O pastor chinês Jin Mingri sentiu na pele uma das mais duras ofensivas contra a religião liderada pelo presidente chinês Xi Jinping. A Igreja Sião, liderada pelo pastor na capital Pequim era uma das maiores congregações “não-oficiais do país”. Ela foi demolida pelas autoridades neste mês, que posteriormente lhe enviou uma conta de 1,2 milhão yuans (R$ 700 mil) pelos custos envolvidos.
Durante décadas Jin pregou naquele templo todos os domingos. “Antes, se você não se intrometesse na política, o governo lhe deixava em paz”, conta. “Mas agora, se você não defende o Partido Comunista, se não demonstrar amor pelo partido, torna-se um alvo. Claro que estamos com medo, estamos na China, mas temos Jesus.”
As novas regulamentações decretadas em fevereiro exigem um controle mais rigoroso dos locais de culto, com alguns sendo forçados a instalar câmeras de segurança, que transmitem imagens ao vivo para as autoridades locais. Nos meses seguintes, o governo acelerou a remoção das cruzes das igrejas e demolição de templos na esperança de reduzir a visibilidade pública da religião.
Ao mesmo tempo, cerca de 1 milhão de muçulmanos foram detidos em campos de “reeducação” na província de Xinjiang. As medidas, em última análise, têm o mesmo objetivo: dar a Pequim maior controle sobre os grupos que são vistos como uma ameaça potencial ao seu poder.
Foice e martelo no lugar da cruz
Bob Fu, fundador da Missão cristã ChinaAid, disse que as autoridades chinesas estavam tentando por fim não só ao cristianismo, mas a todas as formas de religião. Ele vem divulgando os relatos de dezenas de aldeias rurais onde os moradores a assinarem documentos renunciando ao cristianismo, pois eram ameaçados de perder os benefícios sociais do Estado.
“Eu tenho esperança para o futuro, esse tipo de campanha já existia no tempo dos romanos, ocorreram sob Stalin [na Rússia] e sob [o ditador chinês] Mao Tsé Tung, e nenhuma conseguiu seu objetivo”, disse ele. “Isso acabava tendo o efeito oposto, e se os líderes do Partido Comunista estudassem a história, saberiam disso. A perseguição pesada faz com que a igreja cresça mais rápido e ajuda os membros a se unirem mais”.
Enquanto as Nações Unidas se calam sobre esse tipo de situação, congressistas norte-americanos realizaram uma audiência sobre a “guerra da China contra o cristianismo e outras religiões”.
Chris Smith, o deputado conservador de Nova Jersey que liderou a audiência, acusou a China de “tentar trocar a cruz pela foice e o martelo”. “A queima de Bíblias, a destruição de igrejas e a prisão de muçulmanos é apenas parte do ataque audaciosamente repressivo do Partido Comunista Chinês à consciência e à religião”, disse ele.
Com informações de The Guardian
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