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'Banda de Lata' transforma a realidade de crianças e jovens no Cariri

Por G1 Paraíba    Segunda-Feira, 4 de Fevereiro de 2019


É possível produzir música a partir dos mais inusitados objetos. Aqueles materiais que aparentemente não são mais úteis podem se transformar em instrumentos musicais que, além de produzir sons, transformam vidas. É o que prova a Banda Lata Velha, projeto social que surgiu em 2014, sob a coordenação do estudante de Educação Física e professor de capoeira Vagner Dantas, e que hoje atende mais de 100 crianças e jovens na cidade de Zabelê, no Cariri paraibano.

A ideia surgiu de maneira espontânea a partir da necessidade de ampliar as atividades desenvolvidas por Vagner durante sua atuação no Serviço de Convivência (antigo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI) para além da capoeira, visando aumentar o interesse e a participação das crianças.

“Certo dia algumas crianças chegaram tocando algumas latas. No dia seguinte surgiram outras, e a partir de uma brincadeira, resolvemos criar a banda com instrumentos reciclados”, explica o idealizador.

O projeto é composto por integrantes com faixa etária entre 6 e 21 anos do Serviço de Convivência de Zabelê. Os próprios jovens fabricam seus instrumentos musicais a partir de materiais recicláveis como pneus, latas, panelas, baldes e tampas que recolhem na comunidade. Além de ocupar os horários livres dos jovens, retirando-os das ruas e da proximidade com o crime, o projeto viabiliza ainda a convivência com a música para aqueles que não tiveram a oportunidade de participar de bandas com instrumentos tradicionais.

 

Projeto é composto por integrantes com faixa etária entre 6 e 21 anos do Serviço de Convivência de Zabelê — Foto: Divulgação/Vagner Dantas

Projeto é composto por integrantes com faixa etária entre 6 e 21 anos do Serviço de Convivência de Zabelê — Foto: Divulgação/Vagner Dantas

A primeira apresentação da Banda Lata Velha aconteceu no dia 6 de setembro de 2015 e, desde então, o desfile ocorre todos os anos expondo o resultado das aulas desenvolvidas. “No início houve certa dificuldade para as pessoas acreditarem no projeto. Na época, em 2014, apenas os próprios alunos e os funcionários do Serviço apoiaram a ideia. Hoje, após os resultados positivos do projeto, a banda conquistou o reconhecimento da cidade”, acrescenta Vagner.

Para participar das aulas, que são oferecidas de forma gratuita, os alunos precisam estar comprometidos com as atividades escolares e não fazerem uso de substâncias ilícitas. Assim, o projeto cumpre sua função de desenvolvimento social, tendo em vista que muitos alunos, estimulados pelo projeto, já atuam como músicos em bandas tradicionais e fizeram da arte o caminho para uma vida mais digna.

 

Muitos alunos, estimulados pelo projeto, já atuam como músicos em bandas tradicionais. — Foto: Divulgação/Vagner Dantas

Muitos alunos, estimulados pelo projeto, já atuam como músicos em bandas tradicionais. — Foto: Divulgação/Vagner Dantas

Segundo Vagner, a ideia inspirou outras cidades, como em São Sebastião do Umbuzeiro, onde nasceu a "Bate Lata Umbuzeirense", assim como Sumé, com a "Banda Agroecológica José Gonçalves" e São José dos Cordeiros, que criou a "Banda Agroecológica".

Além disso, a Banda Fanfarra Lata Velha já foi tema de um Projeto de Extensão da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), campus Campina Grande e premiado em encontros e festivais de bandas. “Além das aulas, tem também a parte social. Todo ano a banda promove o projeto ‘Fazer o bem’, no qual os alunos, através de gincanas, arrecadam alimentos que são distribuídos para a comunidade carente. A ação mais recente distribui cerca de 20 cestas básicas”, completou Vagner Dantas.

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