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'Lula é contra, eu sou contra', diz Alckmin sobre aborto

Por O Globo    Quinta-Feira, 29 de Setembro de 2022


Em busca de mais votos entre evangélicos na reta final da campanha, o candidato à vice-presidência Geraldo Alckmin (PSB) afirmou que ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato do PT ao Palácio do Planalto, são contra o aborto. Em entrevista a um podcast voltado ao público religioso, argumentou que nem sequer é tarefa do governo federal discutir o assunto. O ex-governador de São Paulo disse ainda que o tema deve ser tratado pelo Congresso Nacional, mas não "acredita que vá mudar nada da lei atual".

— O povo precisa ter todas as informações. Então, aborto, o presidente Lula é contra; eu sou contra. Ele foi presidente oito anos e não mudou lei nenhuma, nenhuma, nenhuma. O que é dever você fazer são políticas públicas de saúde. É preciso os jovens terem educação e informação até para não ter gravidez indesejada. E oferecer possibilidade pra evitar, métodos contraceptivos. Não há hipótese e nem é tarefa do governo. Isso é assunto do Congresso Nacional e nem acredito que vá mudar nada da lei atual — disse Alckmin em entrevista ao podcast SIMpodCRER, direcionado ao público evangélico.

Alckmin falou sobre aborto sem ser questionado especificamente sobre o tema, sensível a este público. Abordou o assunto quando perguntado sobre como aproximar governos de esquerda do público evangélico. A entrevista ao vivo dada em São Paulo faz parte de uma estratégia do PT para tentar ganhar terreno entre os evangélicos na última semana antes do primeiro turno. A campanha escalou a ex-ministra Marina Silva, evangélica da Assembleia de Deus, e Alckmin para falar diretamente a este segmento.

A estratégia inclui gravação de vídeos, entrevistas e encontros com estes religiosos. A leitura entre petistas é de que Alckmin, mesmo católico, tem credibilidade e acesso a lideranças e representantes de uma classe média de evangélicos em São Paulo.

Em uma hora de conversa, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não foi mencionado nenhuma vez. Na conversa, Alckmin defendeu governo e Estado laicos, mas classificou como positivas a aproximação com valores cristãos, argumentando que governos modernos interagem e ouvem todas as religiões.

O candidato a vice de Lula também foi questionado sobre ideologia de gênero nas escolas, tema que compõe a pauta ideológica do presidente Jair Bolsonaro. Alckmin afirmou que "isso não existe" e é um desrespeito com educadores.

— Sempre visitei muita escola, isso não existe. Professores ensinam português, matemática, não existe isso. É um desrespeito aos educadores, precisamos, e é função do Estado, garantir liberdade das pessoas. O livre arbítrio das pessoas e a proteção das pessoas. Não é possível tolerar violência de nenhum tipo, cercear liberdade, ter homofobia porque a pessoa pensa diferente.

— Não há nenhuma hipótese (de Lula fechar igrejas). O presidente não fechou igreja nenhuma e consagrou o Dia da Liberdade Religiosa, Dia da Marcha de Jesus. O que queremos é que tenhamos mais igrejas e as pessoas terem sua liberdade religiosa. Eu sempre agradeço igrejas, sou católico, mas todas igrejas fazem um trabalho bonito de evangelização, levando fé. O que o mundo precisa são valores, valores cristãos.

O petista tem crescido entre esse eleitorado, embora Bolsonaro continue sendo o preferido desse público. No Datafolha, o ex-presidente começou a subir em 9 de setembro, quando foi de 28% para 32%. Desde então, o candidato à reeleição oscilou de 51% para 50%. A campanha de Lula considera mínimas as chances do petista vencer no segmento, mas trabalha para reduzir a vantagem, uma frente importante para tentar liquidar a fatura no primeiro turno.

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