
Corinthians vence a si mesmo para conquistar o tetra da Copa do Brasil
Por Globo Esporte Segunda-Feira, 22 de Dezembro de 2025
No futebol, muitas vezes se recorre ao discurso do “perdemos para nós mesmos” para justificar algumas derrotas. No caso deste Corinthians, tetracampeão da Copa do Brasil, a frase pode ser adaptada: o Timão venceu a si próprio.
Para voltar a ser campeão nacional depois de oito anos, o Corinthians precisou superar seus dirigentes, muitas vezes mais preocupados com eles próprios do que com a instituição.

Confira a coletiva de Dorival Júnior após título do Corinthians na Copa do Brasil
Em ano marcado por impeachment de um presidente e outros dois ex-mandatários denunciados à Justiça, o clube mostrou que grandeza não se mede pela conta bancária – por mais que ela seja cada vez mais fundamental para as conquistas esportivas.
As más gestões, que já vêm de anos, acarretaram um transfer ban ao clube, que contratou apenas dois jogadores em 2025. A falta de reforços foi driblada com o uso das categorias de base, tão mal tratada pela cartolagem alvinegra. Do Terrão vieram André, Dieguinho e Breno Bidon, um dos melhores em campo na final no Maracanã.
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Jogadores e comissão técnica do Corinthians comemoram título da Copa do Brasil com troféu — Foto: André Durão
A política rasteira do Parque São Jorge tentou minar o trabalho do diretor executivo Fabinho Soldado, responsável não só por montar esse elenco campeão, mas também por blindar o grupo de toda a turbulência externa. Hoje, não resta dúvidas de que ele faz mais parte da solução dos que dos problemas do Corinthians.
Dorival Júnior também foi vítima da aporrinhação de conselheiros e pessoas que cercam Osmar Stabile. O trabalho do técnico não é impecável, mas tem mais acertos do que erros. Além disso, qualquer análise precisa levar em conta os percalços enfrentados desde o fim de abril, quando ele chegou ao clube.
Especialista em Copa do Brasil, Dorival soube adaptar o time de acordo com cada adversário e montou uma equipe “copeira” no torneio. Tirou o rival Palmeiras, eliminou o favorito Cruzeiro e terminou a campanha com apenas três gols sofridos.
Na final, o técnico teve coragem de barrar Rodrigo Garro, um dos xodós da torcida, e montou uma estratégia eficiente para derrotar o Vasco.
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Memphis faz o gol do título da Copa do Brasil — Foto: André Durão
Os dois gols no Maracanã saem de jogadas com a assinatura de Dorival. No primeiro, Raniele recua para o lado esquerdo da defesa para auxiliar na saída de bola (estratégia desenhada para a final) e de lá aciona Matheuzinho. O lateral, que também participou do segundo gol, teve tal liberdade para avançar justamente pela formação com três volantes.
Embora criticado pela atuação nos últimos jogos (com certa razão), Yuri Alberto foi bancado pelo treinador e deu a resposta no momento mais necessário, com um gol e uma assistência.
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Para superar os fantasmas internos que insistem atrapalhá-lo, o Corinthians contou com aquela que é a sua maior força: a Fiel. Em 2025, a torcida protestou quando necessário, mas ofereceu muito mais apoio e acolhimento do que cobrança. Entendeu que os maiores problemas do clube estavam fora e não dentro de campo, e carregou o elenco rumo ao Rio de Janeiro, com uma festa incrível no último sábado.
Nas arquibancadas do Maracanã, a torcida repetiu 25 anos depois o mesmo grito que embalou a conquista do primeiro título mundial: "ô,ô,ô, todo poderoso Timão." Teve ares de nostalgia, mas também serviu como um aviso: por mais que sua cartolagem insista em atrapalhar, o Corinthians segue grande, altaneiro e multicampeão.