Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve acesso à minuta de um plano de golpe de Estado e promoveu alterações no documento. Segundo o ex-ajudante de ordens, Bolsonaro reduziu o número de autoridades que seriam presas no suposto plano, deixando apenas o ministro Alexandre de Moraes como alvo da medida.
“De certa forma, ele [Bolsonaro] enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor [Moraes] ficaria como preso”, declarou Cid durante o interrogatório.
O depoimento ocorreu nesta segunda-feira (10) e está inserido no inquérito que apura as articulações antidemocráticas após as eleições de 2022. Cid revelou ter presenciado reuniões e articulações no alto escalão do governo Bolsonaro que visavam impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele, no entanto, negou ter participado diretamente dos atos.
“Presenciei grande parte dos fatos, mas não participei deles”, disse o militar.
Logo no início da oitiva, o ministro Alexandre de Moraes abordou as dúvidas sobre a validade da colaboração premiada de Mauro Cid, especialmente após a divulgação de um áudio pela Revista Veja, em 2024, no qual o militar afirmava ter sido pressionado a delatar. Ao ser confrontado com o conteúdo, Cid classificou o áudio como um “desabafo” e reafirmou que nenhuma informação foi forjada em seus depoimentos.
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