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Acostumado com o Flamengo “na sala de casa”, Jesus eleva o sarrafo: 'Ganhar não é o bastante'

Por Globo.com    Segunda-Feira, 10 de Junho de 2019


Se depois da tempestade vem a bonança, o Flamengo se apressou para colocar Jorge Jesus em cena e renovar as esperanças após péssima atuação no empate com o Fluminense. Após acompanhar o clássico no Maracanã, o treinador português foi apresentado nesta segunda, no Ninho do Urubu.

- Quando você treina uma equipe como o Flamengo, uma das melhores equipes de um país, os torcedores querem, além da vitória, qualidade de jogo. Ganhar somente não é o bastante. Isso é normal. Quem joga no Flamengo tem que perceber essa exigência, que é preciso além da vitória - disse o português.

 

Jorge Jesus em sua apresentação no Ninho do Urubu — Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com

Jorge Jesus em sua apresentação no Ninho do Urubu — Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com

JJ, como é habitualmente chamado em seu país, chega ao Rubro-Negro acompanhado de sete profissionais, que compõem a comissão técnica. O grupo começa a trabalhar no centro de treinamento no próximo dia 20, quando o elenco volta da folga após a pausa do Brasileirão para Copa América. O treinador disse que aumentou a lista com pedidos dos reforços.

+ O que Jesus viu (e não gostou) no Fla-Flu

- Claro que conheço o elenco. Não vi o Flamengo a partir do momento que me convidaram, eu vejo todos os jogos do futebol brasileiro em minha casa. Não conheço tão bem os jogadores como o Marcelo, mas vou conhecer. Quando conversamos, já tinha posições que pensavam ser importante contratar e concordei. Acrescentei mais um ou duas (risos) e estamos em sintonia - falou.

Havia a expectativa de Jorge Jesus ir a Brasília assistir CSA x Flamengo na quarta-feira, mas o treinador volta para Portugal nesta terça. A estreia no banco de reservas está marcada para o dia 10 de julho, quando o Fla inicia as quartas de final da Copa do Brasil contra o Athletico-PR, em Curitiba.

 

Jorge Jesus na sala de imprensa do Flamengo no Ninho do Urubu — Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com

Jorge Jesus na sala de imprensa do Flamengo no Ninho do Urubu — Foto: Cahê Mota / GloboEsporte.com

- Vamos esperar o que tenho feito sempre. Onde chego, apresento trabalho, revolucionar do ponto de vista de ter ideias diferentes. Mas não venho revolucionar nada. Vou apresentar meu trabalho que foi visto em duas das três maiores equipes de Portugal nos últimos dez anos. Quando cheguei ao Benfica, há tempo não ganhava nada e agora tem a hegemonia no país. É o que vim fazer no Flamengo - disse o treinador.

Jorge Jesus é o 11º treinador estrangeiro da história do Flamengo. O mais recente tinha sido o colombiano Reinaldo Rueda, vice-campeão da Copa do Brasil e da Sul-Americana, em 2017. O maior vencedor é o paraguaio Fleitas Solich, comandante entre 1953 e 1957, quando conquistou o tricampeonato carioca 53/54/55.

Veja abaixo as demais respostas de Jorge Jesus:

Trabalhar no Brasil
Tenho muita honra por ter sido convidado para comandar este grande clube. É importante o interesse que essa decisão está a despertar em Portugal. Quero apresentar o trabalho no Flamengo. Meu passado como treinador está escrito, está feito. Sou o treinador em Portugal que mais títulos ganhou e quero mostrar no maior clube do Brasil o meu trabalho.

Mudanças na equipe
Temos 20 dias para apresentar o trabalho, mostrar aos jogadores nossas ideias, nossos conceitos. Não há novidade. Estou habituado a trabalhar com jogadores brasileiros, são ótimos profissionais e essa é uma das grandes paixões. Quero crescer com eles e melhorar não só resultados, mas a qualidade do jogo do Flamengo.

Avaliação do Fla-Flu
Este foi o segundo jogo que vi ao vivo do Flamengo in loco. Dois jogos completamente distintos, mas ontem vi uma equipe um pouco ansiosa. Mas isso é normal. Vi um Fluminense com outras opções e outras formas de olhar para o jogo não pela vitória, mas para não perder. Isso complicou para o Flamengo. Isso aconteceu com o Marcelo (Salles) e poderia acontecer para mim.

Estilo de jogo preferido
Para apresentar uma ideia de jogo, tenho que falar em várias vertentes do jogo, táticas. Tenho um conceito, mas antes de qualquer coisa a evolução do futebol não é ter uma maneira de jogo, mas ter muitas ideias. Essa é a evolução do mundo do futebol. Me arrisco a dizer que não vou fugir muito do que o Flamengo tem feito. Claro que teremos variantes, vou jogar com um primeiro e um segundo centroavante. Isso que vou apresentar ao Flamengo. Mas tem muitas variantes defensivas e ofensivas.

Paixão pelo futebol
Em todas as atividades tem que ter paixão. E minha paixão é o futebol. Com respeito ao Zico, sei que é o grande ídolo do Mengão. Conversamos quando ele esteve no Sporting, é um amigo que eu tenho. Quando se fala do Flamengo, eu ouvia falar do Júnior, do Leandro, e o Zico caracterizava o clube para Portugal.

Jogadores que passaram por Portugal
Eu tive a oportunidade de lançar alguns jogadores jovens que passaram pela seleção do Brasil. Lembro-me do David Luiz, Ramires, o Luisão, Talisca. Nos habituamos em Portugal com muitos jogadores e treinadores brasileiros. O Brasil tem um futebol de muita técnica, muito talento. Tudo isso fez com minha facilidade de trabalhar com jogadores brasileiros.

Diego e Gabigol
Diego nunca foi meu jogador. Quando ele estava no Porto, não me recordo se estava no Benfica. Teve uma passagem bonita no futebol português. O Gabigol estava na Inter de Milão, o Inter comprou um jogador do Sporting, o João Mário. E ele pediu para vir jogar em Portugal, falei com ele, e acabou indo para o Benfica (risos).

Estreia contra o Athletico-PR
A realidade é essa, jogar em um campo sintético. Poucos treinadores no mundo têm essa experiência. Já tive um jogo de Champions na Rússia, é completamente diferente. Temos que nos adaptar. Talvez fazer algum treino, mas temos que levar em consideração que trocar a grama para o sintético pode gerar lesões.

Contrato de um ano
Normalmente faço isso. A partir do momento que saio do meu país, e é minha segunda experiência fora de Portugal. Na Arábia, foi a mesma coisa. A direção queria fazer quatro anos e eu disse que não. Depois, se eu me adaptar e estiverem satisfeitos renovamos. Ninguém fica dependente de ninguém.

Estrutura do Flamengo
Desde que cheguei ao Flamengo, não conhecendo por dentro, sabia o que era o Flamengo. Agora, tenho ainda mais convicção. É um grande clube, grande marca desportiva, capacidade de estrutura e organização. Não existe um grande clube sem uma massa de torcedores como o Flamengo tem.

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