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[OPINIÃO] As críticas à expressão ‘TODES’ são apenas por questões linguísticas?

Por Misael Nóbrega - Jornalista   Sexta-Feira, 12 de Setembro de 2025

Hoje, nosso olhar se volta para um episódio ocorrido quando do uso da tribuna livre da Câmara Municipal de Patos. A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Samara Oliveira, saudou os presentes com a expressão “todes”, buscando englobar todas as identidades de gênero em sua fala. A reação do vereador Josmá Oliveira (PL), que afirmou que essa palavra “não existe” e que seu uso seria uma falta de respeito, reacende um debate que vai muito além da gramática.

É importante entender que, de fato, “todes” ainda não faz parte da norma culta do português e não é reconhecida pela Academia Brasileira de Letras. Por isso, há quem considere seu uso inadequado em contextos formais. Mas essa é apenas uma parte da história.

A expressão surge de movimentos sociais, acadêmicos e culturais voltados à igualdade de gênero e aos direitos LGBTQIA+, sendo um recurso de linguagem inclusiva que busca visibilizar pessoas não-binárias e promover uma comunicação mais abrangente. É um fenômeno coletivo e emergente, e seu uso reflete a evolução da língua, que muda ao longo do tempo para incorporar novas formas de expressão e inclusão.

Em contextos políticos conservadores, como o de Josmá, “todes” é frequentemente visto como símbolo de ativismo progressista, e muitas críticas recaem sobre o que representa socialmente e politicamente, mais do que sobre sua validade gramatical. Parte dessa resistência pode ser entendida como um revanchismo político de direita, que reage a mudanças culturais e sociais que desafiam padrões tradicionais.

Do ponto de vista social, a resistência à palavra revela um choque entre tradição e mudança linguística, entre a norma formal e a necessidade de refletir na linguagem a diversidade que existe na sociedade. Em termos de comunicação política, é um sinal claro de como debates de linguagem podem se transformar em debates de poder, ideologia e representatividade.
Assim, mais do que discutir se a palavra existe ou não, é essencial refletir sobre o que a linguagem representa, quem ela inclui e quem ela exclui. Ignorar isso significa perder a oportunidade de fazer da política um espaço mais plural e acessível a todos. (ou a todes)
 

Por Misael Nóbrega - jornalista

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