O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), criticou nesta terça-feira (29) a decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. A manifestação ocorreu durante a 6ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamento, em Genebra, na Suíça, diante de chefes de delegações de vários países e representantes da União Interparlamentar.
A crítica foi feita ao comentar a recente aprovação da Lei de Reciprocidade Econômica pelo Congresso Nacional. Segundo Hugo Motta, a medida fornece ao Brasil “ferramentas adequadas” para enfrentar “práticas discriminatórias” como a adotada pelo governo do presidente Donald Trump.
“No domínio comercial, aprovamos a Lei de Reciprocidade Econômica. Com ela, o Brasil tem ferramentas adequadas para responder a práticas discriminatórias em relação aos produtos brasileiros. É uma resposta serena, mas firme, em linha com a nossa profunda preocupação com o uso de medidas comerciais unilaterais para fins protecionistas e para ingerência em assuntos internos de outros países”, afirmou.
O novo pacote de tarifas anunciado por Trump atinge diretamente setores estratégicos da economia brasileira, como o aço, o alumínio e o agronegócio. A medida tem provocado reações de diversos setores do governo e do Legislativo, que buscam alternativas para proteger a produção nacional.
Durante a conferência, Hugo Motta também destacou outros temas da agenda legislativa brasileira, como a transição energética, a regulamentação da inteligência artificial e o papel do Parlamento na construção de um sistema internacional mais equilibrado.
Confira o discurso completo de Hugo Motta:
Senhora Tulia Ackson, Presidente da União Interparlamentar, na pessoa de quem cumprimento a todos da mesa,
Senhoras e Senhores Presidentes de Parlamentos e demais Chefes de delegação, Representantes Permanentes e outros atores diplomáticos,
Senhoras e Senhores,
É uma imensa satisfação representar o Parlamento do Brasilnesta 6ª Conferência Mundial de Presidentes de Parlamento, em Genebra, cidade-símbolo da cooperação internacional.
No ano em que celebramos os oitenta anos do fim da Segunda Guerra Mundial e da criação das Nações Unidas, o contexto internacional está marcado por crescentes tensões geopolíticas, intolerância, protecionismo e enfraquecimento do multilateralismo.
Enfrentamos, ao mesmo tempo, os desafios existenciais da mudança do clima e da vertiginosa digitalização da vida.
Esse contexto e esses desafios requerem mais – e não menos –diálogo.
Mais – e não menos – cooperação.
Mais – e não menos – diplomacia.
Requerem também uma renovação das instituições internacionais, para que sejam mais representativas, eficientes e eficazes para todos.
Senhoras e Senhores,
A Câmara dos Deputados do Brasil tem-se dedicado a uma agenda legislativa que responde aos desafios do nosso tempo.
Em matéria de sustentabilidade,estamos comprometidos com a transição energética e metas ambiciosas de descarbonização.
Aprovamos marcos históricos como as leis do Hidrogênio Verde, do Combustível do Futuro, do Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa, da Mobilidade Sustentável, da Adaptação Climática e da Energia Offshore.
A COP30, que o Brasil, junto com a ONU, terá a honra de sediar na cidade de Belém do Pará em novembro, será ocasião para mostrarmos ao mundo, uma vez mais, o papel central do Parlamento brasileiro na agenda do desenvolvimento sustentável.
Esperamos anunciar em breve os detalhes sobre reunião parlamentar no contexto da COP30, em parceria com a União Interparlamentar.
No mundo digital, o Parlamento brasileiro avança no debate do projeto de lei sobre inteligência artificial, a fim de promover a inovação, salvaguardar direitos e mitigar riscos no seu uso.
Outras propostas em tramitaçãovisam a proteger crianças e adolescentes, prevenir crimes com uso de inteligência artificial e promover o uso consciente das tecnologias digitais.
No domínio comercial, aprovamos a Lei de Reciprocidade Econômica.
Com ela, o Brasil tem ferramentas adequadas para responder a práticas discriminatórias em relação aos produtos brasileiros.
É uma resposta serena, mas firme, em linha com a nossa profunda preocupação com o uso de medidas comerciais unilaterais para fins protecionistas e para ingerência emassuntos internos de outros países.
Senhoras e Senhores,
A diplomacia parlamentar está entre as prioridades do Parlamento brasileiro.
Em 2024, o Brasil, em parceria com a União Interparlamentar, realizou a Décima Cúpula do P20 – a reunião dos Parlamentos do G20. Pela primeira vez, promovemos uma Reunião de Mulheres Parlamentares do P20.
Em junho de 2025, sediamos o Fórum Parlamentar do BRICS, fortalecendo a cooperação parlamentar e ampliando a representatividade do Sul Global.
Senhoras e Senhores,
Os Parlamentos têm uma missão crucial nesta complexa conjuntura internacional.
Temos a responsabilidade de assegurar que nossos respectivos governos nacionais respeitem a Carta das Nações Unidas, redobrem esforços para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e trabalhem pela implementação do Pacto para o Futuro, recentemente adotado pela Assembleia Geral da ONU.
Como principais guardiões da democracia em nossos países, temos de ser também os arquitetos de um futuro em que a razão deve prevalecer sobre a força, em que o entendimento deve substituir a confrontação, em que construamos pontes e não muros.
Desta Conferência, levemos a certeza de que, juntos, podemos fazer um mundo pacífico, resiliente, justo e sustentável para o benefício de cada nação e de todos os cidadãos que representamos.
Muito obrigado.
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