Compartilhe

Mulher de delegado foi 'testa de ferro' para R$ 4,9 mi, diz PF

Por G1    Segunda-Feira, 25 de Março de 2024


Erika Andrade, esposa de Rivaldo Barbosa, é advogada e empresária que esteve à frente de empreendimentos milionários nos últimos anos. Antes disso, era servidora na prefeitura do Rio de Janeiro com salário de R$ 4 mil. O que mudou a vida financeira de Érika, segundo a PF, foi ser "testa de ferro" do marido. (Leia mais abaixo)

A investigação da PF quebrou o sigilo bancário e analisou as movimentações das contas das empresas em nome de Erika, a Armis e a Mais I, ambas de consultoria empresarial. As empresas foram abertas em 2015, mesmo ano em que Rivaldo assumiu a delegacia de homicídios.

Segundo os dados, foram movimentados cerca de R$ 4,9 milhões entre as contas envolvendo as empresas.

Para a polícia, o ano de abertura não é coincidência, mas um indício de que eram usadas para lavagem de dinheiro. A investigação aponta que Rivaldo “recebia vantagens indevidas da contravenção para não investigar os homicídios”.

Relatório da PF aponta como era esquema em que delegado mantinha esposa como

Relatório da PF aponta como era esquema em que delegado mantinha esposa como "testa de ferro" — Foto: Reprodução

 

O que a investigação aponta

 

O ponto da Polícia Federal é de que as empresas eram, na verdade, de fachada, mantidas em nome de Érika para que fosse feita a lavagem de dinheiro recebido pelo delegado para encobrir crimes. O relatório da PF aponta que ela era apenas “testa de ferro”.

Com a quantia adquirida por meio dos esquemas ilícitos, Rivaldo teria aumentado consideravelmente seu patrimônio, adquirindo, por exemplo, diversos imóveis. Para auxiliar na lavagem de dinheiro, teria constituído, juntamente com sua esposa Erika Araujo, empresas que operavam na área de consultoria.

— trecho do documento da Polícia Federal

As empresas foram abertas em 2015, ano em que Rivaldo assume a Homicídios, mas em nome de sua esposa e, segundo a PF, tiveram altos lucros logo no início da operação.

De acordo com o relatório da PF, com base nos dados do COAF, de 2016 a 2020, a empresa Armis, em nome de Erika, faturou R$ 3.931.365,84. Com isso, a empresa teria um lucro médio de R$ 700 mil ao ano.

Não bastasse o lucro, a polícia ainda aponta que nas empresas Erika fazia uma “movimentação atípica de dinheiro”. Isso ocorre por dois pontos:

 

  • Saques de altos valores das contas da empresa para a conta de Erika e falta de pagamento de funcionários, por exemplo, de uma empresa com ganho milionário.
  • A maior parte das movimentações feitas com dinheiro em espécie, o que foi descrito como atípico pela PF.

 

Por exemplo, do lucro da Armis Consultoria, que foi de R$ 3,9 milhões, a maior parte do faturamento foi direto para a conta de Erika, R$ 1,1 milhão. Nas transações, a polícia não encontrou qualquer pagamento a funcionário em todo o período, de 2016 a 2020.

Além disso, outro ponto que chamou a atenção da PF foi a forma como o valor era movimentado entre contas: a maior parte com saque em dinheiro vivo na boca do caixa. O que seria feito para limpar o rastro do dinheiro.

A análise bancária indicou que aproximadamente 66% das operações financeiras de débito foram em decorrência de saques, algo que, a princípio, figura-se como inimaginável e inexplicável, sobretudo no ambiente empresarial.

— trecho do relatório da PF.

Na Mais I Consultoria, por exemplo, outra empresa em nome de Erika, foram movimentados R$ 760 mil em espécie com saques em boca de caixa.

 

Crescimento financeiro de Erika

 

As empresas em nome da esposa do delegado não tinham funcionários, mas tinham lucros altos desde o início da operação, ponto que chamou a atenção da PF. Os ganhos fizeram com que Erika visse sua receita -- dinheiro que ganhava -- aumentar mais de 14 vezes.

Antes de ser empresária de um ramo milionário, ela ganhava pouco mais de R$ 4 mil de salário na prefeitura do Rio de Janeiro. Até 2010 ela declarava ganhos de R$ 62 mil ao ano. Um ano antes da abertura das empresas em 2014, o ganho era ainda menor: R$ 32,7 mil. O valor em 2017, no entanto, chegou a R$ 927 mil.

Além disso, o registro de bens em seu nome também cresceu. Em 2010, Erika tinha R$ 48 mil em bens em seu nome. Em menos de dez anos, o valor saltou para R$ 705 mil.

A polícia disse que nas contas de Rivaldo, no entanto, não foram encontradas movimentações suspeitas. A conexão entre ele e o dinheiro seria a esposa.

 

Qual a relação de Rivaldo com o caso Marielle

 

Segundo a PF, a movimentação bancária, as empresas de fachada e a lavagem de dinheiro são parte do esquema de Rivaldo, que “recebia vantagens indevidas da contravenção para não investigar/não deixar investigar os homicídios”.

É justamente esse item que Ronie Lessa, delator e parte importante da investigação, aponta como parte importante no plano de assassinato da vereadora.

Segundo as apurações, o delegado deu uma "garantia prévia de impunidade" aos mandantes do crime.

 

O que dizem os envolvidos

 

O advogado de Rivaldo Barbosa, Alexandre Dumans, disse que seu cliente não obstruiu as investigações.

« Voltar

Veículo tomado de assalto de agente de saúde em Patos é localizado abandonado pela Polícia Militar

NA PARAÍBA

VÍDEO: perseguição entre policiais rodoviários federais e motorista de caminhão na BR-230

Veja também...

OPORTUNIDADE

Divulgado gabarito das provas do concurso do Banco do Nordeste

NA PARAÍBA

STF atende recurso de Ricardo Coutinho e mantém ação da Calvário na Justiça Eleitoral

TRÁGICO

Direção do Hospital de Patos confirma que servidora tirou a própria vida e lamenta perda