Só Jesus salva: decreto do papa Leão XIV corrige erro sobre Maria
Por Gospel Prime Quarta-Feira, 5 de Novembro de 2025
O Vaticano publicou nesta terça-feira (4) um novo decreto doutrinário reafirmando que somente Jesus Cristo é o Redentor da humanidade, e que a Virgem Maria não deve ser chamada de “corredentora”. O documento, aprovado pelo papa Leão XIV, foi emitido pelo Dicastério para a Doutrina da Fé e busca esclarecer um tema debatido dentro da Igreja há décadas.
“Não seria apropriado usar o título ‘corredentora’”, afirma o texto. “Esse título pode criar confusão e gerar desequilíbrio na harmonia das verdades da fé cristã”. O decreto reforça que Maria exerceu um papel singular na história da salvação, mas que a Redenção foi realizada unicamente por Cristo, por meio de sua crucificação, morte e ressurreição.
Debate dentro da Igreja
O ensinamento oficial da Igreja Católica sempre afirmou que Jesus redimiu a humanidade sozinho, embora Maria, como Mãe de Deus, tenha colaborado de maneira especial ao aceitar o chamado divino. No entanto, teólogos e fiéis vinham debatendo há séculos se sua participação justificaria o uso do título de “corredentora”.
O papa Francisco, falecido em abril de 2024, posicionou-se de forma clara contra essa formulação. Em 2019, ele declarou que atribuir a Maria o papel de corredentora seria “tolice”. “Ela nunca quis tirar nada de seu Filho para si mesma”, afirmou à época.
O papa Bento XVI também rejeitou o uso do termo, mantendo a distinção entre a cooperação materna de Maria e a obra redentora exclusiva de Cristo. Já João Paulo II, que demonstrou simpatia inicial pela ideia, suspendeu o uso público do título nos anos 1990, após o então escritório doutrinário manifestar reservas teológicas.
Intercessora
O novo texto, longe de diminuir a importância de Maria, reafirma seu papel essencial como intercessora e cooperadora na obra divina. “Ao dar à luz Jesus, ela abriu os portões da Redenção que toda a humanidade aguardava”, diz o decreto.
O documento recorda ainda a resposta de fé de Maria no Evangelho de Lucas, quando o anjo lhe anuncia que conceberá o Filho de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lucas 1:38).
Essa obediência, ensina o Vaticano, tornou Maria modelo de submissão à vontade de Deus e testemunho de fé viva, mas não a coloca em igualdade com Cristo na obra da salvação.
Com o novo decreto, o Vaticano encerra uma discussão interna que, por décadas, dividiu correntes mariológicas e provocou tensões teológicas entre papas e estudiosos. A orientação tem como objetivo preservar a centralidade de Jesus Cristo na fé cristã e evitar interpretações que possam enfraquecer o princípio fundamental da Redenção exclusiva de Cristo.