Análise: Vasco cria para vencer o Botafogo e pode tirar boas lições de empate
Por Globo Esporte Quinta-Feira, 28 de Agosto de 2025

O Vasco jogou para ir com vantagem para o segundo jogo das quartas de final da Copa do Brasil. Saiu de São Januário na noite desta quarta-feira com apenas um empate em 1 a 1, mas a equipe de Fernando Diniz pode e deve tirar boas lições do primeiro clássico para buscar a classificação no Nilton Santos. O duelo de volta ocorre no dia 11 de setembro.
Depois de dois jogos com atuações muito abaixo da média (derrotas para Juventude e Corinthians no Brasileirão), o Vasco foi acima de tudo um time muito aguerrido em campo neste quarta. Não teve bola perdida nem pé fraco nas divididas. A postura foi reconhecida pela torcida, que cantou o tempo inteiro no estádio e não se deixou abalar sequer com o gol sofrido no início - Davide Ancelotti definiu São Januário como "território hostil" depois da partida.
O vascaíno que foi a São Januário ou assistiu pela televisão terminou o jogo com a sensação de que a equipe competiu, o que não vinha ocorrendo.
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Vegetti em ação na partida do Vasco contra o Botafogo — Foto: Thiago Ribeiro/AGIF
O Vasco foi melhor que o Botafogo no jogo de ida das quartas de final e teve chances de sair com a vitória, mas John fez ao menos três defesas importantes. Quando o goleiro adversário foi superado, a finalização de Rayan no início do segundo tempo explodiu no travessão. Faltou capricho e um pouco de sorte.
Também houve um lance capital na partida, que foi o possível pênalti não marcado para o Vasco logo aos dois minutos do segundo tempo. Marlon Freitas interceptou o chute de Rayan com o braço dentro da área, mas o árbitro Anderson Daronco enxergou a bola tocando primeiro no peito do volante botafoguense. Diniz soltou os cachorros na coletiva: "Todo mundo é trouxa agora".
O bom nível de atuação com direito a oito finalizações na direção do gol adversário (o Botafogo só acertou três) se deve principalmente à organização do meio de campo tanto na fase ofensiva quanto defensiva. Coutinho fez ótimo primeiro tempo e cansou no segundo. Jair fez gol e foi eleito o melhor jogador da partida. E Barros, a novidade na escalação, deu a pegada que essa partida pedia e terminou empatado com Lucas Piton como maior ladrão de bola do time: três desarmes para cada.
O ponto negativo da partida, é claro, foi sofrer mais um gol no início. Arthur Cabral não poderia ter aparecido livre para cabecear depois do cruzamento de Alex Telles, e Léo Jardim deu a impressão de ter sido surpreendido com a velocidade depois que a bola quicou no gramado. Diniz enxergou mais mérito do Botafogo do que qualquer outra coisa:
- O cara fez um gol de cabeça da entrada na área. Rara felicidade do cruzamento e do cabeceio. [...] Se eu fosse fazer um ajuste, hoje eu falei que o Rayan e o Alex Telles teriam que descer ali para evitar o cruzamento, ficou longe para o Paulo Henrique chegar para tirar o cruzamento. Mas é o detalhe do detalhe.
Como foi o jogo
Para os primeiros 90 minutos das quartas de final da Copa do Brasil, Fernando Diniz decidiu colocar Vegetti de volta ao time - o argentino havia ficado no banco contra o Corinthians, na rodada passada do Brasileirão. Além disso, o jovem Cauan Barros, de 21 anos, foi o escolhido para substituir Tchê Tchê, machucado.
Como nem tudo é perfeito, um momento de desatenção foi o suficiente para que a equipe saísse atrás no placar. Alex Telles foi muito feliz no cruzamento na área, e Arthur Cabral, mais feliz ainda na cabeçada. Mas Paulo Henrique não pode dar tanto espaço assim para o lateral adversário, Lucas Freitas deveria estar mais perto do centroavante e Léo Jardim já fez defesas em finalizações muito mais difíceis que essa.
Mas o Vasco não se deixou abalar, seguiu com o plano de marcar o Botafogo em linha alta, dificultando a saída de bola, e foi recompensado com o gol aos 17. Autor do gol, Jair já havia chegado com perigo logo no primeiro minuto do jogo, mas teve o chute travado. Aos 45, Vegetti também teve sua oportunidade, mas cabeceou em cima de John.
O melhor momento dos donos da casa provavelmente foi o início da segunda etapa, quando o Vasco acertou o travessão com Rayan e chutes de Coutinho e Puma Rodríguez defendidos - Paulo Henrique, que vinha visivelmente jogando no sacrifício, saiu no intervalo. Era a hora de fazer o gol que significaria a virada no placar.
Isso não aconteceu. E, pouco tempo depois, Diniz precisou tirar Nuno Moreira e Coutinho, que estavam cansados. O Vasco perdeu qualidade técnica e não conseguiu mais ficar com a bola por muito tempo, embora tenha ganhado em velocidade com as entradas de Andrés Gómez e David. O Botafogo cresceu no jogo e passou a ocupar mais o campo ofensivo, mas sem levar perigo para o gol defendido por Léo Jardim.