As consequências da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ainda estão apenas sob especulação. No entanto, especialistas já estudam possíveis soluções para contornar possíveis consequências negativas. Diante desse cenário, o Portal WSCOM conversou com o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Ediran Teixeira, para compreender quais estratégias são mais recomendadas.
De acordo com o economista, um dos primeiros passos é iniciar um processo de negociação com Washington, para expor o real cenário da balança comercial entre as duas nações, que atualmente apresenta um superávite para os EUA. No entanto, como a medida não tem como fundamentos apenas razões econômicas, mas tmbém políticas, pode ser que essa estratégia não seja bem sucedida.
No entanto, Teixeira acredita que a economia interna do país dispensa a necessidade de grande alarde. “Estamos passando por um bom momento de geração de emprego com aumento da renda do trabalho, incentivar o consumo interno com esses produtos que estão na pauta de exportação do Brasil para os EUA, incentivando a indústria nacional a produzir para o mercado interno barateando os preços internamente”, disse.
Assim, o fortalecimento do mercado interno é uma das etapas essenciais para o período que sucederá a implementação da taxa.
“Isso já está sendo feito, de certa forma com o PAC [fortalecimento de cadeias produtivas internas. Porém é necessário ampliar, fortalecer ainda mais a indústria nacional, diversificar a produção com o olhar para o mercado interno visando reduzir a dependência das compras de importados, pois isso gera emprego lá fora e não aqui”, continuou o especialsita.
Outra estratégia essencial é ampliar a relação com outros parceiros estrangeiros como China, Índia, Rússia, Oriente Médio e África – principalmente por não haver esse tipo de taxação sobre os produtos brasileiros.
“Buscar novos mercados e fortalecer o mercado interno é uma das saídas. O bloco do BRICs é um grande bloco, o próprio Mercosul e a União Europeia, além dos países asiáticos como Japão, Coréia e Índia”, argumentou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou recentemente a possibilidade de criação de uma moeda do BRICS. A estratégia, de acordo com Ediran, é importante para reduzir a dependência dos países do grupo do dólar.
“A União Europeia já fez isso com o Euro e deu certo. É horas dos BRICS também fazer para reduzir a dependência do dólar. Blocos com moeda própria podem comercializar e cotar suas importações e exportações na moeda eleita entre si. Veja o caso da Inglaterra, apesar de ter uma libra forte poderia estar melhor neste momento se não tivesse saído do bloco da União Europeia”, afirmou.
A relação comercial entre a Paraíba e os EUA, em nível de exportação, ainda não possui tamnho suficiente para afetar a economia paraibana, de acordo com o economista. Ainda assim, é importante que o estado esteja preparado conquistar novos compradores.
“Apenas 0,2% das exportações do Brasil para os EUA saem da Paraíba, porém esse valor é significativo para o estado que é de R$ 35.639.543 e representa cerca de 21,6% das exportações paraibanas. Logicamente que essa pauta de exportações da Paraíba, se afetada, e não houver escoamento da produção ou para outros mercados ou para o mercado interno incorrerá sem desemprego no segundo momento”, concluiu.
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