Desde 2016, o Sertão HQ vem se consolidando como um importante evento cultural no interior da Paraíba, com foco na valorização da arte dos quadrinhos brasileiros. Idealizado por um grupo de amigos artistas, o festival surgiu como uma alternativa aos eventos voltados exclusivamente à cultura japonesa, oferecendo um espaço democrático e inclusivo para artistas nordestinos mostrarem seu trabalho.
Nessa edição, durante os dias 23 e 24 de maio, além de atrações musicais, videogames e cinema, estiveram presente artistas do Rio Grande do Norte, a exemplo de Leander Moura e Cristal Moura, que produzem histórias de terror; O professor Beto Potyguara, especialista em cordéis; Gabriel Dantas, famoso pelas suas tiras na internet, além do designer e quadrinista Markos Garcia.
Da Paraíba recebemos o diretor de cinema Silvio Toledo com a exibição do filme de animação que rodou em circuito nacional “Juvenal e o Dragão”; Paloma Diniz que nasceu em Patos, mas se destaca como ilustradora e editora de quadrinhos em João Pessoa; O talentoso cantor e caricaturista Sócrates Gonçalves, além do jovem casal de artistas de Sapé, Arthur e Morgana, com seus quadrinhos e ilustrações.
Direto do Ceará recebemos o consagrado cartunista, vencedor do Premio Jabuti de charge e cartum, Carlos Guabiras.
Com edições realizadas nas cidades de Patos e Coremas, o Sertão HQ se diferencia por ser totalmente gratuito — tanto para o público quanto para os artistas participantes. A estrutura do evento é viabilizada por meio de apoios institucionais, como a Prefeitura de Patos (secretarias de cultura, educação e juventude) e a Fundação Ernani Sátyro, além de parcerias com patrocinadores locais e vereadores apoiadores à exemplo de Lúcia de Chica Mota e Josmá Oliveira.
“O evento sempre teve a proposta de ser acessível a todos. Os artistas não precisam pagar para participar, apenas se inscrevem e são selecionados conforme a proposta do festival, que é voltada para quadrinhos de todas as idades”, explica Alex Souto, designer gráfico, produtor de quadrinhos e um dos organizadores do Sertão HQ.
A iniciativa tem papel fundamental na valorização da produção artística da região, aproximando o público dos criadores e incentivando a formação de novos talentos. “Com a participação de tantos artistas, descobrimos jovens com grande potencial e despertamos o interesse pela arte do desenho. Isso tem sido um dos maiores legados do Sertão HQ”, completa Aurélio Filho, quadrinista com mais de dez obras publicadas e também membro da organização.
Além de Alex e Aurélio, o coletivo do Sertão HQ conta com outros nomes expressivos da cena cultural patoense, como o escultor e ilustrador Matheus Limeira, os artistas performáticos e cosplayers Flavio Noodle e Leonardo Santos, que também desenvolve jogos de tabuleiro, além de Leonardo Sonic, colecionador e especialista em jogos antigos e fotografia, e Roberto Guedes, conhecido por seu trabalho com retrogames e cultura maker.
Ao longo de suas edições, o Sertão HQ não apenas promoveu o intercâmbio entre artistas da região, como também se firmou como uma vitrine da produção cultural do sertão paraibano, estimulando o consumo e a criação de quadrinhos locais. Mais do que um evento, tornou-se um movimento de resistência e valorização da cultura geek no sertão da Paraíba.