Dorival Júnior foi apresentado como técnico do Corinthians na tarde desta terça-feira e explicou por que decidiu aceitar o projeto do clube cerca de um mês após deixar o comando da seleção brasileira.
O novo comandante alvinegro falou em dar equilíbrio ao Corinthians e minimizou os problemas enfrentados fora de campo, como aumento da dívida, saídas de diretores e processo de impeachment contra o presidente Augusto Melo.
– Minha preocupação é esportiva, técnica, dentro de campo. Não vou entrar em uma área que me compete. Confio nas pessoas que me contrataram e confiam no meu trabalho. Tive um trabalho vitorioso com o Fabinho em outra equipe (Flamengo). Vou procurar reeditar esse trabalho, procurando entregar os melhores resultados possíveis – disse Dorival.
– Estamos ainda iniciando, conhecendo o grupo, a minha preocupação é buscarmos um equilíbrio da nossa equipe, perdido nesses 20 ou 30 dias. É uma equipe que fez ótimos resultados no Campeonato Paulista, mostrando que tem grande capacidade de recuperação.
O treinador deixou claro que sua prioridade neste início de trabalho é reduzir o número de gols sofridos.
– Não é só a parte defensiva, é um time e a marcação começa do ataque. Temos que ter equilíbrio e saber que, quando sofremos gols, algumas coisas estamos errando. Vamos tentar organização rápida do nosso sistema, buscarmos compactação, não é do dia para a noite, é um trabalho moroso, demanda tempo. Vamos encontrar o caminho, pode ter certeza.
A estreia do novo comandante corintiano acontece nesta quarta-feira, contra o Novorizontino, às 21h30, fora de casa, no duelo de ida da terceira fase da Copa do Brasil.
Dorival Júnior é apresentado como técnico do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca / Corinthians
Dorival assinou contrato com o Corinthians até o fim de 2026. Junto com ele chegam ao clube os auxiliares Lucas Silvestre e Pedro Sotero e o preparador físico Celso de Rezende.
O treinador ainda destacou que, após deixar a seleção brasileira, não negociou com nenhum clube. A primeira conversa concreta ocorreu com o Corinthians, e consequentemente o acerto.
– Agradeço às equipes que entraram em contato. No primeiro dia, tive a oportunidade, mas precisava de uma parada. Não iria reiniciar o trabalho antes do próximo mês. Para mim foi marcante a saída, os resultados não aconteceram da maneira que gostaria – comentou.
– Eu me interessei pelo que o Fabinho me colocou, tenho muita confiança. Fizemos uma parceria vitoriosa. Espero poder reeditar esse momento. Acreditei muito. Peço até desculpas por não ter aberto negociação com nenhuma delas, acabou acontecendo com o Corinthians, veio do coração – acrescentou.
Dorival Júnior na entrevista de apresentação no Corinthians — Foto: Rodrigo Coca / Corinthians
Confira abaixo outros trechos da entrevista de Dorival:
– É um grande jogador e que vinha fazendo a diferença. Difícil a reposição no contexto que vinha sendo seguido.
– Temos que tentar uma recuperação rápida nesse processo, isso é fundamental, já ir implantando comportamentos que a gente espera da equipe, não posso esperar 11 jogos. Espero que já amanhã a gente consiga pelo menos alguma coisa do que estamos buscando melhorar. Essa equipe tem um potencial muito maior do que mostrou nos últimos jogos em função dessa pseudo desconcentração.
– Tentar entender o mais rápido possível aquilo que esteja acontecendo com nossa equipe, observar as características de cada atleta, tentar melhorar a equipe de uma rodada para a outra, e pontuando que todos os jogadores podem vir a ter oportunidade. Que se preparem, porque estamos abertos para observar todo o nosso grupo.
– É uma satisfação e um prazer estar aqui. É um clube que me acolhe neste momento. Faltava no meu currículo, e podem ter certeza o que estiver ao meu alcance para que tudo aconteça da maneira que desejamos e queremos. Tivemos um contato com o Fabinho. O pequeno desencontro, porque o Corinthians tinha um jogo importante, foi resolvido. Estou feliz de estar aqui. Vou tentar entregar o máximo possível, procurando dar sequência ao trabalho que está sendo desenvolvido.
– Ninguém usou tanto o losango como eu fiz em algumas equipes lá atrás. Gosto muito desse sistema, acho que ele é altamente produtivo. Quando digo tentar encontrar, obvio que busco naqueles que estejam de imediato no grupo, que de repente tenham uma oportunidade, e com essa oportunidade possam ocupar. Garro vinha fazendo um excelente trabalho, diferenciado. Sei o quanto esse rapaz pode acrescentar ao time. É natural que fiquemos na expectativa de um retorno rápido, mas que possamos um jogador buscando ocupar esse espaço.
– Nunca cheguei em um clube e tenha feito pedidos antecipados à diretoria, pelo contrário. Muito mais provocamos vendas do que aquisições, em todas as equipes. No Corinthians não será diferente, não chego preocupado em possíveis novas contratações. Eles terão oportunidades, vai depender de cada um deles. Quero que o atleta entenda que não tem ninguém que não seja útil desde que tenha vontade, busque nos treinamentos e esteja pedindo oportunidade na equipe. Espero novamente poder fazer esse tipo de trabalho que realizei.
– Se for avaliar por apenas uma partida, não estaria sendo correto. Temos que verificar no todo o que vem acontecendo. Não existem culpados setoriais ou individuais. É um pequeno desequilíbrio após a conquista de uma competição. Foge até aquilo que busca o seu treinador. É difícil chegar em um processo emocional no limite dele, graças a Deus alcançamos os resultados e na sequência tem uma caída natural. A cada dois dias e meio, o Corinthians estará em campo. Com isso, as dificuldades serão grandes. A mesma equipe que tenha sofrido um revés no início de uma semana pode no fim ter dois resultados diferentes. É esse caminho que acredito.
– Eu só tive o Corinthians como adversário até hoje. Agora vou ter esse bando de loucos a meu favor, um fator que quando eu enfrentava eu sempre me preocupava. Dentro e fora, a Fiel torcida sempre fez diferença. Eu quero provar isso, quero tê-los a meu favor. E fazer o meu melhor para continuar merecendo a confiança deles.
– O nível de cobranças e preocupações de um profissional do futebol é muito alto, as pessoas não têm ideia do que isso representa e provoca. Também num contexto familiar e de pessoas próximas. Imagino o que o Tite deva ter passado, esteja passando nesse instante. Torço para que haja uma recuperação rápida, é uma pessoa por quem tenho carinho grande, fui atleta junto com ele. Todo esportista no país corre um risco grande, o nível de cobrança é altíssimo, beira o absurdo das pessoas se descontrolarem dentro de suas casas. É uma atenção que deveríamos dar de uma maneira diferente, prepararmos nossos atletas e profissionais para entenderem e suportar, a carga é muito pesada.
– Na sexta eu tinha um problema sério em Florianópolis, uma audiência, não tinha como fazer um treino no sábado e estar à frente da equipe. O Orlando estava mais capacitado para aquele momento do que qualquer profissional que chegasse naquele instante.
– Depende da partida, do adversário, do momento, da circunstância do jogo, depende de muita coisa, não dá para você pré-definir. O adversário também diz muito do que você pode realizar. É uma conjunção de fatores. Temos etapas a cumprir, a primeira é tentar neutralizar o que foi pontuado: estamos tomando muitos gols. Depois vamos procurando meios para atacar com segurança.
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