Compartilhe

Covid já causou mais mortes no Brasil do que a Aids em 40 anos

Por Revista Época    Sábado, 10 de Abril de 2021


Pouco mais de um ano após o primeiro caso de Covid-19 registrado no Brasil, o número de óbitos em decorrência da doença supera neste sábado (10) os que perderam suas vidas em razão da Aids ao longo de toda a série histórica, que vai do início de 1980 até o final de 2019.

O vírus HIV fez 349.784 vítimas em 40 anos, de acordo com dados federais. Nesta sexta (9), o país chegou a 348.934 mortes pelo coronavírus, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de saúde, e vai ultrapassar os óbitos cuja causa está associada à Aids diante da tendência de estabilidade da média móvel próxima às 3 mil mortes diárias.

Os números relativos à Aids compõem monitoramento feito pelo governo no período compreendido entre 1980, quando o primeiro caso da doença foi reportado no Brasil e confirmado dois anos depois, até 2019. Os dados mostram que, desde 2015, a taxa de mortalidade pelo HIV no país está em queda.

Na contramão desses índices, o Brasil contabilizou 3.647 mortos por Covid-19 nesta sexta. O montante representa mais de um terço dos óbitos cuja causa básica foi a Aids em 2019 inteiro, ano em que o país reportou 10.565 vítimas da doença. Na quinta, foram 4.190 vidas perdidas em 24h, a segunda pior marca em toda a pandemia.

Entre 2009 e 2019, foi verificada uma redução de 29,3% na taxa de mortalidade do HIV no Brasil. Enquanto no primeiro ano da década passada o coeficiente de mortalidade bruto da doença era de 6,3 a cada 100 mil habitantes, o índice caiu para 5 mortes por 100 mil pessoas no último ano, segundo boletim epidemiológico anual divulgado em dezembro de 2020 pelo Ministério da Saúde.

Movimentação no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo Foto: Fotoarena / Agência O Globo
Movimentação no cemitério de Vila Formosa, em São Paulo Foto: Fotoarena / Agência O Globo

O Brasil é considerado referência internacional no tratamento de HIV, tanto pela distribuição do antirretroviral como na testagem sorológica e na disponibilização de preservativos. Em contrapartida, o país foi o pior do mundo na gestão da pandemia, segundo estudo do Lowy Institute de Sydney, da Austrália, que analisou seis critérios em 98 nações. A postura do presidente Jair Bolsonaro frente à crise sanitária, minimizada por ele em diversas ocasiões, foi destaque nos principais jornais estrangeiros.

Em relação à série histórica, foram notificados 1.011.617 casos de Aids no país até junho do ano passado, conforme indicadores do governo. O número representa menos da metade dos brasileiros infectados por Covid-19 somente no último mês, o mais letal da pandemia no Brasil, excedendo 66 mil mortes por Covid-19 - mais que o dobro de óbitos registrados em julho do ano passado, até então o mais mortal.

Especialistas apontam que o mês de abril pode ser ainda pior e superar 4 mil mortes por dia em decorrência do coronavírus. O país enfrenta um colapso do sistema de saúde, com UTIs sobrecarregadas e escassez do chamado "kit intubação", medicamentos usados para intubar pacientes durante tratamento da Covid-19. Em falta no mercado, os fármacos tiveram alta de até 1.000% no preço em comparação ao valor cobrado antes da pandemia.

Até o momento, o Brasil vacinou apenas 10,71% da sua população, o correspondente a 22.686.106 pessoas, conforme dados levantados até as 20h desta sexta. A lentidão do programa de imunização no país é tida como um dos principais entraves para atenuar o impacto da pandemia.

« Voltar

NO SERTÃO

Morador do Residencial São Judas Tadeu, em Patos, perde imóvel após tentar vendê-lo

MAIS SAÚDE

Programa Opera Paraíba ultrapassa marca de 400 cirurgias bariátricas

Veja também...

DESTAQUE

Equipe de basquete em cadeira de rodas se hospeda em Patos e elogia acessibilidade de hotel

LUTO

Enfermeira Thaís perde a luta contra o câncer e falece em Patos, nesta segunda

FORA DO JOGO

Exame aponta lesões, e Arrascaeta e Pulgar desfalcam Fla por pelo menos 2 jogos