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O uso abusivo de drogas e as disfunções sexuais

Por Deusimar Wanderley - Psicólogo    Terça-Feira, 15 de Julho de 2025


Mesmo já tendo falado sobre este tema num passado reccente, volto a abordar o assunto à pedido de alguns leitores.

Ao longo da história e em diferentes sociedades, foram utilizadas drogas diversas com o intuito de “favorecer” e ou estimular a atividade sexual.

É comum, por exemplo, algumas pessoas afirmarem que consomem certas drogas porque estas as deixam mais sociáveis e desinibidas, e isto contribui para as mesmas consigam esquecer, mesmo que momentaneamente, os seus problemas.

Este “encorajamento”, normalmente provocado por substâncias psicoativas, deixa por vezes o usuário com a impressão de estar mais viril e com mais vigor para as atividades sexuais. Contudo, isso é mito, segundo afirmam vários tratados científicos, embora deva-se admitir que a crença e o fator psicológico possa de alguma forma ajudar emocionalmente a estas pessoas. O álcool, por exemplo, é uma substância que provoca desinibição, isto pode contribuir para a aproximação das pessoas, inclusive para a prática sexual, assim como outras drogas e substâncias que são consideradas afrodisíacas em algumas culturas.

Assim sendo, produtos como: misturas de certas ervas ou de raízes, folhas e frutos, extrato de insetos, pó de chifre de rinoceronte, ovos de codorna, alguns frutos do mar, entre tantos outros produtos, por vezes são consumidos com a crença que tal comportamento irá favorecer a atividade sexual. Mas, a maioria dos estudiosos desta temática não concorda com tais crenças, e afirmam que o consumo abusivo de drogas pode prejudicar a saúde sexual dos seres humanos.

Para melhor entendimento do porquê do surgimento de tais dificuldades para a prática sexual quando há este consórcio com as drogas, relatam os especialistas que: quando o cérebro está entorpecido pelos efeitos destas substâncias, esse não tem condições de comandar com exatidão a atividade biopsíquica do ser humano.

Por que isto acontece? Segundo esses estudiosos, dentro do cérebro humano está a hipófise, uma glândula que sob a influência dos estímulos externos, segrega o hormônio que irá pela circulação pôr em funcionamento o mecanismo da ereção masculina. Evidentemente a influência da carga interna fica amortecida ou entorpecida pela droga, como já citado, e, consequentemente, torna-se incapaz de estimular com perfeição uma função tão complexa que depende do bom equilíbrio do Sistema Nervoso Central. Portanto, tais pesquisadores chamam a atenção para o fato de que, mesmo sendo tais substâncias portadoras de efeitos desinibidores, estas podem reduzir consideravelmente a capacidade sexual dos seus usuários.

Pesquisas científicas indicam que, pacientes psiquiátricos tendem a ter mais frequentemente distúrbios sexuais que a sociedade em geral. E atestam ainda que, drogas psicotrópicas podem induzir esses distúrbios nessa população, reconhecidamente vulnerável, inclusive na esfera sexual.

É importante esclarecer que baixas doses de diferentes substâncias têm repercussão diversa das altas doses, bem como o uso agudo traz consequências nada semelhantes àquelas derivadas de uso crônico.

Dependentes de drogas comumente vivem experiências sexuais diferentes dos não usuários destas substâncias, dentre estas é comum a violência sexual para esconder medo ou senso de inadequação ou inferioridade, prostituição e outras formas de degradação sexual, embora tal fenômeno não seja exclusividade de usuários abusivos de drogas. Mas, é comum que este público, apresente comportamentos sexuais estereotipados, nos quais predomina a necessidade de transgredir. Uma vez que, nestes, geralmente o foco de atenção é sempre a droga, em detrimento de outras atividades, especialmente pela reduzida capacidade de desempenho sexual.

As disfunções sexuais originadas do uso de psicotrópicos são divididas tecnicamente em dois grupos: inibições sexuais (de desejo, de excitação, e de orgasmo) e exacerbações sexuais (do desejo, priapismo e ejaculação precoce). Esse tipo de disfunção sexual induzida por fármacos é caracterizado quando tal problema aparece enquanto o paciente está consumindo a droga e desaparece quando tal uso é interrompido.

Devo acrescentar ainda que, é comum os episódios de disfunções sexuais em usuários abusivos de drogas, independente do fato destes serem ou não dependentes de tais substâncias. Tal problema pode ocorrer com os mais diversificados tipos de drogas: terapêuticas, lícitas ou ilícitas. O álcool, por exemplo, que é a mais consumida e também glamourizada socialmente, possui efeito bifásico, ou seja, após os primeiros goles o usuário fica desinibido, mas com a continuação da bebedeira vem o real efeito desta droga que é a depressão do metabolismo (sono, lentidão, fala embolada, diminuição dos reflexos e comprometimento da performance sexual). Portanto, reafirmo, é um mito achar que as bebidas alcoólicas melhoram o desempenho sexual. O efeito normalmente, é exatamente o oposto, em especial quando grandes quantidades são ingeridas em um curto espaço de tempo.

Ainda reforçando o leque das possíveis consequências de tal comportamento consumista, alguns estudos afirmam que: o uso crônico de álcool pode levar à atrofia testicular e a inibição da espermatogênese, bem como da produção de testosterona. O número a morfologia e a motilidade dos espermatozoides também se alteram. Já nas mulheres os efeitos mais comuns são: menor lubrificação vaginal, irregularidades menstruais ou aminorreia, além de desejo sexual inibido, tudo isto sem esquecer os inúmeros outros transtornos orgânicos e psiquiátricos, em ambos os sexos.

Além dos males já citados, as pesquisas indicam que, homens e mulheres usuários abusivos de drogas, estão mais vulneráveis a prática sexual desprotegida, o que poderá levar à gravidez indesejada, doenças sexualmente transmissíveis etc.

Como sabiamente falou o poeta e dramaturgo inglês Shakespeare, que segundo alguns relatos históricos, era consumidor contumaz de algumas substâncias psicoativas, especialmente de bebidas alcoólicas, “o álcool provoca o desejo, mas retira a performance”. Lembre-se disso!

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