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Fluminense vai às cordas, mas reage à base da coragem e atmosfera

Por Vicente Conserva    Quinta-Feira, 18 de Agosto de 2022


Se o Maracanã fosse um ringue de boxe, não seria exagero algum dizer que o Fluminense foi às cordas na noite da última quarta-feira. Levou 2 a 0 do Fortaleza em 45 minutos e ficou a um tempo de uma eliminação na Copa do Brasil. Mas, empurrado por mais de 60 mil pessoas no Maracanã, o time tirou forças da atmosfera para evitar um "nocaute" e foi buscar o 2 a 2 que garantiu a classificação para a semifinal, graças à vitória por 1 a 0 no jogo de ida no Castelão.

A expectativa era de retomar o futebol vistoso, até por voltar a usar o time considerado ideal e que tinha um "cartel" de quatro vitórias em quatro jogos. O Fluminense até começou bem, mas sentiu o golpe ao sofrer o primeiro gol e ver sua vantagem construída no jogo de ida desmoronar com apenas 11 minutos. O psicológico pesou com a pilha que pegaram os jogadores com o árbitro, ao reclamarem que Arias teria sofrido falta no lance anterior ao gol. Mas os protestos paravam ainda mais o jogo e aumentavam o nervosismo.

 

Após o drama do primeiro tempo, Fernando Diniz pôde comemorar a classificação no fim — Foto: André Durão

Após o drama do primeiro tempo, Fernando Diniz pôde comemorar a classificação no fim — Foto: André Durão

Por mais que o Fluminense tivesse mais posse de bola (66% x 34%) e finalizações (8 x 4) antes do intervalo, o primeiro tempo acabou sendo igual em número de chances. Enquanto o Fortaleza fez mais um gol, com Romero, e ainda perdeu duas oportunidades, uma em cabeçada de Brítez e outra em chute de Romarinho, o Flu desperdiçou quatro. Três delas com um irreconhecível Cano: ele errou uma cabeçada à queima-roupa aos quatro minutos; aos sete, recebeu um bolão de Ganso e tirou o zagueiro, mas chutou no canto do goleiro; e aos 14 furou um chute na área. Fora isso, houve uma finalização de Samuel Xavier com desvio que por pouco não enganou o goleiro e entrou, aos 30.

O técnico Fernando Diniz novamente arriscou para tentar reagir: tirou um zagueiro para colocar mais um no meio de campo, no caso Martinelli. Substituição que já tinha sido feita anteriormente, contra o Santos na Vila Belmiro pelo Brasileirão (curiosamente também um 2 a 2), e mostrou mais uma vez a coragem do treinador, que foi novamente recompensada. No segundo tempo, o time começou a amassar o Fortaleza dentro de seu campo e criou mais cinco boas chances até arrancar o empate.

Em uma das poucas triangulações que encaixou, Ganso desperdiçou ótima oportunidade ao não chutar de primeira e tentar dominar uma bola na entrada da área aos dois minutos. Quatro minutos depois, Cano voltou a furar um chute na área, dessa vez após casquinha de Manoel no escanteio. Aos 17, Ganso chamou a responsabilidade e cobrou e converteu o pênalti para lá de polêmico marcado pelo VAR. Cinco minutos depois, Cano chutou "mascado" e parou no goleiro. Mas aos 25 ele não perdoou o cruzamento na medida de Arias. O artilheiro do Brasil e do mundo em 2022 mostrou porque até em dia ruim não se pode tirar o goleador de campo.

A classificação veio, mas sem vitória ou uma grande atuação. Os últimos adversários que o Fluminense enfrentou parecem ter encontrado uma forma de coibir as triangulações do Tricolor, até então ponto forte do "Dinizismo". Por isso um técnico precisa ter variações, como teve na troca de um zagueiro por um volante. Mas também dá para fazer outros movimentos, como entrar com Cris Silva na lateral esquerda e adiantar Caio Paulista para a ponta; reeditar a dupla Ganso e Nathan na criação; saber encaixar Michel Araújo no time...

Só que mais do que a coragem, o fator ambiente foi determinante para a reação do Fluminense. Desempenho do time à parte, os 60.833 presentes (57.045 pagantes) ao Maracanã deram aula: cantaram mesmo após tomar dois gols; vaiaram só no intervalo; "invocaram" João de Deus no pênalti e fizeram o estádio pulsar no segundo tempo. E no final gritou: "Da-lhe, da-lhe, da-lhe, Nense, seremos campeões". Restam no máximo mais quatro jogos na Copa do Brasil, e time e torcida mostraram que juntos podem, por que não, sonhar alto.

Torcida do Fluminense com sinalizadores no Maracanã (Fluminense x Fortaleza) — Foto: André Durão

Torcida do Fluminense com sinalizadores no Maracanã (Fluminense x Fortaleza) — Foto: André Durão

Se quando rolou o sorteio das quartas de final o Fluminense apresentava para muitos o "melhor futebol do país" e era considerado o favorito no confronto, agora o time chega à semifinal sem o favoritismo para enfrentar um Corinthians, que vem de goleada por 4 a 1 sobre o Atlético-GO. A primeira partida será já na semana que vem, e um sorteio nesta sexta na CBF definirá a ordem dos mando de campo.

Antes, porém, o Fluminense vira a chave para o Campeonato Brasileiro. Os jogadores se reapresentam na tarde desta quinta-feira no CT Carlos Castilho, e Diniz começará a preparação para enfrentar o Coritiba neste sábado, às 19h (horário de Brasília), no Maracanã, pela 23ª rodada da Série A. O Tricolor é o quarto colocado da competição com 38 pontos, 10 a menos do que o líder Palmeiras.

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