Familiares de Neta, assassinada em Patos, pedem justiça para feminicídio sem julgamento há quase dois anos

Por Vicente Conserva - 40 graus Quinta-Feira, 28 de Agosto de 2025
Em ato organizado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Patos (CMDM), a sociedade civil organizada foi às ruas da Capital do Sertão, nesta quinta-feira, dia 28 de agosto, para dá um grito de basta ao feminicídio e contra a violência contra mulher.
Dezenas de representantes de entidades representativas de Patos, bem como estudantes de escolas e universidades da cidade, estiveram reunidos em frente ao Fórum Miguel Sátyro, no Centro, para se engajar na luta contra o feminicídio e nos diferentes crimes cometidos todos os dias contra as mulheres.
Com o lema "Por Ela, Por Todas – Por Justiça", a sociedade civil organizada de Patos expressou seu repúdio aos atos de violência contra a mulher que se repetem cada vez mais no país.
De acordo com a presidente do Conselho da Mulher, Samara Oliveira, a mobilização é um marco para cidade, mas é preciso um engajamento maior de todos para que este mal que só aumenta, com estatísticas preocupantes no Estado da Paraíba, seja extirpado do nosso meio.
“Sabemos que é uma luta árdua, mas temos certeza que se todos lutarem na linha de frente, homens e mulheres, poderemos vencer. Este dia é um dia de luta, não de celebrar conquistas, pois acima de tudo estamos reivindicando mais políticas públicas em favor das mulheres nas diferentes esferas”, expressou ela em seu discurso.
Segundo a presidente, o movimento busca chamar a atenção para a gravidade da violência de gênero no Brasil, país que ocupa a quinta posição no ranking mundial de assassinatos de mulheres.
O ato também denuncia a morosidade e o descumprimento das leis de proteção, defendendo que o feminicídio seja tratado como prioridade absoluta, sem burocracias que atrasem a aplicação da justiça.
Em sua fala, a pastora e conselheira da mulher, Joana Darc, conclamou que a sociedade se uma em prol da causa.
Já a juíza Isabela Joseane Assumpção Lopes de Souza, presidente Tribunal do Júri da Comarca de Patos, afirmou em seu pronunciamento que a luta é importante, mesmo que os casos só aumentem, pois dá a projeção da importância da mulher da sociedade, sendo uma luta de autoafirmação da mulher.
Outras autoridades estiveram presentes a exemplo da defensora pública, Fernanda Apolônio; promotor de Justiça, Rafael bandeira; da secretária da Mulher, Jéssica Alexandre; secretário da Juventude de Patos, Ulisses Neto, bem como representantes de entidades como CRAM, OAB, nas pessoas do presidente Cleodon Bezerra e Daniele Lucena, entre outras.
A comunidade escolar, através de alunos das escolas Millennium, Branca de Neve, Vera Cruz e Ágape, e ainda do curso de direito e responsabilidade social da UNIFIP e UFCG, levaram também sua mensagem de luta através de jovens que querem ter um futuro mais justo e de paz.
Ana livia - 2º ano médio - Colégio Agape
Emanuely Guedes Landim de Luna - 9º ano - Escola Millennium
Juliany Marques - 3º ano médio - Colégio Vera Cruz
Durante a manifestação em Patos, foi lembrada a memória de mulheres assassinadas, como Francinete Nunes dos Santos, conhecida por Neta, barbaramente assassinada no dia 8 de maio de 2024, em Patos, em cima de uma motocicleta a caminho do trabalho por seu ex-companheiro, que até hoje não foi julgado. Familiares e amigos estiveram presentes para pedir justiça, sendo a voz ecoando daquelas que não podem mais falar por si.
A filha dela, Alessandra Nunes, pediu justiça para morte da mãe e contou a todos do sofrimento vivido pela família pela morte da sua genitora que até hoje não teve caso julgado. "Não suportamos mais ter que conviver com essa dor. Pior é não ter uma resposta da Justiça", protestou ela.
“Feminicídio é urgência, não burocracia. Vamos às ruas exigir justiça e dizer basta à violência contra a mulher”, destaca o Conselho em sua convocação.
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