Cerco a Bolsonaro se fecha enquanto Centrão avança sobre nome para 2026

Por João Paulo Medeiros - JP Online Quarta-Feira, 27 de Agosto de 2025
Se o cálculo eleitoral é uma equação complicada, o que serve de caminho até o Senado costuma ser mais tortuoso e, por vezes, traiçoeiro em eleições com duas vagas. Há quem classifique de 'maldição' as peças pregadas pelo segundo voto nesse tipo de disputa.
Foi esse movimento, entre outros, que fez com que o ex-senador Cássio Cunha Lima passasse de favorito na reeleição para o Senado a quarto colocado no pleito de 2018.
Uma história que pode se repetir em 2026 na Paraíba.
O cálculo está nas mesas de discussão política e nas rodas de conversa, de Cajazeiras a Cabedelo - passando pelo Terreiro do Forró, em Patos, ao Calçadão, em Campina Grande. E tem, nesse momento, como potenciais personagens o governador João Azevêdo (PSB) e o prefeito de Patos, Nabor Wanderley (Rep).
É que um candidato para ser eleito precisa do primeiro voto do eleitor, mas também depende do segundo voto dos eleitores de outros postulantes. Explico melhor: como nas eleições do ano que vem teremos duas vagas para o Senado, as urnas permitem que o eleitor vote duas vezes para a escolha de nomes para a Casa Alta.
Daí, a importância das dobradinhas.
Em 2018, os eleitos foram os senadores Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e Daniella Ribeiro (PP). Eles não eram aliados e nem estavam na mesma coligação. Veneziano estava na coligação que tinha Luiz Couto (PT) como segundo candidato, enquanto Cássio estava na coligação que tinha Daniella. Acontece que a dobradinha frequente naquele pleito, mesmo informalmente, foi de Daniella com Veneziano.
Ou seja, a maioria dos eleitores que votou em Veneziano como primeiro voto escolheu Daniella como segundo e não Couto. Da mesma forma, os que votaram em Daniella como primeiro voto escolheram Veneziano como segundo e não Cássio. Tudo por causa da capilaridade municipalista dos blocos ligados aos dois eleitos, que conseguiram fechar mais apoios de prefeitos. Resultado: Cássio sobrou na curva, mesmo sendo apontado como favorito meses antes da eleição.
Entre os estrategistas governistas e da oposição, atualmente, o mesmo cálculo é feito em relação ao governador João Azevêdo, considerado favorito agora, como Cássio foi no passado.
A previsão é que o gestor integre a chapa majoritária como primeiro candidato, tendo Nabor como o segundo. Pela oposição, o protagonista é Veneziano com segundo nome a ser definido.
A tendência, portanto, segundo estes cálculos feitos pelas equipes de campanha, é que Veneziano tenha o segundo voto dos eleitores de João e de Nabor - por já ter fechado o apoio de dezenas de prefeitos paraibanos. Do outro lado, ancorado na força de articulação do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), a perspectiva é que Nabor alcance o segundo voto dos eleitores de João e de Veneziano.
Por este cenário, já sem mandato e totalmente dependente de Lucas Ribeiro (PP), que deve assumir o governo em abril do ano que vem, restaria a João Azevêdo o espólio deixado pelo Governo para não ter o mesmo destino de Cássio. Uma moldura imprevisível e que deixa, qualquer um, com pesadelos durante a noite.