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Mortes: Zé dos Montes, o homem que construiu um castelo no RN

Por Folha de São Paulo     Sábado, 11 de Julho de 2020


Um castelo com traços da arquitetura islâmica, que começou a ser erguido há 36 anos na Serra da Tapuia, no agreste do Rio Grande do Norte, era a sua principal missão de vida.

Não conseguiu concluir. Com 150 torres de tamanhos variados, 13 labirintos e quatro andares, a obra inacabada foi construída sem planta arquitetônica ou qualquer tipo de planejamento técnico.

Sargento aposentado do Exército, gostava de dizer, sempre com elementos míticos e religiosos, que tudo tinha saído de sua imaginação.

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Castelo erguido pelo sargento aposentado do Exército, Zé dos Montes em Sítio Novo (RN) - 15.mai.2019 - Zanone Fraissat/Folhapress

Costumava contar que, aos oito anos, no momento em que estava pegando lenha no mato, no município de Pedro Avelino, no Rio Grande do Norte, teve uma visão. Uma mulher havia aparecido na sua frente e dito que ele tinha que construir uma capela.

Desde então, relatava que a mesma imagem aparecia por várias vezes, sempre no dia 13 de cada mês.
Por isso, antes de erguer a obra definitiva em Sítio Novo, no Rio Grande do Norte, tentou levantar as torres em outros 13 locais.

Em 1984, após algumas tentativas frustradas, começou a construção sozinho. Tijolo a tijolo. Com o dinheiro que juntava da aposentadoria, comprava pedras e cimento na região.

As torres ocupam 90% de uma rocha de 30 metros de altura. A construção está 400 metros acima do nível do mar.

 

Morou no local, que não tem energia elétrica e nem água encanada, por uma década. Sempre relutou em transformar o lugar em ponto turístico da região. Há oito anos, havia sido convencido. O castelo finalmente foi aberto para visitação.

Aos 65 anos, já com grande parte da obra erguida, viajou para Europa. Visitou Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Alemanha para comprovar a qualidade do seu empreendimento.

Depois de sofrer dois acidentes vasculares cerebrais, Zé dos Montes, como era mais conhecido, vivia dentro de um quarto, na casa do filho, no município de Sítio Novo, distante poucos quilômetros da construção.

A última vez que esteve lá foi em fevereiro de 2019. Com dificuldades de locomoção, não conseguiu nem descer do carro. Da janela, apenas contemplou a construção por alguns minutos e foi embora.

Ele ainda esperava em vida olhar o revestimento da parte de cima dos labirintos pronto para que as pessoas pudessem caminhar pelo teto. Também pretendia construir uma ponte que ligaria a construção a uma pedra grande situada na lateral.

Nesta segunda-feira (6), teve um infarto. Foi levado ao hospital, mas não resistiu. Deixa um filho e dois netos.

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