Lula pede mobilização contra anistia: ‘Batalha tem que ser feita também pelo povo’

Por Redação 40 Graus com A Fonte Sexta-Feira, 5 de Setembro de 2025
Após pedido do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Patos (CMDM), a Câmara Municipal concedeu tempo da Tribuna Livre, nesta quinta-feira, dia 4, a advogada Samara Oliveira, presidente do Conselho da Mulher, para se posicionar em defesa do movimento de mulheres da cidade.
Em pronunciamento bastante contundente, mas sem citar nomes, ela criticou declarações (ataques) feitas pelo vereador Josmá Oliveira (MDB) em sessão anterior, que na ótica do CMDM, teriam desrespeitado familiares de vítimas de feminicídio e representantes de instituições, bem como as próprias entidades que são constituídas por pessoas voluntárias que tiram tempo para defender as causas da sociedade.
Acompanha de outras mulheres membros do CMDM, Samara destacou a importância da abertura da Casa Legislativa para os debates promovidos pelos conselhos municipais. Ela relatou que a decisão de levar o tema ao plenário foi fruto de deliberação coletiva, ainda que, inicialmente, tivesse se posicionado contra. “Confesso que meu voto foi contrário, pois não gosto de dar palco para qualquer um, mas aqui estou em nome desse coletivo”, afirmou.
Durante a exposição, Samara apresentou um vídeo de uma manifestação realizada no Centro da cidade, em que familiares de uma vítima de feminicídio cobravam justiça. O ato contou com a presença de autoridades do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública da Paraíba, além de representantes de diferentes conselhos.
Foi neste ponto que a advogada direcionou críticas mais contundentes, reprovando a forma como o protesto foi classificado por um parlamentar.
“Chamar um ato desse de teatro é o mesmo que chamar as famílias de vítimas de feminicídio de palhaços. É chamar a juíza Dra. Isabela Joseane de palhaça, a defensora pública Fernanda Apolônia de palhaça, o promotor Rafael Bandeira de palhaço, e todos os conselheiros que atenderam nosso chamado de palhaços”, frisou Samara, sem citar diretamente o nome de Josmá.
A presidente do CMDM ressaltou que o episódio causou constrangimento ao movimento organizado das mulheres e também ao próprio Legislativo. “Quando um vereador falta com respeito, infelizmente, a gente fala da Casa, porque aqui é a casa de todos”, afirmou, defendendo que o papel do parlamento é garantir espaço para a diversidade de vozes e causas sociais.
Samara encerrou sua fala reforçando a continuidade da luta das mulheres. “Nós não iremos nos calar, não iremos nos rebaixar, e estaremos sempre firmes, fortes e unidas. Não apenas o conselho da mulher, como todos os demais”, disse, recebendo aplausos de apoiadores que acompanhavam a sessão.
Ainda nos corredores da Casa Juvenal Lúcio de Sousa, Samara concedeu entrevista ao Portal 40 Graus e expôs outros pontos da polêmica.
O outro lado
Em aparte, a vereadora Nadir Rodrigues, que também é membro do Conselho, justificou-se pela falta de defesa da entidade sob alegação de que não estava presente à sessão na qual o vereador fez os ataques. Nadir tentou apaziguar a situação, mas logo em sua fala inicial, o vereador Josmá Oliveira rejeitou a fala da vereadora e disse que como ela não estava no recinto, era preferível que não se pronunciasse. O vereador ainda dispensou a defesa da vereadora que tinha dito que o colega tinha total direito a se expressar na Casa.
Mesmo sem ter sido nominalmente citado, o vereador Josmá Oliveira fez questão de rebater as declarações. O parlamentar afirmou que seu mandato sempre esteve à disposição dos conselhos municipais e negou qualquer postura de desrespeito às mulheres. “65% dos meus eleitores são mulheres e eu represento elas aqui. Quem disse e onde está escrito que pra representar mulher tem que ser mulher?”, questionou.
Josmá também aproveitou o espaço para cobrar posicionamento do CMDM sobre outros casos envolvendo mulheres na cidade. Ele citou, em especial, a morte de uma paciente na UPA de Patos.
“Estou aqui há quatro semanas denunciando o caso da mulher que morreu na UPA de Patos e ninguém fala sobre esse assunto. Pensei, inclusive, que viriam hoje aqui pra dizer: ‘Josmá, nós vamos apoiar você na denúncia desse caso’, mas continuam em silêncio”, criticou.
Para o vereador, a manifestação da presidente do CMDM teria caráter político. “Se tivessem vindo aqui pra falar de justiça, seriam bem-vindas. Mas pra fazer politicagem partidária, isso não contribui em nada na luta das mulheres”, finalizou.
O episódio marcou mais um momento de tensão entre representantes do movimento de mulheres e o parlamentar. Em 2024 o movimento de mulheres Olga Benário também criticou Josmá Olivera por atribuir como atos políticos partidário de esquerda, as manifestações contra a violência de gênero e em defesa dos direitos das mulheres.