Enquanto as doenças crônicas relacionadas ao uso do cigarro convencional levam décadas de dependência para se desenvolver, a Evali, doença causada pelo cigarro eletrônico, se instala em apenas 12 meses. O alerta é do pneumologista Sebastião de Oliveira Costa, médico cooperado da Unimed João Pessoa.
O termo Evali vem da sigla em inglês para E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury que, em português, pode ser traduzido para Lesão Pulmonar Associada ao Uso do Cigarro Eletrônico.
De acordo com Sebastião Costa, estudos do Centro de Prevenção e Controle de Doenças norte-americano concluíram que 2.807 pacientes foram atendidos em 2019 nos serviços de emergência com Evali. Destes, muitos tiveram que receber oxigênio, outros foram entubados, alguns transferidos para UTIs e 68 não resistiram aos sintomas agudos da doença, que são tosse, dor no peito e intensa insuficiência respiratória.
“O que despertou imensa atenção da comunidade médica foi a diversificação dos sintomas dessa patologia. Além da tosse, dor no peito e insuficiência aguda grave, estiveram presentes a hemoptise (sangramento), febre, dessaturação e sintomas digestivos – dor abdominal, vômitos, diarreia e intenso mal-estar”, informou Sebastião Costa, que é presidente do Comitê de Tabagismo da Associação Médica da Paraíba (AMPB) e membro da Comissão de Tabagismo da Associação Médica Brasileira (AMB).
Perigo entre os jovens
O maior perigo é entre os jovens de 15 a 24 anos. Pelo menos, 70% das pessoas que usam cigarro eletrônico estão nessa faixa etária. Essa particularidade deve, inclusive, mudar o perfil das mortes causadas pelo tabagismo no mundo.
Hoje, a quase totalidade das mortes é de adultos que usam o cigarro tradicional e são acometidos, principalmente por três doenças: infarto do miocárdio, enfisema pulmonar e câncer de pulmão. “Num futuro não muito distante deve remodelar o perfil etário dessa estatística”, lamentou Sebastião Costa.
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