Todas as noites, uma bandeja com carne e frutas é colocada às 19h30 no pátio da Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, encravada em uma reserva de Mata Atlântica, na Região Central de Minas Gerais, a 120 quilômetros de Belo Horizonte.
Poucos minutos depois, surge nas escadas um lobo-guará. O animal é descendente daquele que, em 1982, passou a visitar o Santuário da Serra do Caraça, todas as noites, graças ao então responsável pelo lugar, padre Tobias Zico. (leia mais abaixo)
Desde então, lobos-guarás visitam diariamente o local e podem ser vistos pelos turistas. Esse momento ficou conhecido como a "Hora do Lobo", parte da história de 250 anos do santuário, completados em 2024. Com 11.233 hectares, a propriedade da Província Brasileira da Congregação da Missão, está entre as cidades de Catas Altas e Santa Bárbara, e é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN).
Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens — Foto: Giovani Rodrigues/Arquivo pessoal
🍉 O coordenador ambiental da reserva do Caraça, Douglas da Silva, contou que a prática de oferecer comida aos lobos-guarás começou em 1982, quando o padre Tobias Zico, então responsável pelo santuário, deixou que eles se habituassem na reserva.
🥑 Restos de alimentos nas lixeiras viraram chamarizes para os animais. A “visita” dos lobos foi nomeada a “Hora do Lobo”.
'Hora do Lobo': animal visita Santuário Serra do Caraça há mais de 40 anos — Foto: Giovani Rodrigues/Arquivo pessoal
🍗 Segundo Silva, são oferecidas carne de frango e frutas para os animais.
🐺 Hoje, as visitas são feitas por uma família: o macho, o Zico; a fêmea, a Sampaia; e dois filhotes, o Vicente e o Francisco. (leia mais abaixo)
Santuário Serra do Caraça está em meio à Mata Atlântica e recebe 'visitas' do lobo-guará — Foto: Arte/g1
🐺 E para preservar a espécie, existe o projeto “Turismo de observação do lobo-guará como ferramenta de conservação”.
🐺 Douglas da Silva contou que uma verba de compensação ambiental vinda do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), no valor de R$ 844 mil, está sendo investida na iniciativa durante dois anos.
🐺 Os dois animais adultos são monitorados por meio de colares com GPS, que registram a movimentação da alcateia.
“O objetivo é entender a dinâmica e se o que eles fazem pode interferir na vida deles”.
Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens, na Serra do Caraça, em Minas Gerais — Foto: Giovani Rodrigues/Arquivo pessoal
🐺 A bateria dos equipamentos dura por um ano e, quando acaba, um sistema é acionado e o colar, desprendido do pescoço do lobo.
"Se animal morrer ou ficar parado por muito tempo, por exemplo, dá um sinal e a equipe vai atrás para saber o que aconteceu”.
🐺 Silva falou ainda que eles são fotografados por câmeras e que os filhotes foram marcados com brinco na orelha direita.
Vicente 'visita' Santuário do Caraça — Foto: Giovani Rodrigues/Arquivo pessoal
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