesmo assim, pouco assustou Rossi nas investidas ao longo da segunda etapa.

Aos 18 minutos, Filipe Luís fez a primeira mudança, colocando Allan no lugar de Saúl. A mudança deu maior liberdade para De la Cruz ajudar Arrascaeta na criação de jogadas no meio. Mas, aos poucos, o Flamengo foi perdendo volume de jogo e criando menos chances.

Filipe Luís mudou outras duas peças na sequência: Pedro e Arrascaeta deixaram o campo para as entradas de Bruno Henrique e Luiz Araújo. As substituições do Estudiantes surtiram efeito e o Flamengo demorou a se encontrar em campo.

Pênalti pedido e expulsão: veja as polêmicas de Flamengo x Estudiantes

Aos 36 minutos, o final de jogo ganhou contornos de apreensão para os torcedores do Flamengo. Plata acabou expulso ao receber o segundo cartão amarelo depois de levar um chute em um lance na entrada da área com o jogador do Estudiantes - o juiz entendeu que a falta foi do rubro-negro. O cartão vermelho causou polêmica e deu um clima de tensão na reta final.

Depois de ficar com um a menos, Filipe Luís tirou Samuel Lino para a entrada de Danilo. O Estudiantes se lançou para o ataque nos minutos finais. Aos 44 minutos, Rossi fez grande defesa em cabeçada de Carrilo. Na sequência, o centroavante argentino aproveitou bola na segunda trave para bater de primeira e diminuir o placar. Na súmula, o árbitro considerou o desvio em Léo Pereira como determinante e deu o gol contra do zagueiro.

Depois dos oito minutos a avassaladores e um primeiro tempo com gosto de "quero mais", o Flamengo deixou o Maracanã com um sabor amargo de quem poderia saído do jogo praticamente classificado, em situação ainda mais confortável para a segunda e decisiva partida.