Polícia Federal investiga prefeito de Princesa Isabel por movimentações financeiras suspeitas
Por Angélica Nunes Laerte Cerqueira Segunda-Feira, 24 de Novembro de 2025
A Polícia Federal (PF) abriu um inquérito para investigar movimentações financeiras suspeitas envolvendo agentes públicos de Princesa Isabel, no Sertão da Paraíba, incluindo o atual prefeito Ricardo Pereira.
A portaria, assinada pelo delegado Rafael de Vasconcelos Silva, ao qual o Conversa Política teve acesso, tem como base um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) enviado pelo COAF, que identificou operações atípicas entre agosto de 2017 e janeiro de 2024.
"O meio fraudulento consistente na emissão massiva de cheques, convertendo-os em dinheiro em espécie, a fim de impedir o rastreamento, bem como o ardil perpetrado contra a população local, demonstram a atuação de uma verdadeira ORCRIM montada para esvaziar os cofres públicos municipais em favor de agentes públicos e políticos mantidos no poder há vários anos”, conclui o RIF, mecionado pelo delegado na portaria.
Reposta do prefeito
O Conversa Política entrou em contato com o prefeito, que negou as irregularidades e acursou a oposição de denúncias vazias. "Foram 148 denúncias feitas à Polícia Federal, ao Ministério Públicxo Federal, ao Tribunais de Contas, e não há nenhuma que properou como ação de improbidade administrativa. Todas as nossas contas foram aprovadas", afirmou Ricardo Pereira.
O prefeito disse, ainda, que os cheques são de benefícios sociais como fraldas, capacetes, óculos, e que deve apresentar à PF a verdade dos fatos. "Tenho a convicação de que não serem indiciados porque todas essas despesas est]ao documentadas no Tribunal de Contas do Estado", completou.
Movimentações incompatíveis com remuneração, diz COAF
Um dos pontos destacados pela PF é o volume de recursos movimentado pelo secretário de Transportes de Princesa Isabel, Cleidiano Moura Casusa. Segundo o relatório, ele fez circular em contas pessoais mais de R$ 5,6 milhões entre 2019 e 2023, com média mensal de R$ 123,4 mil. O montante contrasta com o salário líquido do cargo, que, conforme o Portal da Transparência, é de R$ 4.768,36.
A Polícia Federal observa que os valores são compatíveis com depoimentos já colhidos no inquérito, que apontam para um possível esquema de peculato envolvendo saques em espécie feitos a partir de cheques emitidos pela Prefeitura.
"O relatório aponta retiradas na ordem de R$ 1.005.268,94 por meio de 907 cheques sacados, onde apenas alguns foram identificados", cita o delegado.
Depoimentos reforçam suspeitas
Dois depoimentos mencionados na portaria, de um mototaxista e de uma mulher identificada como Janaína Melo, indicam que cheques da Prefeitura eram endossados em branco, o que permitia que terceiros sacassem os valores em banco sem rastreamento posterior.
De acordo com as investigações, o mototaxista Juan Dennys, que realizava saques na agência bancária, teria dito que agia a pedido de Cleidiano Casusa, apontado como o destinatário final dos valores. O COAF também registrou operações em nome do mototaxista, incluindo um saque de R$ 8,4 mil em maio de 2023.
A PF destaca que esse tipo de saque em espécie, com uso de cheques endossados, cria um “ponto final” no monitoramento do dinheiro público, dificultando auditorias.
O inquérito seguirá em andamento para aprofundar diligências, colher novos depoimentos e verificar se houve efetivamente desvio de recursos da Prefeitura de Princesa Isabel.