O general da reserva Mario Fernandes, ex-secretário executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro, confirmou nesta quinta-feira (24) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que foi o autor do plano conhecido como Punhal Verde e Amarelo, que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes. No entanto, ele afirma que se tratava apenas de um “pensamento digitalizado” e que nunca compartilhou o conteúdo com terceiros.
“Esse arquivo digital nada mais retrata do que um pensamento meu que foi digitalizado. Um compilar de dados, um estudo de situação meu, uma análise de riscos que eu fiz e por costume próprio resolvi digitalizar. Não foi apresentado a ninguém e nem compartilhado com ninguém”, declarou Fernandes durante interrogatório conduzido no STF.
De acordo com a Polícia Federal, o general imprimiu três cópias do documento no Palácio do Planalto. Cerca de 40 minutos depois, ele entrou no Palácio da Alvorada, onde estavam o ex-presidente Jair Bolsonaro e o tenente-coronel Mauro Cid. Questionado se havia discutido o plano com Bolsonaro, Fernandes negou: “Eu ratifico. Impossível. Eu imprimi para ler no papel, para não forçar a vista. Após isso, rasguei.”
A Procuradoria-Geral da República (PGR) levantou a inconsistência do número de cópias e apontou uma nova impressão do plano cerca de um mês após a primeira. Fernandes alegou que pode ter ocorrido uma reimpressão automática por “configuração da impressora” e que teria atualizado o documento após ter uma “nova ideia”.
Apesar da negativa, delações colhidas pela PF – como a do tenente-coronel Mauro Cid – apontam que Mario Fernandes era um dos generais mais empenhados em estimular uma reação armada das Forças Armadas para impedir a posse de Lula em 2022.
As investigações revelaram que o plano Punhal Verde e Amarelo envolvia um grupo ligado às Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”. A ideia era atacar Lula, Alckmin e Moraes três dias após a diplomação do presidente eleito, em 15 de dezembro de 2022. Segundo a PF, o grupo pretendia usar armas de grosso calibre, como fuzis, metralhadoras, lança-granadas e até recorrer a envenenamento. Moraes teria sido monitorado constantemente pelos conspiradores.
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