O iminente acerto entre o técnico Vítor Pereira e o Flamengo causa irritação e frustração na diretoria do Corinthians, que havia oferecido uma renovação contratual ao português para a temporada de 2023 e ouviu dele que a saída seria apenas por motivos familiares.
Há vários motivos para fundamentar o sentimento de traição do Corinthians em relação a Vítor. Abaixo, o ge lista cinco dos que ouviu nos últimos dias.
Vítor Pereira, Filipe Almeida e jogadores do Corinthians no banco — Foto: Marcos Ribolli
Presidente do Corinthians, Duilio Monteiro Alves conservou durante todo o período em que VP esteve no clube uma ótima relação com o português. Sem laços no país, o português foi tratado pelo presidente como um amigo pessoal. Ele via em Vítor um caminho encurtado para o sucesso em 2023, em busca de seu primeiro título na gestão, e sequer pensava em um plano B para o próximo ano.
A diretoria deu a Vítor tempo para pensar e repensar sobre seu futuro e tratou com respeito a questão familiar que parecia impedi-lo de continuar no Corinthians. Foram vários dias aguardando o anúncio da decisão, sem apressá-lo. O novo contrato ficou na mesa de VP por três semanas.
Na despedida, Duilio agradeceu ao "irmão". Todo esse tratamento de amigo deixa o presidente e quem trabalha com ele com o sentimento de traição e desrespeito pelo que foi construído na temporada. Todos acreditaram nas "questões familiares", mas hoje acham que era tudo uma desculpa.
Duilio Monteiro Alves, Vítor Pereira e Alessandro Nunes no CT do Corinthians — Foto: Rodrigo Coca/Ag. Corinthians
Vítor ficaria no Corinthians com liberdade para conduzir todo o planejamento, que já estava iniciado. Teria carta branca para montar o elenco que quisesse, promessa da cúpula para dar ao português a confiança de que o ano de 2023 poderia ser, sim, muito mais positivo do que foi 2022.
O treinador chegou a dizer que a temporada teria sido outra se Yuri Alberto, por exemplo, estivesse no elenco desde o início do ano. Portanto, foi passado ao português que o elenco não seria desmontado. Pelo contrário, receberia reforços.
A diretoria do Corinthians estava disposta a fazer esforços financeiros para conseguir trazer ao menos quatro reforços para o treinador português – nomes que ele julgasse necessários. O Timão prometeu a VP que faria o possível para dar a ele um time com opções e mais competitivo.
Tudo isso seria feito em um ano em que a diretoria acredita que haverá mais dificuldades financeiras, já que o clube terá de voltar a pagar as parcelas do financiamento da Neo Química Arena.
O clube faria esforços para contratar em definitivo, por exemplo, Maycon, emprestado até o fim do próximo mês pelo Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, além de Yuri Alberto, emprestado até o meio do ano pelo Zenit, da Rússia. Duas negociações consideradas caras, mas que agradavam ao técnico.
Réver e Yuri Alberto; Corinthians x Atlético-MG — Foto: Pedro Souza/Atlético-MG
Muitos jogadores do elenco não gostavam da forma de liderança de Vítor Pereira e da relação fria dele com o grupo. A diretoria, mesmo ciente disso, acreditava e aceitava como algo normal na relação profissional. Afinal, havia resultados em campo. Alguns líderes do time, porém, comemoraram quando não houve acerto para renovação.
Embora não admita publicamente, o Corinthians teve o planejamento prejudicado pela novela de Vítor Pereira. Os reforços para o próximo ano seriam indicações do treinador português e, sem ele, as buscas mudaram de direção. O elenco também não achou normal praticamente sair de férias sem ter a certeza de quais seriam os rumos a serem tomados para 2023.
Paralelo a isso, o clube acabou ficando para trás no mercado de técnicos. Juan Pablo Vojvoda renovou com o Fortaleza, Fernando Diniz encaminhou permanência no Fluminense, Odair Helmman foi anunciado pelo Santos, Eduardo Coudet pelo Atlético-MG, e o Timão não confiou nas opções de mercado restantes à disposição.
Agora com Fernando Lázaro, o Corinthians precisará também refazer toda sua comissão técnica com novas contratações e planejar novamente o que poderia já estar definido se houvesse a permanência de Vítor no Brasil. O preparador físico Flávio de Oliveira, por exemplo, retornará ao clube.
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