Pai que matou o filho autista de 11 anos e confessou o crime: entenda o caso
Por Jornal da Paraíba Terça-Feira, 4 de Novembro de 2025
Davi Piazza Pinto, pai de um menino autista e com deficiência visual de 11 anos, se apresentou à Polícia Civil em Santa Catarina e foi preso após confessar ter matado o próprio filho, Arthur Davi Velasquez, por asfixia. O crime aconteceu depois de Davi viajar de Florianópolis para João Pessoa, onde o garoto vivia com a mãe. O corpo da criança foi sepultado na capital paraibana, na segunda-feira (3).
O Jornal da Paraíba reuniu as principais informações sobre o caso — incluindo os resultados preliminares da perícia, a versão apresentada pela mãe e as linhas de investigação seguidas pela polícia.
De acordo com o delegado Bruno Germano, o pai tinha pouco contato com o filho e havia procurado a mãe recentemente com o objetivo de reaproximar-se da criança.
Corpo encontrado em área de mata

Corpo encontrado em área de mata. Flávio Fernandes/TV Cabo Branco
O corpo da criança foi encontrado, na noite do sábado (1º), em uma área de mata no bairro Colinas do Sul, em João Pessoa. Arthur Davi estava desaparecida desde a manhã de sexta-feira (31). Desde o início apontado como o principal suspeito, o pai da criança se entregou para a polícia em Santa Catarina.
De acordo com informações da Polícia Civil, o homem havia viajado de Santa Catarina para a Paraíba com o argumento de ajudar nos cuidados do filho. A mãe da criança mora em João Pessoa e está em um novo relacionamento. O pai manteve contato com ela e pediu para se encontrar com o menino, o que aconteceu no bairro de Manaíra, zona leste da capital paraibana.
“O pai esteve aqui [em João Pessoa] na quinta-feira, na sexta ele recebeu a criança para curtir momentos em família. Ele tinha combinado com a mãe de levar a criança para passar um tempo [com ele] em Florianópolis. [A mãe] começou a falar com ele, perguntar sobre o filho, e ele dizendo que estava tudo bem. Não enviava fotos. Quando hoje [domingo], ele, arrependido, ligou para ela, informando que tinha matado a criança, o local onde tinha ocultado o cadáver e se entregou à polícia de Florianópolis”, disse o delegado Bruno Germano.
A perícia preliminar aponta asfixia

A perícia preliminar aponta asfixia - Foto: TV Cabo Branco.
De acordo com o Instituto Médico Legal (IML), a causa da morte de Arthur Davi foi asfixia por sufocação. Outros exames, como o toxicológico, também foram feitos, mas os resultados ainda não sairam. O corpo foi liberado para os familiares ainda no domingo (2).
As investigações apontam que o crime ocorreu logo após o encontro. Segundo a Polícia Militar, depois de matar o filho, Davi levou o corpo até o bairro Colinas do Sul, onde o enterrou em uma área de mata, nas imediações de uma antiga fábrica abandonada. O corpo foi encontrado dentro de um saco plástico preto, parcialmente coberto por terra, em uma cova rasa.
Mãe diz que orientou pai a cuidar do filho adequadamente

Corpo de criança morta pelo pai foi enterrado nesta segunda-feira (3), em João Pessoa. Karine Tenório/TV Cabo Branco
Aline Lorena, mãe da criança morta, disse para a TV Cabo Branco, na manhã desta segunda-feira (3), durante o enterro do menino, no Cemitério do Cristo Redentor, em João Pessoa, que não esperava que a morte do filho acontecesse quando concordou com a aproximação do pai com o a criança, a pedido dele próprio.
Ela contou que deixou pronto tudo o que o filho precisaria durante o período em que ficaria com o pai e que pediu para que o homem a avisasse caso a criança apresentasse algum sinal de irritação enquanto eles estivessem juntos.
“Tudo foi muito combinado. A gente conversou, eu sentei com ele. Um dia antes eu expliquei: ‘cara, o Arthur é assim, ele come assim’, eu passei no mercado, comprei o que ele gostaria de comer. Arrumei a roupinha dele, falei: ‘ele vai viajar com tal roupa, tem o fonezinho abafador, como ele é uma criança autista, pode ser que ele se irrite no caminho, mas me avisa, ele tem horário de ir no banheiro, ele tem as coisinhas dele'...", contou Aline Lorena, mãe da criança.
A mãe contou ainda que chegou a ir ao encontro do pai com o menino e que se disponibilizou para ajudá-lo, devido à condição de autismo que a criança tinha, que poderia ser um fator que causasse alguma dificuldade para o pai da criança em termos de cuidados específicos que ele deveria fornecer.
"Deixei tudo certo. Deixei o menino alimentado, dei banho, ainda quis ficar mais um tempo, mas ele [o pai da criança] falou: ‘não, pode ir que eu cuido, eu preciso conviver’. Não passava pela minha cabeça o que ia acontecer. Não tem justificativa. O Arthur foi uma criança incrível, nasceu de 5 meses, 800 gramas. A gente batalhou a vida inteira por ele. O que aconteceu só cabe à Justiça agora", disse Aline.
A Polícia CIvil investiga se Davi Piazza Pinto usou um carro de aplicativo para levar o corpo do filho até uma área de mata no bairro Colinas do Sul.