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Diretor diz que não falou com quarto árbitro na final do Paulistão

Por Globo.com    Quarta-Feira, 18 de Abril de 2018


Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo começou a ouvir nesta terça-feira alguns dos personagens do clássico entre Palmeiras e Corinthians, válido pela segunda final do Paulistão.

Depois de o Verdão reclamar de interferência externa na anulação da penalidade que havia sido marcada em Dudu, no segundo tempo do Dérbi, o TJD abriu inquérito para investigar o caso. Dionísio Roberto Domingos, diretor de arbitragem da FPF e principal alvo de insatisfação do Verdão, negou participação na decisão da anulação.

A sessão durou mais de sete horas e foi comandada por Marcelo Augusto Godim Monteiro, vice-presidente da 3ª Comissão Disciplinar. Antônio Olim, presidente do Tribunal, também esteve presente no local como espectador, mas não acompanhou toda oitiva.

Os convocados a prestar esclarecimentos foram o delegado da partida (Agnaldo Vieira), primeiro assistente (Anderson Jose de Moraes Coelho), segundo assistente (Daniel Paulo Ziolli), o assistente adicional (Alberto Poletto Masseira), o quarto árbitro (Adriano de Assis Miranda), o árbitro (Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza) e o diretor de arbitragem (Dionísio Roberto Domingos).

 

Dionísio nega interferência

 

Diretor de arbitragem da Federação Paulista de Futebol, Dionísio Roberto Domingos negou qualquer interferência na decisão de Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza voltar atrás na marcação da penalidade do corintiano Ralf no palmeirense Dudu.

 

Último a prestar depoimento nesta terça-feira, no TJD, o dirigente afirmou que estava em campo acompanhando o clássico entre Palmeiras e Corinthians como tutor da arbitragem, decisão que causou surpresa nos demais integrantes da equipe, conforme os outros depoimentos.

Dionísio admitiu que portava equipamento eletrônico que pudesse obter informações de fora, mas reiterou que cumpriu determinação de desligar o aparelho.

 

– Tinha, no meu bolso. (Teve acesso sobre informações?) Nenhuma, já é nossa orientação se, caso portar (um aparelho), manter desligado – afirmou.

 

 

O relato do árbitro

 

Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza foi o sexto e penúltimo a prestar esclarecimento na sessão do TJD, desta terça-feira. Árbitro da segunda partida da final, ele foi questionado sobre o procedimento na marcação e depois na anulação do pênalti, que seria a favor dos palmeirenses.

Durante o depoimento, Marcelo afirmou que, pelo barulho no estádio, não conseguiu ouvir pelo rádio a informação dita pelo quarto árbitro no momento da jogada. Segundo ele, mesmo sem saber a posição de Adriano de Assis Miranda, teve a confiança de que o companheiro estava melhor colocado para decidir pela marcação.

Tossiro Neto@tossiro

 

"Vejo ele (Ralf) chutar o adversário (Dudu). O quarto árbitro vê na sequência ele tocar a bola", diz o árbitro, quando questionado de novo sobre o lance pelo auditor João Batista Ferreira Filho.

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O auditor João Batista Ferreira Filho diz que o quatro árbitro informou "canto" apenas imediatamente e afirma que há contradições entre os dois depoimentos. Advogado da FPF interrompe por entender que há antecipação de julgamento por parte do auditor.

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Veja um trecho do depoimento do árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza

Veja um trecho do depoimento do árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza

 

Quarto árbitro diz que informou sobre escanteio

 

Adriano de Assis Miranda foi o quinto ouvido na sessão desta terça-feira, no TJD. O quarto árbitro foi a sua atuação na linha lateral do gramado e disse que informou da marcação de escanteio e não de penalidade no momento da jogada (veja no vídeo abaixo).

 

Quarto árbitro da final do Paulistão revela como informou sobre a anulação do pênalti

Quarto árbitro da final do Paulistão revela como informou sobre a anulação do pênalti

Também durante o depoimento, ele foi questionado sobre a participação de Dionísio Roberto Domingos na preparação do trio para a segunda final. Em uma primeira citação, o quarto árbitro afirmou que o diretor de arbitragem da FPF esteve "por um momento" no hotel que hospedou os árbitros na véspera da partida.

Depois, afirmou que Dionísio não esteve na concentração, o que fez o advogado do Palmeiras pedir advertência sobre um possível falso testemunho. O árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza deu depoimento logo na sequência e citou a presença do dirigente na concentração.

Adriano afirmou também que Dionísio era um dos tutores da partida, assim como José Henrique de Carvalho. Ao ser questionado novamente sobre o assunto, afirmou que o tutor da arbitragem era José Henrique de Carvalho e que Dionísio "estava auxiliando".

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"O José Henrique era o tutor. O Dionísio estava auxiliando ele, nas proximidades do campo, sem atuação", diz o quarto árbitro.

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Os outros depoimentos

 

Durante a sessão, todos os membros da equipe de arbitragem defenderam as decisões de Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza e negaram qualquer interferência externa na desistência da marcação do pênalti, que demorou cerca de oito minutos para ser confirmada.

Sobre presença de Dionísio Roberto Domingos, diretor de arbitragem da FPF, dentro de campo durante o período de indecisão, eles reconheceram que não é comum, mas negaram comunicação.

Tossiro Neto@tossiro

 

O que houve de diferente nesta marcação de pênalti que justificou sua intervenção desta vez? Agnaldo responde à procuradora: "Minha parte era fora administrativamente. Durante 27 anos, oito de finais, nunca um delegado interferiu. Para mim, não houve diferença", responde.

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Se ouviu em algum momento no rádio as palavras "canto" ou "pênalti" durante a indefinição da marcação, assistente 1 diz que não.

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"A partir do momento em que houve as confusões, o rádio ficou impossível de ser ouvido. Porque muita gente foi reclamar. Na hora em que o Adriano se comunica, ele passa com clareza de que foi canto", diz o assistente 2.

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Sobre o fato de ter corrido ao quarto árbitro, próximo dos reservas do Corinthians, o quinto árbitro diz: "Corri até ele porque ele estava acuado pelos jogadores. Fui para tirá-lo de lá. Falei para ele sair de lá".

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Você recebeu informação de alguém de fora de que não havia sido pênalti? "Não, ninguém me passou nada", responde o quinto árbitro da partida.

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É comum a presença do diretor de arbitragem próximo ao campo? "Não é comum", responde o quarto árbitro da final.

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Na semana passada, o Palmeiras disse, em nota oficial, que "as imagens das câmeras de segurança do Allianz Parque, aliadas a outros videos de emissoras de televisão amplamente divulgados, comprovam mais uma vez e agora, de maneira inequívoca e irrefutável, que houve interferência externa para a alteração de uma marcação convicta da arbitragem em campo".

Todos os integrantes da equipe de arbitragem foram questionados sobre a reclamação palmeirense. Vídeos que mostram a atuação dos representantes da arbitragem durante a marcação do pênalti de Ralf em Dudu até a anulação da falta foram mostrados no Tribunal.

 

Pode ou não pode?

 

A função do quinto árbitro em campo naquele domingo motivou divergências em alguns depoimentos dos membros da equipe de arbitragem. De acordo com texto da International Football Asssociation Board (IFAB), a única função do árbitro assistente reserva é substituir algum membro da equipe incapacitado de continuar em campo, sem a possibilidade de comunicação com os demais integrantes.

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O auditor Luiz Augusto Filizzola D'Urso pergunta se o quinto árbitro poderia dar sua opinião sobre uma marcação de falta, por exemplo. "Pode", diz o assistente 2.

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"Na planificação da partida, ele pode se manifestar desde que não seja algo direcionado diretamente a algumas atitudes de ações dos árbitros. Pode passar informações, pelo meu conhecimento, mas que não seja influenciado por ele", explica-se Ziolli.

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Diante da afirmação dos auditores e da Procuradoria de que havia contradição na resposta, Ziolli conclui: "Pela regra do jogo, não pode (dar opinião)."

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O quinto árbitro diz que pode dar uma opinião sobre alguma marcação de jogo, mas nega que tenha dado naquele momento.

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Sobre o fato de ter corrido ao quarto árbitro, próximo dos reservas do Corinthians, o quinto árbitro diz: "Corri até ele porque ele estava acuado pelos jogadores. Fui para tirá-lo de lá. Falei para ele sair de lá".

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Os próximos passos

 

Os advogados de Palmeiras e da Federação Paulista de Futebol têm até o meio-dia da próxima quinta-feira para anexar novas imagens aos autos do processo. O auditor Marcelo Augusto Godim Monteiro é quem vai apresentar o relatório do inquérito, o que pode ocorrer na próxima segunda-feira, dia 23 de abril.

O relatório será analisado pela procuradora Priscila Carneiro de Oliveira, que vai decidir se oferece ou não a denúncia sobre se houve interferência externa na segunda final do Campeonato Paulista. O pedido de impugnação da partida será avaliado caso o processo tenha continuidade.

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