Chás vêm da natureza e têm uso milenar. Mas será que isso é o suficiente para acreditar que eles podem tratar enfermidades com eficiência? Alguns podem mesmo ajudar a desinflamar o corpo? Eles podem ser usados à vontade? E por que nosso corpo inflama? O g1 conversou com nutricionistas e médicos para responder a essas questões.
Antes, um ALERTA, você sabe por que se fala tanto atualmente em alimentos anti-inflamatórios? A inflamação é uma resposta do sistema imune a agressões, mas pode se tornar crônica com hábitos como má alimentação, estresse e sedentarismo. A inflamação crônica está ligada a doenças como obesidade, diabetes, problemas intestinais e cardiovasculares.
“De uma maneira geral, embora promissores, os chás devem ser utilizados como coadjuvantes e não substituem terapias médicas. A resposta clínica pode variar conforme o perfil inflamatório do paciente, hábitos alimentares, estilo de vida e pela concentração dos ativos dentro dos chás consumidos”, explica a médica nutróloga Isolda Prado, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Nem toda planta ou parte da dela é indicada e segura para o preparo dos chás, destaca a nutricionista e doutora em alimentos e nutrição pela Unicamp Patrícia Berilli. Por isso, a Anvisa disponibiliza uma lista das espécies vegetais e suas respectivas partes autorizadas para o preparo de chás no Brasil - a Instrução normativa n° 159, de 1° de Julho de 2022.
A composição química dos chás varia em função da matéria-prima utilizada, do processamento do material e das condições de preparo. Em geral, o potencial anti-inflamatório dos chás é atribuído principalmente ao seu rico conteúdo de polifenóis e seus derivados.
Diversos chás apresentam compostos bioativos com propriedades anti-inflamatórias naturais, mas estudos clínicos (em humanos) que comprovem a eficácia dos chás com esse propósito são ainda escassos. Entre os mais estudados, estão:
1.Chá de camomila ou maçanilha (matricaria recutita l. e chamomilla recutita)
2.Chá verde e chá preto (Camellia sinensis)
3.Chá de erva-doce ou funcho (foeniculum vulgare)
4.Chá de hortelã (mentha piperita)
⚠️ALERTA: Muitas espécies vegetais são autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apenas para uso como especiarias, como rizomas (caules) de gengibre e de cúrcuma, que não estão autorizados pela agência para o preparo de chás, por exemplo.
Segundo Prado, estudos indicam que os compostos bioativos presentes nesses chás modulam a resposta inflamatória por: mecanismos de inibição da expressão de NF-κB, um fator de transcrição pró-inflamatório; redução da produção de citocinas inflamatórias como TNF-α, IL-1β e IL-6; ativação de enzimas antioxidantes endógenas como a superóxido dismutase (SOD); além de efeitos sobre o microbioma intestinal, melhorando a barreira intestinal e reduzindo a endotoxemia -condição em que toxinas liberadas por bactérias entram na corrente sanguínea e causam uma resposta inflamatória no corpo.
Estudos recentes têm mostrado que alguns chás como chás verde, oolong e preto têm a capacidade de modular a microbiota do intestino, o que supostamente poderia beneficiar a barreira intestinal e a inflamação sistêmica.
A ingestão de três porções de chá preto durante 12 semanas foi capaz de reduzir significativamente os níveis de proteína C-reativa (53,4% em homens e 41,1% em mulheres), uma proteína que sinaliza inflamação no corpo, em pacientes suscetíveis a doenças cardíacas isquêmicas – apontou um estudo de 2010 publicado na revista Science.
“Essas características sugerem que os chás podem auxiliar na prevenção e controle de doenças de base inflamatória como a osteoartrite, obesidade, o diabetes mellitus tipo 2, doenças inflamatórias intestinais, cardiovasculares, entre outras”, diz Berilli.
No Brasil, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o chá é o “produto constituído de uma ou mais partes de espécie vegetal inteira, fragmentada ou moída, com ou sem fermentação, tostada ou não (...). O produto pode ser adicionado de aroma e ou especiaria para conferir aroma e/ou sabor”.
Berilli acrescenta ainda que nem todo chá é medicinal. “No Brasil, os chás são regulamentados como alimentícios ou fitoterápicos, sendo que apenas os fitoterápicos podem ter alegações de propriedade medicinal. Se usados da forma correta e como parte de uma alimentação adequada, eles podem auxiliar em várias condições de saúde e favorecer a qualidade de vida da população”, explica.
A inflamação é uma resposta natural de defesa e importante do sistema imunológico a agressões, como infecções, lesões ou toxinas. Essa resposta pode ser:
“Desde os tempos de Hipócrates, sabemos que calor, vermelhidão e dor são sinais de que o corpo está lutando contra algo – uma infecção, um corte ou uma toxina. Esse “fogo” agudo recruta glóbulos brancos e substâncias chamadas citocinas para reparar o dano”, explica a endocrinologista e professora da UNIFESP Carolina Janovsky.
Nosso corpo fica inflamado por diversos motivos:
As inflamações que nosso corpo enfrenta e podem ser combatidas pela alimentação são: