Flamengo paga caro por falha de planejamento do elenco; análise
Por Globo Esporte Quinta-Feira, 20 de Novembro de 2025
Pela última vez neste Campeonato Brasileiro, o Flamengo entrou em campo sabendo qual havia sido o resultado do Palmeiras na rodada. O empate do time paulista não foi o suficiente para motivar o Rubro-Negro a fazer um bom clássico no Maracanã. Sem a concentração necessária para o confronto, o time não se encontrou em nenhum momento da derrota por 2 a 1 para o Fluminense.
O Flamengo entrou em campo novamente com a falta de senso de urgência conhecida pela torcida. Como consequência, um massacre ocorreu no primeiro tempo no Maracanã. E o time massacrado foi o líder do Brasileirão e finalista da Libertadores. Inoperante no ataque e com seguidas falhas na defesa, a equipe levou sorte de ir para o intervalo com desvantagem de apenas 2 a 0 no placar, em um de seus piores primeiros tempos no ano.
Se já vivia a necessidade de saber como organizar o ataque sem Pedro, questão ainda longe de ter uma solução, Filipe Luís ganhou mais dúvidas do que respostas em noite na qual foi amplamente superado por Luis Zubeldía. Todos os setores do time deixaram a desejar em jogo que voltou a evidenciar claras falhas de planejamento. No momento mais decisivo da temporada, ficou nas costas de um garoto a responsabilidade na zaga, algo que Filipe tentou evitar a todo custo.
Assim como havia ocorrido contra o Sport, João Victor, de 18 anos, recebeu chance como titular e mostrou muito nervosismo. Desde os primeiros toques na bola, a falta de confiança estava escancarada.
Outros testes foram feitos na zaga nos treinos dos últimos dias, mas o garoto acabou sendo a única opção. Léo Ortiz é esperado contra o Bragantino, no sábado, enquanto Danilo jogou 45 minutos pela seleção brasileira na terça e precisou ser sacrificado entrando depois do intervalo para evitar maiores problemas.
Filipe Luís evitou falar sobre uma falha no planejamento da zaga. Para não queimar os jovens, a escolha foi por não testar ninguém ao longo do ano, insistindo na dupla de Léos. Mesmo com apenas três jogadores mais experientes, a escolha também passou por não contratar.
O mesmo vale para o ataque. Sem Pedro, Bruno Henrique novamente não rendeu. Juninho entrou no segundo tempo e tampouco soube aproveitar, aparecendo em posição de impedimento algumas vezes. Nasceu dele, porém, o lance do gol de pênalti de Jorginho.
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Filipe Luis e seu auxiliar no banco durante o jogo de Flamengo e Fluminense — Foto: André Durão
Péssimo primeiro tempo
O lado direito representou o principal problema do Flamengo, especialmente no primeiro tempo. Foi por ali que o Fluminense mais conseguiu criar perigo. Com Royal muito espetado na frente, Luiz Araújo aparecia mais centralizado, enquanto João Victor ficava exposto atrás. Quem tentava equilibrar era Pulgar, que atuou quase como um terceiro zagueiro pelo meio.
Sem um meia de criação, o ataque ficou desequilibrado com o meio-campo. Saúl errou praticamente tudo que tentou e ficou isolado, além de levar um cartão amarelo bobo. O espanhol está em rotação diferente após retornar de lesão. Bruno Henrique ficou como referência de ataque, com Carrascal solto - até demais - e caindo pela esquerda com Samuel Lino, que viveu outra noite complicada.
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Posicionamento do Flamengo no primeiro tempo contra o Fluminense — Foto: Luiza Sá/ge
A postura fez Filipe Luís conversar muito com o auxiliar Iván Palanco desde os primeiros minutos de partida. Inspirou também algo incomum no trabalho do treinador: na coletiva, ele disse que quase mexeu no time ainda no primeiro tempo por motivos técnicos.
O Flamengo foi um time de muita posse e poucas chances, vendo o Fluminense levar perigo sempre que avançava. Com 3 minutos, Canobbio já havia perdido chance claríssima. O gol tricolor era questão de tempo e saiu aos 24 minutos, em belo chute de Lucho Acosta da entrada da área, novamente pelo lado direito da defesa rubro-negra.
Como o próprio técnico já admitiu, os erros do Flamengo têm sido letais e custado pontos. Se a marcação falhou no primeiro gol, no segundo a trapalhada foi muito pior. João Victor já tinha ensaiado entregar uma vez antes de errar de novo, recuando mal. Foi Rossi, porém, o grande responsável pelo lance bizarro.
Acostumado a dar emoção com as saídas de bola e correr riscos, desta vez o goleiro se enrolou de forma infantil e perdeu a bola para Serna, que tocou para o gol vazio. Depois, cumprimentou o jovem zagueiro para o tranquilizar, pedindo apoio da torcida em seguida. Se a ideia era não desgastar a imagem dos garotos da base, na prática não adiantou.
Melhora, mas nem tanto
Filipe Luís fez algo raro ao mexer já no intervalo. Danilo e Juninho entraram nas vagas de João Victor e Luiz Araújo. O início do segundo tempo ficou marcado pelo pênalti pedido pelos jogadores em Bruno Henrique, aos 10 minutos. Foi o único lance de perigo em que o camisa 27 esteve envolvido. Sumido, mal participou.
O Flamengo só melhorou de fato a partir dos 12, quando Cebolinha entrou na vaga do apagado Lino. O atacante mais uma vez mostrou que pede passagem e acirra a disputa por uma vaga no time. Se o campo fala, ele quase grita por mais espaço ao camisa 11. Apesar de o meio-campo seguir fraco, a entrada de Jorginho só aconteceu aos 21, na vaga de Pulgar, mantendo Saúl. O chileno e o espanhol estão suspensos na próxima rodada.
A organização do time ficou com Cebolinha na esquerda, Carrascal na direita e Bruno Henrique junto a Juninho enfiados pelo meio. Pulgar conseguiu avançar um pouco mais no campo com a entrada de Danilo, mas Jorginho mostrou que muda a qualidade da equipe quando joga. Mesmo assim, o Flamengo abusou das bolas alçadas - e errou quase todas.
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Posicionamento do Flamengo no segundo tempo contra o Fluminense — Foto: Luiza Sá/ge
O Flamengo não conseguia ser agressivo e continuou desorganizado. Bruno Henrique ainda saiu de campo sentindo a coxa, dando lugar a Plata aos 33. O pênalti veio três minutos depois, mas o líder do campeonato não conseguiu nem pressionar de maneira minimamente organizada o Fluminense na reta final em busca do empate, que não seria nem justo diante do que foi a partida.
Ainda líder, agora com dois pontos de vantagem sobre o Palmeiras, o Flamengo volta a entrar em campo neste sábado, contra o Bragantino, no Maracanã. Restam apenas duas partidas antes da final da Libertadores.