O samba amanheceu mais triste neste domingo (15). Morreu no Rio de Janeiro, aos 88 anos, o percussionista, cantor e compositor Bira Presidente, um dos ícones do gênero e figura central na criação do Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal.
Bira estava internado no Hospital da Unimed Ferj, na Barra da Tijuca, e enfrentava um câncer de próstata, além de conviver com o Alzheimer. Ele faleceu na noite de sábado (14), às 23h55.
Nascido em 1937 no bairro de Ramos, Zona Norte do Rio, Ubirajara Félix do Nascimento teve o samba como trilha sonora da vida desde a infância. Foi batizado musicalmente na Estação Primeira de Mangueira, teve influência direta de nomes como Pixinguinha e João da Baiana, e transformou rodas de samba suburbanas em um movimento cultural que revolucionou o gênero.
Em 1961, ao lado do irmão Ubirany e outros amigos, Bira fundou o Cacique de Ramos, bloco de carnaval que logo se consolidaria como referência cultural e musical do país. Bira foi o único presidente da agremiação, sendo conhecido como “o próprio Cacique”. O espaço virou celeiro de talentos e berço de inovações musicais.
No fim dos anos 1970, das rodas do Cacique surgiu o grupo Fundo de Quintal, do qual Bira foi um dos fundadores. A nova sonoridade — marcada pelo uso de instrumentos como tantã, repique de mão e banjo — ganhou o Brasil e mudou os rumos do samba de raiz. Sucessos como “O Show Tem Que Continuar” e “A Amizade” marcaram época com Bira segurando o pandeiro com maestria.
Bira também gravou com grandes nomes da MPB, como Beth Carvalho, e era querido por sambistas, artistas e admiradores do gênero por sua alegria, firmeza e entrega total ao ofício.
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