Datafolha: 8% acham que Bolsonaro deveria apoiar Flávio, 22%, Michelle, e 20%, Tarcísio
Por O Globo Domingo, 7 de Dezembro de 2025
A nova rodada do divulgada neste sábado sobre a sucessão presidencial de 2026 expõe a fragmentação da direita e o desafio da família Bolsonaro para reorganizar seu espaço político após a inelegibilidade do ex-presidente. No levantamento, apenas 8% dos eleitores afirmam que Flávio Bolsonaro (PL-RJ) seria o nome ideal para receber a indicação do pai — proporção bem inferior à de Michelle Bolsonaro, citada por 22%, e à do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), lembrado por 20% dos entrevistados. Os números foram colhidos antes do anúncio de Flávio, na sexta-feira (5), de que disputará a Presidência.
O quadro indica estabilidade em relação à pesquisa anterior. Em julho, Michelle tinha 23% das menções e agora aparece com 22%, diferença que está dentro da margem de erro. Tarcísio oscilou de 21% para 20%. Já Ratinho Jr. (PSD-PR) subiu de 10% para 12%, enquanto Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive no exterior, caiu de 11% para 9%. Flávio, por sua vez, variou de 9% para 8%. Também ficaram próximos dos índices anteriores Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), com 6%, e Romeu Zema (Novo-MG), que recuou de 5% para 4%.
O levantamento confirma que o selo de Bolsonaro perdeu força como ativo eleitoral. Segundo o Datafolha, 50% dos eleitores dizem que jamais votariam em um candidato indicado pelo ex-presidente. Outros 26% afirmam que certamente apoiariam um nome ungido por ele, e 21% consideram essa possibilidade. A rejeição majoritária ajuda a explicar a dificuldade em construir um consenso interno na direita, enquanto o campo da esquerda segue concentrado na figura do presidente Lula (PT).
A pesquisa espontânea também evidencia o peso residual de Bolsonaro no imaginário político: mesmo inelegível até 2060 por condenação a 27 anos e 3 meses no processo sobre tentativa de golpe, ele aparece com 7% das citações para a Presidência, atrás apenas de Lula, que lidera com 24%. Tarcísio (2%) e Ratinho Jr. (1%) completam o grupo mais lembrado.
Entre os eleitores identificados pelo instituto como núcleo duro do bolsonarismo — perfil majoritariamente masculino, branco, mais evangélico e de renda média a alta —, Michelle é ainda mais forte: 35% a apontam como sucessora natural, enquanto 30% preferem Tarcísio. Eduardo Bolsonaro tem 14%, e Flávio fica em apenas 9%, mesmo após sua movimentação pública para assumir a liderança do grupo político do pai.
A pesquisa Datafolha ouviu 2.002 pessoas, em entrevistas presenciais, realizadas entre 2 e 4 de dezembro, em 147 municípios do país. O levantamento tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 95% — o que significa que, se fossem repetidas diversas vezes, as estimativas tenderiam a se repetir em 95% das ocasiões dentro da variação prevista.