A rotina de um policial civil na Paraíba não é feita apenas de enfrentamento ao crime, mas também de resistência a um sistema que insiste em desvalorizar quem protege a sociedade. A mais recente situação envolvendo um policial afastado por motivo de saúde escancarou, mais uma vez, uma ferida que parece não cicatrizar: a precarização da carreira investigativa no estado.
O policial, além de lidar com as consequências físicas e emocionais da atividade, viu sua remuneração despencar após o afastamento. O motivo? A perda imediata da ajuda de custo e do auxílio-alimentação, verbas que, somadas, representam mais da metade do salário dos agentes. Justamente no momento em que mais precisaria de amparo do Estado, veio o golpe financeiro.
Não é novidade. A Paraíba amarga, há mais de uma década, o posto vergonhoso de pagar o pior salário do país aos seus policiais civis. Embora tenha sido concedido recentemente um reajuste, ele se mostrou insuficiente para tirar esses profissionais do quadro de miséria salarial em que se encontram.
Pior: uma promessa feita pela cúpula do governo de abrir diálogo com secretários e buscar soluções para a remuneração da categoria segue, até agora, como promessa vazia. A sensação, entre os policiais civis, é clara, a de abandono.
O alerta já foi dado. Se nada for feito, a tendência é que mais policiais sejam afastados, adoecidos física e mentalmente, sem qualquer respaldo digno do Estado. A lógica é perversa: quem adoece, perde boa parte do salário; quem permanece, trabalha sob pressão, sobrecarga e desmotivação.
O impacto, claro, não se restringe à vida desses servidores. A sociedade também sente. Menos policiais nas ruas e nas delegacias significa mais espaço para a criminalidade. A segurança pública, que já caminha no limite, corre risco real de colapsar.
É urgente que o Governo do Estado pare de empurrar essa discussão com a barriga. É preciso, e com urgência, sentar à mesa com a categoria, abrir o diálogo e apresentar soluções concretas para corrigir distorções históricas na política remuneratória dos policiais civis da Paraíba.
A segurança pública só se fortalece quando seus profissionais são valorizados. Caso contrário, a conta chegará e quem pagará será toda a sociedade. O tempo da omissão já passou. A hora de agir é agora.
Por Durval Guilherme Ruver – Colunista
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