Autor de 13 gols sobre o Flamengo, 12 deles com a camisa do Santos, Pelé foi uma espécie de carrasco da equipe rubro-negra entre 1957 e 1973. Artilheiro do confronto, teve jogos marcantes, como um 7 a 1 no Maracanã em 1961, quando fez três gols pelo torneio Rio-São Paulo. No GLOBO do dia seguinte, o Rei foi chamado de "Dono do Maracanã", lotado com mais de 130 mil pessoas para ver o Rei. A competição acabou com título rubro-negro.
Pelé repetiu o hat-trick em 1964, no Pacaembu, e fez chover, literalmente, em outra goleada, desta vez por 4 a 1. A vitória deu ao Santos o tetracampeoanto brasileiro depois de empatar sem gols no Maracanã. Mas na memória de torcedores e ex-jogadores rubro-negros sobre o craque, o momento mais histórico não foi traumático. Em 1979, já aposentado, Pelé vestiu a 10 de Zico, em amistoso beneficente contra o Atlético-MG, vencido por 5 a 1.
Aos 38 anos, o Rei teve a oportunidade de marcar um gol com a camisa do Flamengo, mas abdicou de cobrar o pênalti, mesmo após Zico lhe oferecer a bola. Coube ao Galinho a missão de empatar a partida e comandar a virada no palco do milésimo gol de Pelé sobre o Vasco.
— Foi uma alegria muito grande para todos nós lá no Flamengo quando ele treinou com a gente, jogou com a gente, e foi muito simpático com todos. E foi um dia espécial para todos nós. Um dia marcante — lembra Zico, que contou um pouco do ambiente de brincadeiras que precedeu a escalação do Flamengo para Pelé jogar.
Zico conversa com Pelé antes de bater o pênalti Foto: Luiz Pinto / Agência O Globo
— Andrade disse que ia jogar porque o Pelé não fazia a cabeça de área, Tita disse que entraria porque Pelé não jogava pela direita. Eu falei: "Eu vou dar a 10, mas a 9 é minha". Foi o maior prazer poder estar do lado dele, ceder a camisa 10 que ele tão bem representou. — conta o ídolo rubro-negro.
Sobrou para Cláudio Adão e Luizinho, atacantes daquele time do Flamengo.
O confronto entre os camisas 10 só aconteceu uma vez, em 1972. Em empate sem gols pelo Brasileiro, Zico saiu do banco e entrou no lugar de Caio Cambalhota, enquanto Pelé já era o Rei com quatro Copa do Mundo na bagagem. De gerações distintas, o encontro de reis ficou apenas no sonho dos torcedores do Flamengo.
Pelé atuando pelo Flamengo no jogo beneficente contra o Atlético Foto: Sebastião Marinho / Agência O Globo
Oferta ao Santos por Pelé
Mas não foi por falta de tentativa. Em 1969, o presidente do Flamengo, André Richer, tentou curar a frustração pela contratação de Garrincha, que não deu resultado esperado, e fez uma oferta milionária ao Santos, que recusou prontamente a investida em Pelé.
— O Flamengo preparou um cheque de dois milhões de Cruzeiros, enviou um telegrama para o presidente do Santos, que falou que o Pelé era inegociável, que não existia preço para ele — lembra o historiador Bruno Lucena.
O primeiro contato de Pelé contra o Flamengo foi aos 16 anos, em 1957, quando o Santos levou uma goleada de 4 a 0 no Maracanã. Depois desse cartão de visitas, Pelé nunca mais perdeu para o Flamengo por tal diferença de gols. No jogo de volta do torneio Rio-São Paulo de 1961, o troco do 7 a 1 veio com uma vitória do Flamengo por 5 a 1, mas Pelé não jogou.
Pelé (agachado) posa com o Congo Brazzaville. A presença do time do Santos no Congo, em 1969, parou a guerra civil no país por três dias Foto: ArquivoPelé comemora milésimo gol depois da vitória de 2 a 1 sobre o Vasco da Gama, no Maracanã Foto: Arquivo - 19/11/1969Pelé posa diante do número 1.000, depois de atingir a marca com um gol de pênalti feito no Vasco, em 1969 Foto: Keystone Features / Hulton ArchivePelé, que atuou profissionalmente apenas por dois clubes – Santos e Cosmos (Nova Iorque, Estados Unidos), vestiu a camisa do Flamengo em jogo beneficente, reforçando o time de Zico Foto: Sebastião Marinho / Agência O Globo - 06/04/1979Pelé toca violão ao lado do músico e compositor Billynho Blanco Foto: Divulgação - 07/11/1981
Pelé, o recruta 201, presta continência ao seu companheiro de futebol, o zagueiro Coronel Foto: Agência O Globo - 15/09/1959Pelé e Renato Aragão durante gravações do filme "Os Trapalhões e o Rei do Futebol", no Maracanã, que contou com a figuração de 121 mil pessoas, que lotavam o estádio para ver o Vasco conquistar a Taça Guanabara em viótria de 2 a 0 sobre o maior rival, o Flamengo Foto: José Doval / Agência O Globo - 20/04/1986Magic Johnson, jogador de basquete, e Pelé, na praia de Copacabana. As lendas do esporte trocaram Foto: Jorge William / Agência O Globo - 05/02/1995Pelé e o ex-goleiro Emerson Leão, na formatura do curso de Educação Física na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes), em 1974 Foto: Reprodução / Alexandre Cassiano / Agência O GloboNomeado em 1995, Pelé foi o primeiro ministro dos Esportes do país, pasta criada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso no primeiro ano de governo, com a nomeção de Edson Arantes do Nascimento. O principal legado foi a lei 9.615 de 24 de março de 1998, conhecida como Lei Pelé', que regulamenta o futebol brasileiro Foto: Ed Ferreira / Reuters - 06/08/1997
Pelé comemora o reconhecimento de 6 títulos nacionais que ganhou como jogador do Santos Futebol Clube, durante cerimônia no Itanhangá Golfe Clube, na zona oeste do Rio de Janeiro Foto: Paulo Vitor / Agência EstadoPelé beija a taça Jules Rimet, no início da década de 70 Foto: DivulgaçãoPelé beija estátua dele mesmo, em exposição sobre sua vida na Casa França-Brasil Foto: Alexandre Cassiano / Agência O Globo - 22/04/2002O astro do futebol brasileiro Ronaldo Luiz Nazário de Lima posa com Roberto Carlos o Rei Pelé, após a cerimônia de premiação da FIFA na Disneylândia frabcesa, em Marne La Vallee, no leste de Paris. Ronaldo, que atuand pelo Inter de Milão, foi eleito Jogador do Ano pelo segundo ano consecutivo, e Roberto Carlos, então lateral do Real Madrid, terminou em segundo lugar Foto: Charles Platiau / Reuters - 12/01/1998Pelé grava participação em filme para promover a Rio 2004, quando o Rio se candidatou às Olimpíadas Foto: Julio César Guimarães / Agência O Globo - 04/11/1996
Pelé posa com o então Ministro da Cultura Gilberto Gil, na véspera do sorteio final da Copa do Mundo de futebol da Fifa de 2006 Foto: Franck Fife / AFP - 08/12/2005Presidenta Dilma Rousseff recebe Edson Arantes do Nascimento. o Pelé, no Palácio do Planalto, em Brasilia Foto: Ailton de Freitas / Agência O Globo - 26/07/2011Pelé é coroado como rei, com coroa e cetro, em jogo de despedida da Seleção Brasileira, no amistoso com a Áustria, que terminou em 1 a 1, no Morumbi, em São Paulo Foto: Arquivo / Agência O Globo - 10/07/1971Pelé e Xuxa namoraram por seis anos na década de 1980, quando ela, que posteriormente também seria da realeza brasileira, como a 'rainha dos baixinhos', tinha 18 anos e o Rei, 41 Foto: Arquivo - 01/02/1982Quem foi melhor é uma questão de opinião, mas os números mostram que o brasileiro foi mais goleador: 1282 gols, contra 346 do argentino – mais que o triplo Foto: Arquivo - 16/03/1987
Pelé abraça Oscar Schmidt durante comemoração da conquista do bicampeonato estadual de basquete masculino, na Gávea, Zona Sul do Rio Foto: Ivo Gonzalez / Agência O Globo - 17/12/1999Ex-jogador Pelé chega de andador a evento em São Paulo no ano de 2018 Foto: Leonardo Benassatto / Pelé recebe de Thomas Bach, então presidente do COI, e de Carlos Arthur Nuzman, ex-presidente do COB, a Ordem Olímpica, maior honraria concedida pelo COI Foto: Pedro Kirilos / Agência O Globo - 16/06/2016Inauguração do Centro de Treinamento Pelé Academia, em Resende, no sudoeste do estado do Rio de Janeiro Foto: Márcio Alves / Agência O Globo - 11/12/2018Pelé é atendido após sofrer um corte no supercílio, num choque com Fontoura, no empate entre Vasco 2 x 2 Santos, pelo Torneio Rio-São Paulo, no Maracanã Foto: Agência O Globo - 16/02/1963
Pelé sorri ao lado de Rivelino Foto: Arquivo / Agência O Globo - 08/12/1968Pelé durante gravação de anúncio comercial para um empreendimento imobiliário na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio Foto: Eurico Dantas / Agência O Globo - 12/11/1991
No confronto direto contra o clube da Gávea, o Rei levantou três vezes a taça da competição interregional. Além de 1959, 1963 e 1964. Também ergueu a Taça Brasil de 1964, e o torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1968. Foram 19 jogos, com 8 vitórias, 5 empates e 6 derrotas para Pelé.
Dos 13 gols, um foi com a camisa do Vasco, em jogo para angariar fundos para a construção do Morumbi, estádio do São Paulo. A partida entre o combinado Santos/Vasco e Flamengo terminou empatada em 1 a 1. Ainda houve um jogo de Pelé pela seleção, em amistoso contra o Flamengo, vencido pela equipe rubro-negra por 2 a 0, em 1976.
Mas a única lembrança concreta guardada até hoje na sede do clube, na Gávea, é o troféu da partida beneficente de 1979, em que Zico e Pelé atuaram juntos por alguns momentos com a camisa do Flamengo.