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Meninos da Vila e rodeados por coincidências, Diego e Ganso duelam pela 1ª vez na carreira

Por Globo.com    Sábado, 23 de Março de 2019


As comparações com Diego no início da carreira de Paulo Henrique Ganso foram inevitáveis. Meias jovens e habilidosos, com rara visão de jogo, muito potencial, que surgiram para o futebol na Vila Belmiro. Eles saíram de Santos, rodaram o mundo e pararam no Rio de Janeiro. Neste domingo, os camisas 10 da dupla Fla-Flu terão um encontro inédito nos gramados. Será a primeira vez que se enfrentarão.

As coincidências são muitas. Os dois, quando despontaram, usaram a camisa de Pelé no Santos e foram apontados como futuros camisa 10 do Brasil. Ganharam títulos importantes, jogaram em grandes clubes, foram convocados, mas jamais atingiram o protagonismo esperado na Seleção. Nunca disputaram uma Copa do Mundo, por exemplo.

 

Ganso e Diego chegaram ao Rio de Janeiro nos braços das torcidas de Flu e Fla, respectivamente — Foto: GloboEsporte.com

Ganso e Diego chegaram ao Rio de Janeiro nos braços das torcidas de Flu e Fla, respectivamente — Foto: GloboEsporte.com

Outra semelhança foi a forma como surgiram. Ambos tinham ao lado outro protagonista no Santos. Ganso despontou ao mesmo tempo que Neymar. E era quase impossível desassociar Diego de Robinho no início da carreira.

DIEGO X GANSO

  IDADE ESTREIA NO PROFISSIONAL CLUBES PRINCIPAIS TÍTULOS SELEÇÃO
DIEGO 34 2002 (Santos) Santos, Porto, Werder Bremen, Juventus, Wolfsburg, Atlético de Madrid, Fenerbahçe e Flamengo Copa América (2004 e 2007); Mundial de Clubes (2004); Liga Europa (11/12); Espanhol (11/12); Brasileiro (2002 e 2004); Português (05/06); Taça de Portugal (05/06); Copa da Alemanha (08/09); Supercopa da Turquia (2014); Carioca (2017) Direito 37 jogos; 4 gols
GANSO 29 2008 (Santos) Santos, São Paulo, Sevilla, Amiens e Fluminense Libertadores (2011); Sul-Americana (2012); Recopa Sul-Americana: (2012); Copa do Brasil: (2010); Paulista (2010, 2011, 2012) Esquerdo 8 jogos; 0 gol

Fonte: GloboEsporte.com

Surgimento no Santos

Quem foi melhor? No Santos, difícil apontar. Diego conquistou dois Brasileiros - protagonista aos 17 em 2002, deixou o Santos em 2004 no meio da campanha do bicampeonato. Ganso, por outro lado, foi campeão da Libertadores em 2011, levou uma Copa do Brasil (2010) e três Paulistas, entre 2010 e 2012.

Diego foi negociado com o Porto, em 2004, por 8 milhões de Euros (na época, cerca de R$ 29,6 milhões). Em 2012, o Peixe negociou Ganso com o São Paulo por 23,9 milhões. O clube tinha apenas 45% do meia, que saiu em litígio da Vila Belmiro.

Europa: Ganso falha, e Diego joga em 5 países do continente

 

Diego na Juventus: brasileiro passou por cinco países na Europa — Foto: EFE

Diego na Juventus: brasileiro passou por cinco países na Europa — Foto: EFE

Diego certamente teve uma carreira mais consolidada na Europa. Aos 19 anos, deixou o Brasil para jogar no Porto, onde foi campeão mundial. Teve seu melhor momento na Alemanha, quando brilhou no Werder Bremen e jogou no Wolfsburg. Teve altos e baixos com a camisa da Juventus na Itália, foi campeão espanhol e da Liga Europa pelo Atlético de Madrid e despediu-se, sem brilho, do continente com a camisa do Fenerbahçe.

Ganso, por sua vez, falhou na Europa. Em 2016, o Sevilla comprou o brasileiro por € 9,5 milhões de euros (R$ 34,4 milhões, na época). No entanto, ele nunca se firmou e teve problemas com o técnico Jorge Sampaoli. Após empréstimo de seis meses para o modesto Amiens, da França, acertou com o Fluminense por cinco anos para tentar uma nova reviravolta na carreira.

 

Ganso no Sevilla: passagem apagada pela Europa — Foto: Reuters

Ganso no Sevilla: passagem apagada pela Europa — Foto: Reuters

Expectativa x realidade: Diego tem títulos e mais jogos pela Seleção

Quando surgiram, os dois foram apontados como futuros camisas 10 da Seleção. Ambos vestiram a Amarelinha, mas não se firmaram. Mais uma vez, Diego parece levar vantagem na comparação, embora, nesse quesito, a expectativa sobre Ganso tenha sido maior.

Explica-se: Diego despontou para o futebol em 2002, logo após o Brasil conquistar o pentacampeonato. Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e o então jovem Kaká - todos campeões na Ásia -, eram os principais concorrentes. Ganso, por sua vez, surgiu num período de vacas magras do futebol brasileiro. Tanto é que, depois da Copa de 2010, era apontado como o único jogador capaz de organizar o meio de campo do Brasil. O que nunca aconteceu.

 

Bicampeão da Copa América, DIego esteve cotado para ir às Copas de 2006, 2010 e 2018, mas não disputou um Mundial  — Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo

Bicampeão da Copa América, DIego esteve cotado para ir às Copas de 2006, 2010 e 2018, mas não disputou um Mundial — Foto: Fábio Motta / Estadão Conteúdo

Os dois passaram por frustrações na Seleção. Diego, por exemplo, participou das preparações para as Copas de 2006, 2010 e 2018, mas não foi chamado em nenhuma delas. Dos últimos quatro Mundiais, somente em 2014 não teve o nome cogitado. Ao menos, foi bicampeão da Copa América (2004 e 2007) e conquistou o bronze olímpico em Pequim (2008).

Ganso seria o nome para a Copa no Brasil, mas perdeu espaço durante a preparação e foi ofuscado por Oscar. Em 2018, sequer foi cotado, embora tenha sido convocado para a Copa América de 2016.

 

Ganso disputou 8 jogos pela Seleção, além da participação nas Olimpíadas de Londres — Foto: Mowa Press

Ganso disputou 8 jogos pela Seleção, além da participação nas Olimpíadas de Londres — Foto: Mowa Press

 

O que dizem os especialistas?

 

Qual deles chegou mais próximo de corresponder às expectativas geradas de quando surgiram para o futebol?

Lédio Carmona (SporTV): O Diego. O Ganso ainda tem tempo para chegar próximo ao Diego. A carreira internacional do Diego pode não ter sido maravilhosa, mas foi uma boa carreira. Teve mais regularidade, é considerado pela torcida do Atlético de Madrid-ESP, do Werder Bremen-ALE. Coisa que o Ganso teve muita dificuldade.

Thiago Benevenutte (GloboEsporte.com): Diego. Construiu uma carreira sólida de mais de uma década no futebol europeu - com títulos importantes por Porto, Werder Bremen e Atlético de Madrid - e tem histórico na seleção brasileira, onde fez 37 jogos e foi campeão da Copa América em 2004 e 2007. Ganso fracassou na Europa, e a última vez que jogou pela Seleção tinha apenas 23 anos.

Hoje, quem vive um melhor momento e tem mais condições de decidir o Fla-Flu?

Lédio Carmona (SporTV): O Diego conseguiu uma regularidade que o Ganso não teve. Tem cinco anos a menos o Gaso e pode correr atrás para chegar pelo menos no mesmo ponto do Diego.

Thiago Benevenutte (GloboEsporte.com): Diego. Voltou ao Brasil com status de estrela e vem sendo importante para o Flamengo desde 2016, apesar da queda de rendimento na temporada passada. Ganso ainda é uma incógnita após passagens ruins por Sevilla e no Amiens. É a esperança da torcida do Fluminense, mas teve poucos desafios relevantes nesta temporada.

No auge das respectivas carreiras, quem foi melhor?

Lédio Carmona (SporTV): De novo, o Diego, teve uma fase sensacional no Santos e teve boas fases na Europa, jogou em grandes times. No Flamengo, ele vai bem. O Ganso foi excepcional no Santos e foi bem no São Paulo, mas não conseguiu jogar na Europa.

Thiago Benevenutte (GloboEsporte.com): Ganso. Teve papel fundamental no Santos em 2010 e 2011, nas conquistas da Copa do Brasil e da Libertadores ao lado de Neymar e companhia. Talvez tenha faltado a Diego um protagonismo como este na carreira até o momento, apesar da regularidade. No par ou ímpar, com a melhor versão de cada, escolheria Ganso.

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