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Cinema paraibano é consagrado no Curta Taquary 2021

Por Wscom    Terça-Feira, 23 de Março de 2021


14ª edição do Curta Taquary – Festival de Audiovisual, que geralmente acontece em Taquaritinga do Norte, agreste de Pernambuco, começou em 16 de março, Dia Nacional da Conscientização das Mudanças Climáticas, e terminou nessa segunda-feira (22(, Dia da Água, em formato on-line e gratuito por conta da pandemia de Covid-19.

Para o Curta Taquary 2021, foi elaborada uma ação de reflorestamento. Para cada filme inscrito, uma muda de espécie nativa será plantada em Taquaritinga do Norte como forma de mobilizar a campanha de reflorestamento e recuperação de solo de áreas desmatadas e devastadas por queimadas; entre elas a de dezembro de 2016, onde 50 hectares de mata da cidade foram destruídas. Entre 521 inscrições, foram selecionados 72 filmes, sendo 65 produções do Brasil e sete de outros países.

Nesta edição, o cinema paraibano, que estava representado com seis títulos em diversas mostras, ganhou destaque na cerimônia de premiação. O curta Remoinho, escrito e dirigido por Tiago A. Neves, exibido na mostra Dália da Serra, voltada para filmes produzidos em atividades pedagógicas, projetos de formação e oficinas, foi consagrado com nove prêmios. Com isso, tornou-se a obra mais premiada da 14ª edição do Curta Taquary.

Remoinho levou os seguintes prêmios: melhor filmemelhor direçãomelhor roteiromelhor atriz (Cely Farias), melhor fotografia (Erik Clementino), melhor edição (Tiago A. Neves), melhor som (Hipólito Lucena e Dayane Araújo), melhor trilha sonora (Wanderson Mendonça) e melhor direção de arte (Sarah Cristinne).

 

Na trama, após um longo período de afastamento, Maria retorna à casa de sua mãe. Ela está decidida sair do remoinho que a fez voltar. Com Cely Farias e Zezita Matos no elenco, o filme também foi selecionado para o Festival de GramadoMostra de Cinema de Tiradentes, entre muitos outros. Além disso, foi premiado no Festival de Caruaru (melhor atriz para Zezita Matos e melhor direção), Fest Aruanda (três prêmios, entre eles, melhor filme) e Comunicurtas UEPB (quatro prêmios, entre eles, Prêmio da Crítica e melhor fotografia para Erik Clementino).

 

Outro filme paraibano que se destacou na mesma mostra foi E Agora, Você, de Edson Lemos Akatoy, com os prêmios de melhor cartazmelhor ator (Leonardo Alan) e melhor filme segundo o Júri da Crítica, formado por membros da ACCiRNAssociação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte.

 

Na trama, uma distopia nos lembra as consequências do aquecimento global. O protagonista, José, tenta sobreviver com as últimas lembranças de uma realidade em que ainda era possível fazer contato com outras pessoas, uma em particular. O filme foi realizado no processo de residência criativa multidisciplinar Cine Luso, em Bruxelas, na Bélgica, durante a edição de 2019, cujo tema era o meio ambiente em diálogo com a literatura. Com Leonardo Alan e Marcella Mello no elenco, o curta foi inspirado no poema José, de Carlos Drummond de Andrade, com argumento e roteiro original escrito por Henrique Rodrigues, coordenador artístico da residência.

 

Enquanto isso na Mostra Competitiva Diversidade, que conta com filmes que abordam questões de sexualidade e de gênero, em suas mais diferentes formas e perspectivas, a Paraíba se destacou com Café com Rebu, escrito, dirigido, produzido e protagonizado por Danny Barbosa, que também assina a direção de arte. O curta foi consagrado com seis prêmiosmelhor filmemelhor direçãomelhor atrizmelhor roteiromelhor edição (Diego Benevides) e melhor filme segundo o Júri da Crítica.

CARTAZ-Cafe-com-Rebu

Na história, Vanessa é uma mulher trans de quase 40 anos que, depois de conseguir, a partir de um curso profissionalizante, se afastar das ruas tornando-se manicure, pedicura e designer de sobrancelhas, vê-se novamente obrigada a arriscar-se durante o lockdown na tentativa de conseguir uma grana para sobreviver enquanto espera a análise de seu CPF ser confirmada para a liberação do Auxílio Emergencial. Nesse contexto, passado e presente se encontram em sua porta, na figura de um elemento surpresa. Danny Barbosa, que também é professora, começou sua carreira de atriz nas telonas com o curta Hosana nas Alturas, de Eduardo Varandas. Depois atuou em Sol Alegria, de Tavinho TeixeiraO Seu Amor de Volta (Mesmo que Ele Não Queira), de Bertrand LiraBacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles; e Batom Vermelho Sangue, de R.B. Lima.

 

Já na Mostra Competitiva Primeiros Passos, dedicada a cineastas em seu primeiro trabalho, o documentário paraibano Pega de Boi no Sertão, de Miguel Salvador, levou dois prêmiosmelhor trilha sonora e melhor fotografia. No cenário da caatinga brava, entre espinhos e galhos secos, castigado pelo sol escaldante do sertão nordestino, dois bravos vaqueiros com suas vestimentas de couro curtido (chapéu, gibão, pederneira, luva e guarda peito) partem a cavalo em busca da novilha desgarrada; o objetivo é alcançar e capturar o animal a tempo de trazer um cordão que envolve o seu pescoço. Enfrentando a jurema preta, o xique xique e o facheiro, muitas vezes o vaqueiro sai com sequelas, rasgões pelo rosto, com sangue escorrendo, que servem como comprovantes da vida de gado. A pega de boi, esse acontecimento cultural típico do nordeste brasileiro, se mantém viva até os dias de hoje. Protagonistas como Raimundo Jacó (assassinado em uma pega de boi), eternizado pela voz de Luiz Gonzaga, na música A Morte do Vaqueiro, e nos dias de hoje, o boi Salgadinho, que há a 37 corridas está invicto, ajudam a manter essa cultura de pé.

Ao todo, o cinema paraibano levou vinte prêmios no Curta Taquary 2021. Outros títulos exibidos nesta edição foram: Não Moro Mais em Mim, de Bruna Guido e Vitor Celso (Mostra Diversidade); e A Pontualidade dos Tubarões, de Raysa Prado (Sessão Especial, fora de competição).

Neste ano, a grande homenageada foi Graciela Guarani. Pertencente à nação Guarani Kaiowá, ela é produtora cultural, comunicadora, cineasta, curadora de cinema e formadora em audiovisual. Atualmente, é uma das mulheres indígenas pioneiras em produções originais audiovisuais no cenário brasileiro.

Além disso, a programação deste ano apresentou produções voltadas para as temáticas sociopolíticas e educativas ambientais, de gêneroétnico-raciais e inclusivas para toda e qualquer pessoa, que possam contribuir para o desenvolvimento do senso crítico do público e apontem soluções para a construção de uma sociedade mais justa e em equilíbrio com todos os seres vivos e natureza.

O projeto desta edição foi contemplado pelo Edital de Festivais LAB PE da Lei Aldir Blanc e teve como objetivo utilizar o audiovisual como ferramenta no processo de aprendizagem de estudantes de escolas públicas e ser uma janela de difusão e promoção do panorama atual de curtas metragens produzidos em todo Brasil e América Latina. A Lei Aldir Blanc, que tem como finalidade atender ao setor cultural brasileiro durante a pandemia de Covid-19, foi peça fundamental para a realização da 14ª edição do Curta Taquary.

Confira a lista completa com todos os premiados: https://curtataquary.com.br/premiacao-14o-curta-taquary/

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