Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira aponta o que pensam os deputados federais sobre políticas em discussão atualmente. Os dados mostram que a elevação da faixa de isenção de imposto de renda (IR), defendida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é a que conquista mais apoio — 88% dos parlamentares se posicionam a favor da mudança. Já o fim da escala de trabalho 6 por 1 e a exclusão das verbas do Judiciário do limite de gastos são as mais rechaçadas, com 70% dos membros da Câmara contrários às propostas.
Veja como se posicionaram os deputados:
Posicionamento dos deputados
Política | A favor | Contra | NS/NR |
Elevação da faixa de isenção de IR | 88% | 5% | 7% |
Exploração de petróleo da Amazônia | 83% | 10% | 7% |
Aumento das penas para roubos | 76% | 16% | 8% |
Fim da reeleição para o Executivo, e aumento dos mandatos | 69% | 20% | 11% |
Segunda parte da reforma tributária | 63% | 29% | 8% |
Proibição de apostas online por beneficiários de programas sociais | 55% | 38% | 7% |
Projeto de lei alternativo à anistia | 54% | 24% | 22% |
Nova política de ensino à distância | 53% | 35% | 12% |
Inclusão de verbas indenizatórias no teto constitucional | 48% | 38% | 14% |
Elevação da taxa de IR para os super-ricos | 44% | 46% | 10% |
PEC da segurança pública | 42% | 42% | 16% |
Projeto de lei dos supersalários | 32% | 53% | 15% |
Fim da escala 6 por 1 | 22% | 70% | 8% |
Exclusão das verbas do Judiciário do limite de gastos | 15% | 70% | 15% |
Fonte: Genial/Quaest
A pesquisa foi realizada entre 07 de maio e 30 de junho com 203 deputados federais em exercício. Isso corresponde a 40% do número total de parlamentares e representa a divisão de partidos e regiões brasileiras. A margem de erro é de 4,5 pontos percentuais para mais e para menos.
Como mostrou o GLOBO, pressionado pelo Congresso e pela crise de popularidade, o governo pretende mudar o foco e usar a taxação dos ricos prevista na proposta de aumento de isenção do Imposto de Renda, o fim da jornada de trabalho 6 x 1 e o combate aos supersalários no funcionalismo como bandeiras da gestão. A ideia é buscar uma saída política para o presidente Lula e reforçar um caráter antissistema que possa render dividendos eleitorais.
A isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil é a principal pauta da agenda legislativa do Palácio do Planalto este ano. O objetivo é de que a novidade comece a valer em 2026, ano eleitoral. O governo assinou em março a proposta para isentar quem ganha até essa faixa por mês. Com o projeto, Lula cumpre uma promessa de campanha e tenta melhorar sua imagem junto à população em um momento em que a sua popularidade está no nível mais baixo de seus três governos.
Na semana passada, a ampliação da faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até dois salários mínimos foi aprovada pela Câmara. A mudança vai custar R$ 3,29 bilhões em impostos que não serão recolhidos neste ano para os cofres públicos, segundo o cálculos da gestão petista. Para 2026 e 2027, o impacto será de R$ 5,34 bilhões e R$ 5,73 bilhões, respectivamente. O texto vai ao Senado.
Um auxiliar do núcleo central do governo acredita que a luta pelo fim da escala 6 x 1 também passa a mensagem de que a gestão Lula está defendendo os mais pobres. Por isso, o governo deveria, em sua visão, assumir nos próximos meses protagonismo nesse debate. Em pronunciamento de rádio e TV no Dia do Trabalho, Lula já fez uma defesa da proposta.
— Nós vamos aprofundar o debate sobre a redução da jornada de trabalho vigente no país, em que o trabalhador e a trabalhadora passam seis dias no serviço e têm apenas um dia de descanso. A chamada jornada 6 por 1. Está na hora de o Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras — disse o presidente na ocasião.
Por enquanto, ainda não há uma estratégia de articulação no Congresso para que o projeto sobre o assunto avance. Em fevereiro, a deputada Erika Hilton (PSOL-SP) apresentou uma a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que coloca fim à escala de trabalho 6x1. A parlamentar já debateu o assunto com ministros, mas ainda não há uma estratégia do Planalto para viabilizar a tramitação do texto.
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