Presente em todas as listas de homens mais ricos do Brasil, com uma fortuna pessoal estimada em 6 bilhões de reais, o empresário maranhense Ilson Mateus Rodrigues, fundador do Grupo Mateus, é discreto e conserva hábitos simples. “Ele é um verdadeiro herói do nosso empreendedorismo”, diz o consultor de marcas Jaime Troiano. Na entrevista a seguir, Mateus conta como se tornou o que é hoje.
Como criar um império comercial a partir do zero? Com muita resiliência e trabalho. Tenho 39 anos de aprendizado diário, de muitas batalhas para encontrar soluções. O varejo é muito dinâmico. Tem de haver atenção aos detalhes, enxergar as necessidades do mercado e se antecipar. A base do negócio é logística, pessoas, tecnologia, serviços e fornecedores.
Como foi que tudo começou? No meio da década de 1980, eu estava no garimpo quando ouvi falar que Balsas, no Maranhão, estava sendo beneficiada pelo agronegócio. Eu já havia quebrado duas vezes no garimpo e, incentivado por um conhecido, resolvi ir para lá. Quando cheguei, senti que ali era o lugar certo para montar um comércio. Iniciei vendendo cargas de refrigerante e logo passei a oferecer outras mercadorias também. Em 1986, aluguei um salão de 50 metros quadrados e coloquei na fachada o nome Mercearia Mateus.
O negócio prosperou rápido? Não. Estamos falando de uma época de inflação, em que a gente dormia com os produtos com um preço e amanhecia com outro. Tinha tudo para dar errado, mas eu sempre enxerguei oportunidade nos momentos de crise e consegui ter estoque comprando mercadoria a prazo. Sem perceber, fomos transformando Balsas em um polo de atacado, nosso principal negócio por muitos anos. Ficamos com apenas uma loja de varejo até o ano 2000.
Em que momento se deu o salto de qualidade? Na nossa chegada a São Luís, em 2003. Já estávamos em Imperatriz e Santa Inês, mas ir para a capital era diferente. Tive a oportunidade de comprar duas lojas do antigo Preço Bom. No dia da inauguração (de uma das lojas), com a casa cheia, o sistema de caixas não funcionou e eu tive de fazer muita conta na calculadora. Nós chegamos aonde chegamos errando e aprendendo.
Quais são os planos de crescimento? Nosso foco é Norte e Nordeste. Ainda temos muitas oportunidades nessas localidades. Nossa região está passando por forte transformação pelo agronegócio e ganha impulso com a extração de minerais. Além disso, sempre foi um polo turístico riquíssimo. Essa combinação nos anima a investir cada vez mais aqui.
Como é a sua relação com o mercado? Temos acionistas importantes que investem na companhia desde a abertura do capital. Há uma relação de confiança e compromisso com a geração de valor. Metade das nossas ações está nas mãos de investidores estrangeiros. Temos aprendido muito nesse processo.
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