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Análise: Flamengo de Filipe Luís prova que está à altura do futebol europeu

Por Globo Esporte   Quinta-Feira, 18 de Dezembro de 2025

Não foi desta vez que o sonho do bicampeonato mundial se concretizou, mas a trajetória do Flamengo na Copa Intercontinental é digna de orgulho. O time de Filipe Luís, derrotado pelo PSG (França) nos pênaltis após empate por 1 a 1, mostrou que é capaz de enfrentar um grande clube europeu. Terminou o tempo regulamentar e a prorrogação vivo e perto de um efeito histórico.

A derrota em um jogo deste tamanho dói. Talvez doa mais por causa do sentimento de que faltou pouco. Muito pouco. Um Flamengo que, no limite físico e mental, sai de cabeça erguida do torneio mundial disputado em Al Rayyan, no Catar. A entrega merece ser reconhecida pelos rubro-negros.

Filipe Luís revela conversa com elenco do Flamengo e explica por que PSG foi melhor

Filipe Luís revela conversa com elenco do Flamengo e explica por que PSG foi melhor

Aliás, o recorte deve ser ampliado. Não foi só um grande europeu que o Flamengo soube enfrentar. A caminhada até a final do Intercontinental passa pela Copa do Mundo de Clubes. Em junho, o Fla de Filipe Luís não se intimidou diante do Chelsea (Inglaterra) e foi dominante na vitória por 3 a 1. Na eliminação para o Bayern de Munique (Alemanha), pecou por erros individuais, mas foi corajoso e conseguiu jogar. Uma vitória, um empate e uma derrota contra times de outras prateleiras.

— Bayern, Chelsea e PSG são melhores do que o Flamengo. Não tenho problema em admitir isso. O vigor físico, a técnica, mas nós estamos entre os maiores orçamentos do mundo. Temos uma equipe que pode competir contra uma grande potência como é o PSG e o Bayern. Não há problema em admitir que eles são melhores. Mas, dentro da nossa realidade, do campeonato que nós disputamos, estamos um passo à frente, com alguns clubes chegando perto. Isso te possibilita lutar por títulos. Te possibilita ganhar uma Libertadores, um Brasileiro — analisou Filipe Luís.

 

PSG sofre para superar um Fla valente

 

Nesta quarta-feira, venceu o favorito, o time com maior investimento, com mais qualidade e que tirou o Flamengo do seu conforto no início do jogo. A promessa de Filipe Luís de manter o DNA rubro-negro não foi cumprida, mais por mérito do Paris. Com mais posse de bola e pressão na saída do Fla, o PSG forçou o erro dos brasileiros e dominou nos primeiros minutos. Nenhuma surpresa.

Rossi cometeu falha crucial em derrota do Flamengo — Foto: Tnani Badreddine/DeFodi Images/DeFodi via Getty Images

Rossi cometeu falha crucial em derrota do Flamengo — Foto: Tnani Badreddine/DeFodi Images/DeFodi via Getty Images

Flamengo demorou a se adaptar ao contexto da partida. Quando tentou sair jogando curto, se colocou em perigo. Elogiado pelo jogo com os pés, Rossi viveu noite desastrosa no Catar. Cedeu um gol (bem anulado) ao tentar evitar saída de bola para escanteio e falhou no gol de Kvaratskhelia, ao "ajeitar" cruzamento de Doué para o atacante abrir o placar, aos 37.

O argentino sentiu o peso da final, e a insegurança contaminou o Flamengo no primeiro tempo. Com o bloco baixo e recuperando poucas bolas, o time de Filipe Luís custou a encaixar a marcação. O Fla é uma equipe que tem dificuldades de defender sem a bola. Marcou mal a bola parada, deu espaços nas laterais e perdeu o meio-campo. Longe da equipe que controla os adversários, viu-se um Flamengo mais fechado e apostando na bola longa.

O problema é que o Flamengo, nas poucas vezes que teve a posse, não conseguiu reter a bola. Por causa da característica da partida, os jogadores mais técnicos — Arrascaeta e Carrascal — estavam inalcançáveis. O colombiano até teve espaço pela esquerda, mas sempre que recebia o passe era acompanhado por dois ou três jogadores do PSG, que a recuperavam rapidamente. Por alguns minutos, os franceses colocaram o time brasileiro na roda.

 

Arrascaeta apareceu pouco, mas foi decisivo para o Flamengo no tempo regulamentar — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

Arrascaeta apareceu pouco, mas foi decisivo para o Flamengo no tempo regulamentar — Foto: Gilvan de Souza/Flamengo

A evolução em relação ao jogo contra o Bayern, pela Copa do Mundo de Clubes, é que o Flamengo errou menos, com exceção das falhas de Rossi antes citadas. O time se adaptou ao domínio do PSG e, nos minutos finais do primeiro tempo, começou a se impor mais fisicamente e a ganhar mais divididas. Teve chances quando roubou a bola na frente, mas não conseguiu achar o último passe. As melhores chegadas foram com Pulgar, em chute e cabeceio para fora. Plata, taticamente, fez partida muito correta e ajudou na perseguição aos franceses.

Por outro lado, mesmo que tenha envolvido o time brasileiro, o PSG não chegou com tanta potência e, com as mãos, Rossi não foi acionado além do lance do gol. Se o primeiro tempo ficou longe do Flamengo dominante que se viu no Brasileirão e na Libertadores, a segunda etapa mostrou uma equipe mais equilibrada. Os ajustes e substituições de Filipe Luís mudaram o time. O Fla não conseguiu tirar a bola dos pés do adversário, mas diminuiu os espaços e neutralizou o Paris.

Flamengo passou a pressionar mais a saída de bola adversária, e o desconforto mudou de lado. Aos 15, o PSG se enrolou em uma cobrança de lateral, Arrascaeta invadiu a área e sofreu pênalti, convertido por Jorginho. O Fla soube proteger melhor sua área e se adaptou ao contexto do jogo. Conseguiu roubar mais bolas e criar chances.

 

Jogadores do Flamengo lamentam derrota para o PSG nos pênaltis — Foto: Karim Jaafar/AFP

Jogadores do Flamengo lamentam derrota para o PSG nos pênaltis — Foto: Karim Jaafar/AFP

Filipe Luís mostrou coragem em mudar completamente o meio-campo e jogar sem um camisa 10 de ofício e conseguiu encontrar espaços para incomodar o PSG. Porém, ao mesmo tempo que melhoraram, as substituições tiraram do time os principais cobradores de pênaltis. A equipe rubro-negra pagou por isso e perdeu quatro cobranças, mas teve chances reais de ganhar o jogo no tempo regulamentar.

— (O Flamengo) defende em qualquer tipo de campo, alto, baixo, time compacto, tem excelentes jogadores. Mentalidade de equipe parecida com PSG. Tivemos de bater no limite superior para bater o Flamengo. Filipe pode treinar qualquer equipe do mundo, é muito jovem. Uma equipe que jogou com a bola de maneira perfeita, que também jogou no espaço. São muito rápidos. Esteve num nível muito alto. Foi muito difícil, mas a mentalidade e a qualidade dos meus jogadores, de jogar um bom futebol... Primeiro tempo defensivo nosso foi incrível, pressionamos o tempo todo. Depois do pênalti, a partida ficou mais equilibrada. É parabenizar o Flamengo por toda a temporada — elogiou Luis Enrique, técnico espanhol do PSG.

— Tive a oportunidade de falar com os jogadores do Flamengo, de dar os parabéns. Estão em final de temporada e fizeram um jogo fantástico. Mesmo quando não conseguiam recuperar a bola, se defenderam muito bem. Eles têm muito mérito de levar a decisão para os pênaltis. O que eles fizeram aqui não é fácil, têm muito mérito. Parabéns ao Flamengo. Sabíamos que estariam entre os tops e estiveram. Dificultaram muito o jogo — completou Vitinha, eleito melhor jogador da Copa Intercontinental.

Apesar de dolorosa, a derrota não apaga o ano brilhante do Flamengo campeão brasileiro e da Libertadores, da melhor equipe sul-americana no enfrentamento com os europeus. Que passou por Cruz Azul (México) e Pyramids (Egito) e cumpriu sua obrigação na Copa Intercontinental. Filipe Luís é técnico do segundo melhor time do mundo.

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