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Dom Aldo diz que foi perseguido por socialistas da Igreja, sem direito à defesa

Por ParlamentoPB     Segunda-Feira, 1 de Abril de 2019


O ex-arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, desabafou em entrevista ao jornal Correio da Paraíba e disse que foi perseguido dentro da própria Igreja Católica no estado por causa de seu posicionamento político. Na foto que estampa esta matéria do ParlamentoPB está um registro feito durante uma manifestação de janeiro de 2014 em que Dom Aldo apoiou o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

A entrevista ao Correio da Paraíba acontece dois anos após a renúncia do líder religioso das funções na Arquidiocese paraibana, sob justificativa de dedicação à tratamento de doença. Em janeiro deste ano, o Fantástico, da TV Globo, revelou depoimentos de fieis que contaram ter tido relações sexuais com sacerdotes da Arquidiocese. Um deles contou que Dom Aldo lhe propôs sexo e eles chegaram ao ato. Procurado para dar sua versão das denúncias, Dom Aldo se negou a falar à reportagem do Fantástico e se limitou a dizer que os padres acusados de pedofilia foram inocentados em 2017.

Agora, após sair da Paraíba e do alto cargo na Igreja Católica paraibana, Dom Aldo vive em Fortaleza, no Ceará, e revelou ao Correio da Paraíba que foi coagido a escrever a carta de renúncia sob justificativa de ter problemas de saúde. Ele citou que participou do protesto contra o governo do PT e de Dilma Rousseff e que isso gerou reações negativas dentro da Igreja Católica e que foi orientado a “ficar em cima do muro” e comentou que esse é um “comportamento que não faz parte do meu caráter.”

Dom Aldo listou cinco pontos que ele acredita que contribuíram para o que chama de perseguição. “Primeiro. Em janeiro de 2014, eu participei do protesto popular sobre os desmandos do governo petista. Esse gesto provocou reações adversas na ala eclesiástica que se simpatiza ou até se identifica com as propostas daquele partido (Partido dos Trabalhadores) e governo. A autoridade eclesiástica me chamou a me recomendou “ficar em cima do muro”, um comportamento que não faz parte do meu caráter.”

O segundo ponto é que ele relata ter participação da elaboração de um livro sobre valores de família e defesa da doutrina tradicional na Igreja. Dom Aldo conta que foi criticado e acusado de “me contrapor ao atual pensamento pastoral de setores hierárquicos da Igreja.”

O terceiro ponto refere-se ao combate à Teologia da Libertação e pensamentos de “viés socialista” dentro da Arquidiocese. Dom Aldo conta que enviou sacerdotes a Roma para uma formação sólida, “equidistante dos desvios da Teologia da Libertação”.

O quarto ponto, segundo Dom Aldo, foi quando ele se opôs ao Plano Nacional dos Direitos Humanos (PNDH3). “Em 2010, numa sessão da Assembleia Geral da CNBB, seus assessores apresentaram o Plano Nacional dos Direitos Humanos (PNDH3), ao qual me posicionei contrário. Falei que tal plano, equivaleria à “constituição bolivariana”, expressão do regime socialista imposto por Chávez (Hugo Chávez, ex-presidente da Venezuela) e Maduro (Nicolas Maduro, atual presidente da Venezuela). Isso incomodou os bispos e agentes pastorais que apostam nos movimentos sociais, ligados a práticas de interesses políticos co-partidários de esquerda.”

Por último, ele diz que apresentou dados com os quais questionou o documento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) enviado à Assembleia Geral da CNBB. “Havia dados questionáveis. […] Houve reação incômoda em setores da Igreja que inspiraram e apoiam o MST.”

Dom Aldo disse que foi chamado à Brasília pelo núncio apostólico, em 2 de junho de 2016, o qual relatou haver denúncias de pedofilia contra o então arcebispo e o recomendou apresentar carta de renúncia sob alegação de problemas de saúde. Dom Aldo pediu para ver o processo sobre ele e o núncio disse que não poderia lhe mostrar nada. Então, em julho do mesmo ano o líder da Igreja Católica na Paraíba renunciou ao cargo. Dom Aldo também citou na entrevista ao Correio da Paraíba que tentou falar com o Papa Franciso, mas não conseguiu. “Não sei se o núncio comunicou o meu pedido ao Papa. Eu nunca recebi resposta.”

O ex-arcebispo da Paraíba disse que foi alvo de trama através da carta que culminou na sua queda do cargo. “A carta revela uma trama arquitetada para causar escândalo na mídia e redes sociais, expondo a Igreja da Paraíba ao escárnio.”

Sobre as denúncias de pedofilia, Dom Aldo explicou: “Nada foi comprovado sobre um suposto delito ou crime a respeito de envolvimento meu com menores. Não devo a Deus e nem ao povo que me conhece, esse pecado e esse crime abominável.”

Dom Aldo disse também que há um grupo de padres vinculados a partidos e movimentos sociais que se unem para “detonar” quem se opor a suas práticas. Ele disse que documentou tudo e enviou denúncia à Congregação para o Clero e à Congregação para os Bispos para que fossem averiguados os atos dos padres opositores a ele.

Ele também usou a frase “Criei cobra para me picar” ao referir-se à acolhida a sacerdotes com problemas de vida e de carreira sacerdotal.

Em resumo, Dom Aldo se disse perseguido por sacerdotes e pessoas ligadas a movimentos de esquerda por defender um conservadorismo dentro do catolicismo, longe da “Teologia da Libertação” e que não teve o devido amplo direito à defesa no âmbito da Igreja.

 

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