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Atlas: Lula amplia vantagem e Moro vai ao terceiro lugar, tirando voto de Doria, Bolsonaro e Ciro

Por El País    Quarta-Feira, 1 de Dezembro de 2021


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou sua vantagem sobre o adversário na corrida eleitoral de 2022, conforme pesquisa do Atlas Político divulgada nesta terça-feira. Se a eleição fosse hoje, Lula teria 42,8% das intenções de votos, contra 31,5% de Jair Bolsonaro (sem partido). A entrada do ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro (Podemos) na disputa bagunçou a chamada terceira via, dividindo a preferência dos eleitores antipetistas. Moro assumiu a terceira posição, com 13,7% dos votos, tirando uma parcela de votos de Bolsonaro, mas também de Ciro Gomes (PDT) ―na quarta posição com 6,1% dos votos—, e de João Doria (PSDB).

Doria, confirmado candidato tucano após as prévias desta final de semana, foi o candidato que mais perdeu com a chegada do ex-juiz. "O eleitoral de Moro é uma base antipetista, apoiador da Lava Jato, que vê o ex-juiz como herói e busca um candidato mais ao centro", diz o cientista político Andrei Roman, CEO da Atlas. "Esse resultado reflete o momento de Doria, que já estava com dificuldade de decolar e teve prévias com seu partido rachado", diz.

Doria teve uma vitória apertada nas prévias do partido finalizado no dia 27 de novembro. Ganhou por uma diferença pequena de votos ―53,99% contra 44,66% do governador gaúcho Eduardo Leite. Enquanto Doria tem a tarefa de reconstituir relações internas e convencer seus próprios pares de que ele é uma opção viável, Moro avança como terceira via. "É a primeira vez que um candidato acima dos 10 pontos na série temporal", destaca Roman.

O levantamento on-line feito com 4.401 pessoas entre os dias 27 e 29 de novembro, perguntou como seria a eleição em um cenário sem Moro, para entender o impacto da chegada do ex-juiz nos candidatos. Apenas Lula mantém sua posição ponto. Bolsonaro saltouia para 34,3% das intenções de voto ― uma diferença de quase 3 pontos percentuais (p.p.); enquanto Ciro iria para 8,5% (+2,4 p.p.); e Doria subiria para 5,7% (+4 p.p.)

"Até então, Bolsonaro não tinha competição", afirma Roman. O presidente vinha perdendo espaço na corrida eleitoral para sua própria atuação no Governo. A aprovação de Bolsonaro alcançou seu índice mais baixo desde o início de 2019: 65,3% dos brasileiros rejeitam seu Governo, enquanto apenas 29,3% aprovam seu desempenho na presidência, conforme mostra a pesquisa Atlas, realizada pela AtlasIntel, divulgada no dia 29 de novembro.

O levantamento também aponta que para 59,7% da população a gestão do mandatário é ruim ou ruim, enquanto 19% a classificam como ótima ou boa. A queda ocorre em meio à crise econômica que atinge o país: 59% dos entrevistados apontaram questões como corrupção, desemprego, inflação, desigualdade social e pobreza como alguns dos principais problemas do Brasil. "Moro aparece como uma alternativa para parte dessa base bolsonarista que está com o Governo", diz Roman.

Segundo turno

Em um cenário de segundo turno, a pesquisa mostra que Lula vence de todos os candidatos: com 50,5% das intenções de voto numa disputa contra Bolsonaro; 46,4% dos votos contra Moro; 42,3% contra Ciro; e 47,2% contra Doria. O número de eleitores brancos e nulos ainda é alto nos cenários em que Lula disputa com Moro, Ciro e Doria, o que mostra que o eleitor ainda está em dúvida.

Já no caso de uma disputa entre Bolsonaro e os candidatos no segundo turno, o atual presidente perde de todos, menos de João Doria, com quem teve com empate técnico.

O desempenho de Moro mostra um recall positivo do ex-ministro, que saiu de cena em 2019 e seguiu para uma consultoria nos Estados Unidos. Houve sempre uma expectativa se ele abraçaria uma campanha eleitoral, o que se confirmar no dia 10 de novembro em sua filiação ao Podemos, quando se perfilou pré-candidato para liderar a terceira via.

Mas seu avanço na pesquisa expõe também os erros de campanha do pedestista Ciro Gomes, que tem como marqueteiro João Santana. Ciro assumiu uma postura de confronto com o PT em busca de votos no bolsonarismo. A pesquisa da Atlas revela uma falha nesse cálculo, uma vez que votos dele se mostram voláteis e migram para Moro.

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