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Obras retomadas do Teatro e Vila Olímpica em Patos tiveram custo revisto com projetos totalmente refeitos

Por Angélica Nunes e Laerte Cerqueira - JP online   Sábado, 13 de Dezembro de 2025

 

Na quarta e última reportagem da temporada 2025 da série Obras Inacabadas, a equipe retornou a construções visitadas pela primeira vez há quase três anos para verificar o que mudou desde então. O balanço revela um cenário desigual: algumas obras finalmente foram retomadas, mas com custos que chegam a ser até cinco vezes maiores que os valores previstos inicialmente; outras avançaram, porém seguem longe da conclusão.

Em Patos, no Sertão paraibano, a Vila Olímpica voltou a ter operários trabalhando. O espaço começou a ser construído em 2015, com investimento inicial estimado em R$ 2,9 milhões. Na primeira fase, foram gastos R$ 1,3 milhão na preparação do terreno, construção de um portal e de uma quadra. Ainda naquele ano, porém, o contingenciamento de recursos do Ministério dos Esportes paralisou a obra.

 


				
					Obras retomadas com custo até cinco vezes maior encerram nova temporada da série Obras Inacabadas

Construção da Vila Olímpíca, em Patos, foi retomada, mas com alto custo financeiro - Foto: TV Cabo Branco.

Entre 2016 e 2020, a instabilidade política no município — que teve seis prefeitos no período — se transformou em mais um obstáculo. Somente em 2022 a atual gestão realizou uma nova licitação, utilizando R$ 1,6 milhão remanescente do convênio federal e mais R$ 1,3 milhão do governo do Estado.

Segundo o secretário de Administração de Patos, Francivaldo Dias, o projeto precisou ser completamente revisto. Ele explica que “com muitos problemas estruturais, o projeto teve que ser refeito” e que a obra só foi retomada de forma efetiva no segundo semestre deste ano. A prefeitura promete entregar a Vila Olímpica em março do próximo ano, com quadra, piscina, pista de atletismo e campo de futebol. No total, após mais de uma década de espera, o custo será cerca de R$ 1,5 milhão superior ao previsto inicialmente.

Teatro de Patos: de R$ 2,9 milhões para mais de R$ 17 milhões

 


				
					Obras retomadas com custo até cinco vezes maior encerram nova temporada da série Obras Inacabadas

Teatro vai custar mais do que o esperado em Patos, chegando a R$ 17 milhões - Foto: TV Cabo Branco. Gustavo Demétrio

Ainda em Patos, outra obra simboliza os efeitos do tempo, da instabilidade administrativa e da necessidade de refazer projetos: o Teatro Municipal. A construção começou em 2013, orçada em R$ 2,9 milhões. Todo o valor foi gasto na estrutura física, mas, segundo a prefeitura, não restaram recursos para aquisição de equipamentos.

A obra atravessou anos de paralisação, agravados pela instabilidade política e pela pandemia. Em 2024, prefeitura e governo do Estado firmaram um convênio de R$ 10,4 milhões para concluir o teatro. Como o valor não foi suficiente, uma nova licitação foi realizada em 2025, com aporte adicional de R$ 3,9 milhões de recursos próprios do município.

 


				
					Obras retomadas com custo até cinco vezes maior encerram nova temporada da série Obras Inacabadas

Secretário de Administração de Patos, Francivaldo Dias, fala sobre a obra do teatro em Patos - Foto: TV Cabo Branco.

Parte significativa do novo investimento será usada para reforçar a laje onde ficará a plateia, modificar a fachada e demolir uma rampa que nunca foi utilizada. “Em resumo, o projeto teve que ser refeito”, admite Francivaldo Dias. Segundo ele, os recursos estaduais e municipais foram destinados principalmente à reestruturação e aos equipamentos, que representam a parte mais cara da obra.

Ao final, o teatro deve custar mais de R$ 17 milhões — cerca de cinco vezes o valor inicialmente previsto. Moradora da cidade, Regiane acompanha a obra desde o início e mantém a esperança. Ela lembra que ouviu promessas ao longo dos anos e diz acreditar que agora sairá. “Essa obra é nossa e alguém tem que fazer valer”, afirma.

Há dois anos, artistas locais cobraram publicamente uma solução. Perla destacou que o teatro é essencial não apenas para eventos culturais, mas para a formação de pessoas que irão operar os equipamentos. Marcelo reforçou que o espaço é fundamental para fortalecer a cultura local e a cadeia econômica ligada aos artistas de Patos.

Conde: UPA é retomada após anos e custo triplica

 


				
					Obras retomadas com custo até cinco vezes maior encerram nova temporada da série Obras Inacabadas

Custo de obra da UPA, em Conde, é triplicado após retomada - Foto: TV Cabo Branco.

No município do Conde, no Litoral Sul, a boa notícia é a retomada da construção da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), abandonada em 2023. A obra, iniciada por meio de convênio com o governo federal em 2013, tinha investimento inicial de quase R$ 2 milhões e foi paralisada em 2015.

Em 2021, a prefeitura retomou os trabalhos com R$ 500 mil de recursos próprios, mas a construção voltou a parar por falta de dinheiro. Agora, em 2025, o convênio federal foi reativado, com previsão de mais R$ 2,9 milhões em investimentos. Com isso, o custo total da obra será quase três vezes maior do que o valor inicial.

O encarregado da obra, Luiz Silvestre, afirma que a previsão de conclusão é de um ano e seis meses. Ele explica que uma nova empresa assumiu os trabalhos e que o projeto precisou ser novamente revisto. “O forro estava quebrado, a fiação arrancada, tivemos que refazer o pé-direito das janelas porque ficou desproporcional”, detalha.

Monteiro: rodoviária se arrasta há quase cinco anos

 


				
					Obras retomadas com custo até cinco vezes maior encerram nova temporada da série Obras Inacabadas

Rodoviária se arrasta há quase cinco anos em Monteiro - Foto: TV Cabo Branco.

Em Monteiro, no Cariri paraibano, a construção da rodoviária municipal se arrasta há quase cinco anos. O convênio entre prefeitura e governo federal foi firmado em 2017, mas a obra só começou em 2019. Em 2020, com apenas 14% de execução e R$ 200 mil pagos, a empresa responsável desistiu.

Uma nova empresa foi contratada em 2022 por R$ 1,4 milhão. Em 2023, a obra continuava parada, apesar da promessa de conclusão em um ano. Atualmente, metade do valor já foi paga e, segundo laudo da prefeitura, a execução física chegou a 75%.

Enquanto isso, a Praça Nilo Feitosa segue sendo o ponto de embarque e desembarque de passageiros em uma cidade com cerca de 30 mil habitantes. A estudante Luana Teles destaca que a falta de um terminal adequado compromete a segurança. “A gente não se sente confortável numa praça”, afirma. O mototaxista João Batista Medeiros lembra que a rodoviária também geraria renda. “Era bom terminar para a gente fazer um ponto de moto-táxi e ganhar um troco”, diz. Para a dona de casa José Maria da Conceição, o equipamento traria “conforto e segurança”, além de organizar a chegada e saída de passageiros.

Avanços pontuais e prejuízo já consolidado

Apesar do cenário geral de atraso e aumento de custos, há registros de avanço. Em Patos, o Centro de Iniciação ao Esporte, no bairro Monte Castelo, foi concluído após quase dez anos. A obra havia sido abandonada em 2023, com R$ 800 mil já gastos de um convênio com o Ministério dos Esportes. O acordo foi cancelado, mas a construção foi retomada por meio de parceria entre prefeitura e governo do Estado. Ao todo, foram investidos R$ 3 milhões, e o centro foi entregue à população em outubro deste ano.

Já em Marizópolis, a espera por uma policlínica continua. Há quase três anos, a obra estava parada, mesmo após R$ 650 mil investidos. Em outubro de 2025, foi constatado que houve retomada, mas a construção ainda está longe de ser concluída e o novo valor é estimado em R$ 1,3 milhão para conclusão. O prejuízo aos cofres públicos já ocorreu; agora, a corrida é para garantir que o serviço chegue à população.

A série Obras Inacabadas mostra que, embora algumas construções finalmente avancem, o custo do atraso é alto — financeiro e social. O desafio que permanece é transformar promessas retomadas em entregas reais, evitando que novas obras se somem à lista de projetos que se arrastam por anos.

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