
Aos 22 min do 2º tempo - gol de dentro da área de Plata do Flamengo contra o Mirassol
Por Globo Esporte Sexta-Feira, 15 de Agosto de 2025
Não, o Flamengo não faz mais gols no primeiro tempo do que no segundo. A recente teoria criada por torcedores (tem até meme circulando nas redes sociais com Jorge Jesus e Tite) não se aplica à realidade em nenhum recorte de 2025. O ge fez um levantamento de quando o time marcou os 79 gols nesta temporada até aqui (sem contar os oito feitos pelo sub-20 no Campeonato Carioca sob o comando do Cleber dos Santos).
Meme do Flamengo: diferenças do primeiro para o segundo tempo — Foto: Reprodução
Antes da Copa do Mundo de Clubes, o Flamengo tinha feito 26 gols no primeiro tempo e 42 no segundo. A proporção de ser quase o dobro se mantém num recorte menor pós-Mudial: foram quatro marcados na etapa inicial contra sete na metade final das partidas, desde a volta dos Estados Unidos.
Samuel Lino em ação pelo Flamengo — Foto: Jorge Rodrigues / AGIF
Com base nesses números e na memória fresca dos últimos jogos, pode-se deduzir que a queda de produção do time na etapa final é um problema mais recente do que recorrente. Nas últimas cinco partidas, o Flamengo estufou a rede só uma vez no segundo tempo (veja no vídeo abaixo) e viu o seu número de finalizações diminuir e dos adversários aumentar.
Na derrota por 1 a 0 para o Atlético-MG no Maracanã, pela Copa do Brasil, o Flamengo finalizou nove vezes no primeiro tempo e oito no segundo. Já o Galo subiu de cinco para oito finalizações depois do intervalo, e em uma delas fez o gol da vitória.
Aos 22 min do 2º tempo - gol de dentro da área de Plata do Flamengo contra o Mirassol
No jogo seguinte, no 1 a 1 com o Ceará no Castelão, o Flamengo foi de oito finalizações na etapa inicial para seis na final. Enquanto o Vozão subiu de duas para sete conclusões a gol depois do intervalo, inclusive marcando uma vez e garantindo o empate.
Na partida da volta contra o Atlético-MG na Copa do Brasil, o Flamengo fez 1 a 0 e amassou o adversário no primeiro tempo na Arena MRV. Porém, no segundo, o número de finalizações rubro-negras caiu de 10 para seis, enquanto o do Galo subiu de sete para 11. O time mineiro não conseguiu evitar a derrota, mas sofreu menos sustos e levou a decisão da classificação para os pênaltis, quando saiu vencedor.
Bruno Henrique e Filipe Luís — Foto: Thiago Ribeiro / Agif
Já na vitória por 2 a 1 diante do Mirassol no sábado passado, em um jogo franco no Maracanã, o Rubro-Negro finalizou 13 vezes no primeiro tempo e 11 no segundo. Mas sofreu sustos do time paulista, que na etapa final passou de cinco para oito finalizações, incluindo um gol.
E na última quarta, na vitória por 1 a 0 sobre o Inter pelo jogo de ida da Libertadores, as finalizações rubro-negras despencaram de nove para duas no segundo tempo, enquanto as do Colorado subiram de uma para quatro. O Flamengo mesmo com menor volume não levou sustos, mas não conseguiu uma vantagem maior levar para o Beira-Rio.
Naturalmente, nunca se trata de um motivo isolado. Um fator óbvio é o cansaço. O Flamengo costuma impor um ritmo muito forte no primeiro tempo, o que fisicamente é praticamente impossível manter nos 90 minutos com a mesma intensidade (até para o time do Jorge Jesus em 2019).
Dupla Léo Ortiz e Léo Pereira vem de oito jogos seguidos no Flamengo — Foto: Alexandre Durão
— Acredito que se passa muito pelo desgaste dos nossos atacantes, que fazem um esforço muito grande pela equipe. Mas a equipe do outro lado tem grandes jogadores também e tentam fazer jogadas e gols. Isso é normal, em algum momento você vai sofrer, não vai ser todo jogo que vamos ter 100% do controle, até porque não jogamos contra cone (risos). É entender essa fase do jogo e saber sofrer também e depois atacar — opinou Léo Pereira na saída do Maracanã na última quarta-feira.
E dentro do tema desgaste há outras questões, como por exemplo desfalques que impedem uma rodagem maior do elenco (que o diga a dupla dos Léos na zaga, que vem de oito jogos seguidos atuando os 90 minutos). Sacrifícios táticos de marcação (contra o Mirassol, Pedro voltou para marcar na lateral no segundo tempo, o Flamengo tomou a bola para atacar, e o camisa 9 já não tinha perna para correr e participar da jogada). Substituições por vezes tardias para renovar o fôlego da equipe...
Pedro volando pela lateral após dar combate na marcação no campo de defesa no Flamengo x Mirassol — Foto: Thiago Lima / ge
Há também o mérito do adversário. Se um time está perdendo, é natural que o técnico faça mudanças no intervalo e mude a forma de jogar para tentar surpreender o Flamengo. E muitas vezes, tanto Filipe Luís quanto o time só vão entender a nova dinâmica do oponente com a bola rolando, o que pode demorar a se adaptar no campo. Como citou o comentarista Carlos Eduardo Mansur, do Grupo Globo, em cima do jogo contra o Inter:
— Tem algumas hipóteses, e a maior delas é: o Inter muda sua forma de encarar o jogo, sem a bola passa a fazer pressão na saída de bola, o que conseguiu incomodar o Flamengo. No primeiro tempo não que não tenha incomodado, ele praticamente não tentou. Defendia muito da sua intermediária para trás, dando aos defensores do Flamengo mais tempo com a bola para, a partir daí, se organizar ofensivamente. Ao se estabelecer mais tempo no campo de ataque, isso dificulta um pouco.
Mansur fala sobre a queda de desempenho do Flamengo no segundo tempo
— Outra questão que pode ser uma hipótese: o Flamengo é um time que muitas vezes tenta impor um ritmo muito alto, amassar e empurrar os adversários para trás. É possível, dentro do que é o calendário do futebol brasileiro, que isso cobre o preço em relação à pressão. O Flamengo chegava atrasado no segundo tempo, quando tentava pressionar os volantes do Inter. Acho que é um pouco de tudo, queda física e técnica e uma mudança do Inter.
O placar de 1 a 0 dá ao Flamengo a vantagem de jogar pelo empate no Beira-Rio contra o Inter na próxima quarta-feira, às 21h30 (de Brasília), para seguir vivo na Libertadores. Antes, os dois times se enfrentam no mesmo estádio, às 18h30 (de Brasília), pelo Brasileirão. O Rubro-Negro vai em busca da vitória para continuar isolado na liderança da Série A, e aí não importa se o gol é no primeiro ou segundo tempo.